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Lançada oficialmente a nova Guarda Civil do México

O presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, durante cerimônia de lançamento da Guarda Nacional no campo de Marte, Cidade do México, 30 de junho de 2019 afp_tickers

A Guarda Nacional do México celebrou neste domingo (30) uma cerimônia que marca o início oficial de mobilização de seus 70.000 agentes para combater os crescentes índices de violência, uma iniciativa que seus detratores denunciam como uma militarização do país.

O novo corpo armado do México vai operar a princípio em 150 regiões.

“Pouco a pouco vai crescer porque vamos cobrir 265 regiões com 150.000 elementos”, disse diante das tropas o presidente Andrés Manuel López Obrador, durante ato celebrado em uma área militar na Cidade do México.

A Guarda Nacional é uma corporação “histórica, a maior já criada em território mexicano”, disse seu comandante, o general Luis Rodríguez, ao assegurar que vai incorporar os conhecimentos dos policiais que também a compõem.

“Militar e civil se dão a mão, aportando cada um seus valores e experiências”, disse.

Principalmente formada por militares, a Guarda Nacional é uma iniciativa estratégica do esquerdista López Obrador para conter a violência, que atinge níveis recordes com 33.341 homicídios em 2018, a cifra mais alta desde que o registro foi iniciado, em 1997.

O México lançou no final de 2006 uma polêmica e intensa ofensiva militar para enfrentar o crime organizado, desatando uma onda de violência com enfrentamentos frequentes entre cartéis antagônicos e contra as forças armadas, enquanto surgiam numerosas denúncias de abuso de força e desaparecimentos forçados de parte do Exército e da polícia federal.

Desde então, mais de 250.000 pessoas foram assassinadas, segundo dados oficiais, que não detalham quantas destas vítimas estão vinculadas ao crime organizado. Além disso, mais de 40.000 pessoas estão desaparecidas.

López Obrador foi por muitos anos um duro crítico dessa estratégia e prometeu que os soldados voltariam aos quartéis, mas desde que assumiu a Presidência, em dezembro, manteve a mobilização militar e impôs uma reforma constitucional para criar uma Guarda Nacional com um marco legal para agir.

Para seus críticos, trata-se de uma continuação da antiga estratégia, pois o novo corpo tem um comando militar e não está devidamente formado para tarefas civis.

– “Emergência nacional” –

“A crise de segurança é, sem dúvida alguma, o desafio mais importante que o governo enfrenta (…) Basta dizer que as novas gerações não sabem o que é a paz”, disse Alfonso Durazo, secretário de Segurança, para quem a violência tomou proporções de “emergência nacional”, devido à corrupção das instituições e à impunidade.

Embora a cerimônia de lançamento da Guarda Nacional tenha ocorrido neste domingo, suas tropas foram mobilizadas desde maio para zonas vermelhas como Michoacán, Jalisco (oeste), Guanajuato, Morelos, Estado do México, Cidade do México (centro), Veracruz (leste) e Guerrero (sul).

E há uma semana, sob pressão de Washington, mais de 21.000 elementos da Guarda Nacional foram destacados para a fronteira sul com a Guatemala e para a norte com os Estados Unidos para conter os milhares de migrantes que vão atrás do sonho americano.

A ingerência na migração da Guarda Nacional causou indignação e críticas, pois muitos de seus agentes militares só receberam a insígnia “GN”, sem terem recebido a preparação que legalmente devem ter em temas civis ou migratórios.

Recentemente, uma fotógrafa da AFP registrou o momento em que duas mulheres e uma menina nicaraguenses foram detidas à força por membros fortemente armados da Guarda Nacional enquanto tentavam cruzar o rio Bravo.

O secretário da Defesa, Luis Cresencio Sandoval, assegurou que a Guarda Nacional recebeu “capacitação em função policial” e que sua missão será “atender a segurança pública”, “respeitando os direitos humanos” e fazendo uso “razoável e proporcional da força”.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

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