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Ministros equatorianos renunciam por crise na fronteira com a Colômbia

Os ministros equatorianos do Interior, César Navas (D), e da Defesa, Patricio Zambrano, durante coletiva de imprensa em Quito, em 17 de abril de 2018 afp_tickers

Dois ministros da área da Segurança do Equador renunciaram nesta sexta-feira (27) devido à falta de resultados na caçada aos grupos armados que estão por trás da inusitada violência na fronteira com a Colômbia.

O presidente Lenín Moreno “aceitou a renúncia” dos ministros do Interior, César Navas, e da Defesa, Patricio Zambrano, segundo o porta-voz oficial Andrés Michelena.

Depois, o Executivo informou ter indicado para a pasta do Interior Lino Toscanini, ex-reitor da Universidade Católica de Guayaquil (sudoeste) e especialista em Economia e Comércio, e o general da reserva Oswaldo Jarrín para a Defesa, que já comandou em 2005 e 2006.

Navas e Zambrano demitiram-se após o vencimento do prazo dado ao presidente para encontrar o principal responsável pela onda de violência que sacode a região da fronteira e que deixou sete mortos desde janeiro.

“Os ministros encarregados deste processo têm um prazo de 10 dias” para consegui-lo, disse Moreno em meados do mês.

As autoridades do Equador e da Colômbia acusam rebeldes dissidentes da já dissolvida guerrilha das Farc como responsáveis dos atentados e sequestros na fronteira onde opera o tráfico de drogas.

Além dos sete mortos, militares e jornalistas, a violência no local deixou dezenas de feridos e dois civis sequestrados.

– Atrás de Guacho –

A violência começou em 27 de janeiro com a explosão de um carro-bomba em frente a um quartel da polícia na cidade costeira de San Lorenzo, ao norte, e fronteiriço com o conturbado departamento (província) de Nariño.

Sob o comando de Walter Artízala, conhecido como Guacho, o grupo dissidente sequestrou um jornalista, um fotógrafo e o motorista do jornal El Comercio de Quito, que viajaram para a fronteira para cobrir a explosão de violência inédita.

Os três foram assassinados após seu sequestro, em 27 de março. Os corpos ainda não foram entregues, apesar da intermediação do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV).

Após a confirmação do crime, Equador e Colômbia lançaram uma caçada contra a frente Oliver Sinisterra, dirigida por Guacho.

Junto com centenas de homens, o ex-guerrilheiro se afastou do processo de paz que resultou no desarmamento de 7.000 combatentes e na transformação das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia em partido político.

Sem um comando unificado, as dissidências estão envolvidas no tráfico de cocaína e na mineração ilegal, segundo informes da Inteligência.

Estima-se oficialmente que estes grupos já contem com 1.200 membros.

A organização comandada por Guacho opera como braço armado do cartel mexicano de Sinaloa e está vinculado ao tráfico de drogas para os Estados Unidos, através do Pacífico.

Os governos, que oferecem uma recompensa de 230.000 dólares por informação que leve à captura deste ex-guerrilheiro, mobilizaram 20.000 militares dos dois lados da fronteira marcada com uma densa floresta, com o objetivo de desarticular os bandos armados do narcotráfico.

As operações militares e policiais conseguiram capturar vários indivíduos, embora não tenham encontrado o paradeiro de Guacho.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

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