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México supera 200.000 mortes por covid-19

Mulher recebe vacina contra covid-19 da aliança Pfizer-BioNTech, no Centro de Exposições e Congressos da Universidade Nacional Autônoma do México, na Cidade do México, em 24 de março de 2021 afp_tickers

O México superou as 200.000 mortes por covid-19, apesar de completar nove semanas com números decrescentes, uma tendência que, entretanto, não afasta o medo de uma nova onda de infecções.

“São 200.211 pessoas que lamentavelmente faleceram por causa de complicações da doença”, anunciou na quinta-feira à noite José Luis Alomía, diretor de epidemiologia da secretaria de Saúde.

Nas últimas 24 horas foram registradas 584 mortes.

Com 126 milhões de habitantes, o México é o terceiro país mais afetado pela doença, depois de Estados Unidos e Brasil.

A taxa de mortalidade do México é 17 por 100.000 pessoas. As infecções ultrapassam 2,2 milhões.

Longe ficaram as previsões do governo do presidente Andrés Manuel López Obrador, que passou de uma estimativa inicial de 8.000 mortes para 35.000 e depois para 60.000 em um cenário “catastrófico”.

“Imaginei que seria pior do que estavam supondo (…), mas foi muito mais letal”, comentou à AFP Alejandro Macías, epidemiologista que em 2009 dirigiu a estratégia contra o vírus H1N1.

Segundo as autoridades, o México acumula nove semanas com curva descendente, depois do pesadelo vivido em janeiro, quando recordes de óbitos e infecções foram quebrados e os hospitais, principalmente na capital e sua região metropolitana, colapsaram.

“Estamos numa relativa calma (…), nos hospitais há mais leitos disponíveis, há oxigênio porque já não tem aquelas reuniões e festas” de fim de ano, explica Macías.

Relutante em fazer novas previsões, Hugo López-Gatell, porta-voz da estratégia contra o coronavírus, alerta para o risco de uma nova onda de infecções quando milhões de mexicanos se preparam para a Páscoa.

“Não há certeza, nem no México, nem no mundo, de que uma curva epidêmica cairá progressivamente”, diz o responsável.

Macías também não descarta um novo aumento após o feriado, embora as cerimônias religiosas sejam restritas. Também levanta a possibilidade de que parte da população mexicana tenha desenvolvido alguma imunidade.

“O mundo está em uma terceira onda. Talvez poucos países tenham tido a intensidade que o México teve na segunda, (então) o vírus teria menos pessoas para infectar”, afirma.

– Vacinas a conta-gotas –

López Obrador, que teve covid-19 no início de fevereiro, enfrenta críticas pelo que alguns consideram medidas relaxadas contra a pandemia e por minimizar a eficácia da máscara.

O presidente de esquerda alega que nada é imposto pela força em seu governo e afirma que o México foi um dos primeiros países da América Latina a iniciar a campanha de vacinação, no dia 24 de dezembro, com os médicos na linha de frente do combate à epidemia.

Seu governo investiu cerca de US$ 3,6 bilhões na luta contra o coronavírus.

“Já vamos para baixo da segunda onda, então temos que aproveitar para vacinar para que se vier uma terceira, já nos pegue protegidos”, comentou dias atrás o presidente, que mantém altos índices de popularidade.

Mas em meio à corrida global por vacinas, estas chegam a conta-gotas. Os profissionais da saúde ainda precisa ser vacinado e a meta de imunizar os idosos antes de maio parece distante. Em três meses, o México recebeu quase 10,7 milhões de doses, das quais foram aplicadas 6,2 milhões.

“Para que haja uma verdadeira vacinação em massa, precisamos de dez milhões de vacinas mensais, como foi estabelecido no início. O programa de vacinação está descarrilado”, enfatiza Macías.

Enquanto isso, a economia, que teve queda histórica de 8,5% em 2020 por conta da pandemia, parece se recuperar.

Este mês, o Banco Central revisou para cima sua estimativa de crescimento para 2021, passando de 3,3% para 4,8%.

Apesar da intensidade da segunda onda, as autoridades evitaram uma paralisação quase total como a decretada há um ano. Embora com restrições, muitos setores da economia estão ativos.

“Com mais da metade dos mexicanos no setor informal, é difícil dizer a eles ‘não saiam’, as pessoas precisam de dinheiro para viver. Mas não devemos baixar a guarda”, diz Macías.

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