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Leopoldo López: consulta de Guaidó está sendo preparada ‘casa por casa’

O opositor venezuelano, Leopoldo López, participa de conferência em Madri em 27 de outubro de 2020 afp_tickers

O opositor venezuelano Leopoldo López, exilado na Espanha, afirmou nesta sexta-feira (13) que a equipe de Juan Guaidó está preparando “casa por casa” sua consulta referente às eleições parlamentares de 6 de dezembro, denunciadas pela oposição como uma “fraude” do chavismo.

Guaidó, reconhecido como presidente encarregado da Venezuela por mais de 50 países, prepara essa consulta simbólica, prevista entre 5 e 12 de dezembro, para descredibilizar as eleições parlamentares convocadas pelo governo de Nicolás Maduro.

Os principais partidos opositores anunciaram que pretendem boicotar essas eleições. Isso parece deixar o caminho livre para o governante Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) que, se conquistar a Assembleia Nacional, tomaria o único órgão de poder que foge ao seu controle até o momento.

Em uma teleconferência organizada pelo fórum espanhol Nova Economia Fórum, López afirmou que a consulta organizada por Guaidó, atual presidente da Assembleia Nacional, “é um exercício político de mobilização” contra a “fraude de 6 de dezembro”.

O outro objetivo, acrescentou, é “abordar o protesto [contra essas eleições] unitariamente” e trabalhar em prol de eleições presidenciais e parlamentares “livres, justas e verificáveis”, com as quais “começaremos a curar nossas feridas”.

López, exilado em Madri desde outubro após sair clandestinamente da Venezuela, reconheceu que a consulta representa “um grande desafio logístico”. Em primeiro lugar, porque o país está “paralisado pela pandemia”, além de sofrer uma profunda crise econômica e humanitária.

“Está sendo feita corpo a corpo, casa por casa”, com “o objetivo de nunca perder a esperança”, acrescentou o opositor, mentor de Guaidó no partido Vontade Popular, sobre os preparativos da consulta.

O cálculo de Guaidó é que se as eleições legislativas de 6 de dezembro não forem válidas, o Parlamento eleito em 2015 e de maioria opositora continuaria em vigor quando concluir oficialmente seu mandato em 5 de janeiro de 2021.

Este cenário parece muito incerto, embora Leopoldo López afirme que “Juan Guaidó é o líder deste processo” e espera que seu colega continue contando com o apoio dos países que agora o reconhecem como presidente encarregado.

Na teleconferência, o Nobel peruano de Literatura Mario Vargas Llosa mostrou-se cético em relação à consulta, porque segundo ele “a repressão é exercida sistematicamente” e a oposição “terá poucas chances de se expressar com verdadeira liberdade”.

O ex-presidente do governo espanhol Felipe González acrescentou, por sua vez, que qualquer contato futuro entre a oposição e “a tirania” de Nicolás Maduro deve ter objetivos de “democratização” e destacou que “o objetivo é que haja eleições livres para a Presidência”.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

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