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Lenín Moreno, o rosto conciliador do correísmo no Equador

Lenin Moreno em 2 de abril de 2017 em Quito afp_tickers

Lenín Boltaire Moreno, o paladino das causas sociais, vai suceder o temperamental Rafael Correa na presidência do Equador depois de ter vencido o segundo turno nas eleições de domingo, o que garante a continuidade do regime socialista no país.

Moreno, de 64 anos, vice-presidente entre 2007 e 2013 e paraplégico há quase duas décadas, afastou-se do temperamento de seu antecessor tratando há anos com setores como a imprensa e a classe empresarial, e assegurou que “é necessário outro estilo de governo, um estilo do diálogo, o estilo da mão estendida”.

Formado em Administração Pública com estudos em Medicina e Psicologia, Lenín nasceu em 19 de março de 1953, em Nuevo Rocafuerte, uma localidade remota na fronteira com o Peru.

Um erro em sua certidão de nascimento fez com que seu segundo nome fosse Boltaire, invés de Voltaire. Segundo ele, seus pais, que eram professores, tinham tendências bem definidas: o pai era socialista, por isso o nome Lenín, e a mãe tinha ideias liberais, daí Voltaire.

Moreno perdeu o movimento das pernas ao ser baleado durante um assalto em 1998. Em função disso, escreveu vários livros motivacionais.

“O humor é bom para a saúde, não é algo que os médicos receitem”, declarou ao recordar que passou quatro anos prostrado em uma cama.

Sua dedicação a programas sociais para pessoas com deficiências físicas enquanto vice-presidente lhe valeu a indicação ao Prêmio Nobel da Paz de 2012 e, desde 2014, é o enviado especial do secretário-geral da ONU para Deficiência e Acessibilidade, cargo ao qual renunciou no ano passado para disputar a presidência.

– Socialista conservador –

Moreno é muito exigente no trabalho e sempre foi taxativo quanto à manutenção do chamado “Socialismo do Século XXI”, que fez com que Correa modernizasse o país graças à renda petroleira.

Herdeiro de um país endividado, com desemprego crescente e custo de vida elevado devido à queda do preço do petróleo, o novo presidente precisará muito de seu estilo conciliador para recuperar a confiança da classe média e dos empresários.

O analista Simón Pachano o descreveu à AFP como um político “à esquerda em termos econômicos, mas conservador em relação a valores”, enquanto que seu colega Franklin Ramírez afirmou que no início da campanha apresentou-se como um “descorreísta”.

No encerramento da campanha, se comprometeu a fazer “uma cirurgia maior contra os corruptos deste governo”, manter e ampliar os programas sociais para as camadas mais populares – a base de seu voto-, incentivar o empreendimento mediante créditos e reduzir impostos para recuperar a capacidade de consumo dos equatorianos.

É partidário de governar junto a políticos mesmo de fora do movimento governista Aliança País, liderado por Correa.

“É uma pessoa muito mediadora, não gosta de conflitos”, comentou Xavier Torres, presidente do Conselho Nacional de Deficientes Físicos.

É casado há 40 anos e, em março passado, virou avó. A segunda de suas tem três filhas teve trigêmeos.

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