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Maduro defende sua legitimidade, e chancelaria critica EUA

Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, em 31 de dezembro de 2018 em Caracas afp_tickers

O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, defendeu sua legitimidade neste domingo (6), depois que o Parlamento, controlado pela oposição, declarou que seria um “usurpador” quando assumir um novo mandato na quinta-feira.

“A Revolução Bolivariana chegou ao poder através de meios democráticos há 20 anos e foi ratificada com 23 vitórias eleitorais. A legitimidade nos foi dada pelo povo com o seu voto, aqueles que tentam dobrar a nossa vontade, não se enganem. A Venezuela será respeitada!”, escreveu Maduro no Twitter.

O governante socialista publicou a mensagem com uma foto dele na frente de uma multidão de apoiadores.

Vestido com uniforme de beisebol, Maduro reapareceu ontem jogando com seus ministros e o alto comando militar – considerado o principal apoio do governo -, em um estádio do Forte Tiuna, a maior instalação da corporação em Caracas.

“É uma Assembleia Nacional completamente inútil (…), que pretende mais uma vez fazer um show de destituição do presidente legítimo, usurpando a soberania popular”, declarou Maduro antes da partida, transmitida pela televisão pública.

Depois de tomar posse neste sábado, o presidente do Legislativo, o deputado da oposição Juan Guaidó declarou Maduro um “usurpador” e prometeu criar condições para um “governo de transição” para convocar eleições.

Para isso, o deputado pediu o apoio das Forças Armadas, embora tenha considerado a cadeia de comando “rompida” por se aliar ao presidente.

“O tal Guaidó é um fantoche, um agente dos gringos”, rebateu Maduro, no parque Hugo Chávez.

Em um comunicado divulgado no domingo (6), o Ministério das Relações Exteriores acusou porta-vozes do governo de Donald Trump de desencadear “ações hostis” contra o presidente após o endosso de Washington ao Parlamento.

“A Venezuela mais uma vez denuncia à comunidade internacional a tentativa do governo dos Estados Unidos de consumar um golpe (…) promovendo o não reconhecimento de instituições legítimas e democráticas”, afirma o documento.

“Não satisfeito com pretender outorgar validade seletiva às instituições do Poder Público venezuelano, (Washington) também recorre à tutela de governos subordinados da região e lhes dita ordens para aprofundar seu cerco e bloqueio”, criticou a Chancelaria.

No sábado, o porta-voz do Departamento de Estado americano, Robert Palladino, manifestou seu “apoio à Assembleia Nacional”, ao defini-la como “a única instituição legítima” na Venezuela.

– Reação ao Grupo de Lima

Com o apoio dos Estados Unidos, o Grupo de Lima pediu a Maduro, na sexta-feira, que não tome posse e transfira o poder para o Parlamento até a realização de “eleições democráticas”.

O governo de esquerda do México foi o único membro do bloco que se distanciou dessa declaração, assinada pelo Canadá e por outros 12 países latino-americanos.

Maduro foi reeleito em 20 de maio. As eleições foram boicotadas pelos principais partidos de oposição, que apontaram fraude no processo, e não forma reconhecidas pelos Estados Unidos e pela União Europeia (UE).

O presidente rejeitou que o Grupo de Lima tenha incluído em sua declaração uma condenação a “qualquer provocação, ou mobilização militar” da Venezuela que “ameace a paz da região”, após um incidente com a Guiana pela interceptação de navios da transnacional americana ExxonMobil em uma zona marítima, cuja soberania é reivindicada por ambos os países.

Maduro também criticou o Parlamento.

“Que não se metam comigo. Eu vou saber me defender (…), mas que a Assembleia Nacional tenha entregue o mar territorial venezuelano para a Guiana não tem nome (…) Ou, sim, tem: traição à pátria”, afirmou.

Pelo Twitter, o presidente já havia enviado uma mensagem para seus adversários: “a Revolução Bolivariana chegou ao poder pela via democrática há 20 anos e se confirmou com 23 vitórias eleitorais. A legitimidade nos foi dada pelo povo com seu voto. Aqueles que pretendem dobrar nossa vontade, não se enganem”.

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