Perspectivas suíças em 10 idiomas

Messi: a hora da consagração

Messi comemora a vitória argentina nas semifinais, em São Paulo afp_tickers

Desde já considerado um dos melhores jogadores de todos os tempos, o craque argentino Lionel Messi pode entrar de vez para a História neste domingo, se conseguir levar a Argentina ao tricampeonato mundial no Maracanã, mas, para isso, precisa superar a poderosa seleção alemã.

Aos 27 anos, ‘La Pulga’ já abocanhou todos os títulos possíveis com o Barcelona (3 Ligas dos Campeões, 2 Mundiais de Clubes, 2 Supercopas da Europa, 6 Campeonatos Espanhóis, 2 Copas do Rei) e foi o único jogador da história a ganhar quatros vezes o prêmio de melhor do mundo, a Bola de Ouro (de 2009 a 2012).

Mais ainda falta levantar um grande troféu com a seleção argentina para que o messias possa chegar ao patamar do Deus Diego Maradona no coração dos ‘Hermanos’.

‘Dieguito’ foi o grande nome do bi da Alviceleste, em 1986, no México. Suas atuações foram tão espetaculares que muitos dizem que ele conquistou aquele Mundial praticamente sozinho. Seus dois gols nas quartas de final, contra a Inglaterra, foram inesquecíveis. No primeiro, usou toda sua malandragem ao marcar de mão o gol mais polêmico da história das Copas. Em seguida, driblou meio time inglês em um dos lances inesquecíveis da história do futebol.

Herói discreto

No Brasil, o craque do Barça não chegou a ter atuações de encher os olhos, mas sempre apareceu nos momentos decisivos, marcando a metade dos gols da equipe (4 de 8), todos na primeira fase.

Contra o Irã, evitou um incômodo 0 a 0 ao anotar um golaço nos acréscimos. A Argentina não venceu uma partida sequer por mais de um gol de diferença, mas contou com seu craque para desequilibrar, mesmo quando não balançou as redes.

Nas oitavas de final, o camisa 10 se livrou da marcação de quatro suíços para iniciar a jogada do gol da classificação, a dois minutos do fim da prorrogação.

O craque teve atuações mais discretas nas suas partidas seguintes (perdeu um gol feito contra a Bélgica nas quartas), mas é a grande esperança da Argentina contra a força coletiva da Alemanha.

Por ser um homem do povo e pela irreverência, Maradona virou ídolo tanto pelo seu talento excepcional quanto pelo seu destino ao mesmo heroico e trágico, sendo comparado a outros ícones do país, como Che Guevara, Carlos Gardel, Eva Peron ou Carlos Monzon.

Já Messi saiu do país com apenas 13 anos para integrar as categorias de base do Barça e seu caráter tímido o impedia de ganhar o status de grande ídolo nacional.

‘Tapete vermelho’

Por mais que Messi não seja um líder carismático, o técnico Alejandro Sabella resolveu lhe dar a braçadeira de capitão e decidiu montar o esquema de jogo em torno dele, como Carlos Bilardo fez em 1986 com Maradona.

Depois de duas Copas apagadas (foi reserva em 2006 e não marcou um gol sequer em 2010), Messi enfim começou a brilhar com a camisa ‘alviceleste’ com a chegada de Sabella.

Nas eliminatórias, marcou dez gols em 18 partidas e foi o grande responsável por levar a Argentina a se classificar com tranquilidade, em primeiro lugar.

Na Copa, todos pensavam que ele teria o apoio dos companheiros de ataque para formar um ‘quarteto fantástico’ mas Higuaín começou muito mal (acordou nas quartas de final, ao marcar um golaço na vitória por 1 a 0 sobre a Bélgica), enquanto Di María e Aguero tiveram problemas físicos.

Mesmo não sendo que o “capitão moral” da equipe, Javier Mascherano, Messi tem cada vez mais voz ativa. Neste Mundial, ele não hesitou em criticar algumas opções táticas do treinador.

“Estou muito orgulhoso desta equipe. São todos fenomenais. Isto aqui é uma loucura, vamos aproveitar. Só falta um pequeno degrau para subir”, comemorou ‘La Pulga’ depois da classificação dramática para a final, com uma vitória nos pênaltis sobre a Holanda, depois do empate sem gols no tempo normal e na prorrogação.

O próprio Maradona tem relação de amor e ódio com Messi. Depois da semifinal, ele alfinetou o jogador do Barça ao afirmar que a Argentina era “Mascherano mais dez”.

Mais tarde, porém, ‘Dieguito’, usou outro tom no seu programa TV Zurda. “Se Messi for superior a Maradona no domingo, eu mesmo vou estender o tapete vermelho para ele”.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR