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Kuczynski: o ‘gringo’ flautista que quer encantar o Peru

Pedro Pablo Kuczynski, em Lima, no dia 9 de junho de 2016 afp_tickers

“Dizem que estou velho, mas o coco (cabeça) e a experiência funcionam”. Aos 77 anos, Pedro Pablo Kuczynski, um ex-banqueiro bem sucedido de Wall Street, afirma que poderia estar passeando de moto, mas prefere usar seus conhecimentos como presidente do futuro Peru.

Ganhador das eleições com uma margem mínima de pouco mais de 40.000 votos no segundo turno presidencial contra Keiko Fujimori, este economista oferece seus conhecimentos e sua seriedade em um momento em que a população pede mão firme para reativar a economia e frear uma onda crescente de insegurança.

Nascido em Lima em 1938, ‘o gringo’, como é chamado por seu forte sotaque anglo-saxão, trabalhou duro para tentar superar a imagem de alguém afastado dos mais pobres e buscar uma aproximação com os Andes.

O popular “PPK”, em alusão às suas iniciais, contou com a ajuda de um animal de estimação – o tradicional cuy andino, similar ao porquinho da índia, a quem seus seguidores denominam de PPKuy.

Ele recebeu o apoio da maioria dos candidatos que ficaram de fora do segundo turno e que temiam o retorno de um governo autocrata como o comandado pelo ex-presidente Alberto Fujimori, pai de sua adversária, e que desde 2009 cumpre pena de 25 anos de prisão por crimes de corrupção e contra a humanidade.

Filho de pai alemão e mãe franco-suíça, ele é primo do diretor de cinema Jean-Luc Godard e sua vida foi cinematográfica: nasceu no Peru e acompanhou seu pai, médico, em trabalhos sociais nas florestas do país, mas foi educado em Reino Unido, Suíça e Estados Unidos.

Sua esposa Nancy, americana, é prima da atriz Jessica Lange.

Em 2011 esteve próximo de passar ao segundo turno e desta vez conseguiu, novamente com o partido Peruanos Por el Kambio, que carrega suas iniciais.

“Com meu pai aprendi muitas coisas, entre elas a igualdade”, disse o filho do médico que fugiu da Alemanha nazista na Segunda Guerra mundial e viajou pelo Peru fazendo trabalho social.

Adeus ao ‘gringo’

Ele precisou renunciar à cidadania americana em meio ao receio de seus compatriotas, que temiam que isto pudesse servir para que ele fugisse da Justiça, como fez o peruano-japonês Alberto Fujimori, que se refugiu no Japão, em meio a um escândalo de corrupção no ano 2000.

PKK integrou diretórios de várias empresas e seus críticos expressaram temores de que defenda na Presidência interesses particulares.

“São besteiras”, adverte. “Minhas mãos estão limpas”, afirmou.

PPK foi ministro de Minas e Energia no segundo governo de Fernando Belaúnde nos anos 1980 e depois da Economia e primeiro-ministro na gestão de Alejandro Toledo (2001-2006), período caracterizado por um avanço dos resultados econômicos do país.

Favorável ao livre mercado, planeja reduzir impostos para reativar uma economia exportadora tradicional e criar três milhões de empregos, com investimentos públicos e privados.

“Eu não sou político, sou um economista que quer fazer algo por seu país”, declarou o também concertista de flauta transversa do Royal College of Music, que trocou a música clássica pela música andina. Agora só o tempo dirá se no governo sua melodia encantará o público.

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