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Muito ataques de ‘lobos solitários’ são dirigidos à distância

Cada vez mais incapaz de lançar ataques de grande impacto planejados centralmente, o grupo Estado Islâmico (EI) agora depende de "empreendedores virtuais" que trabalham independentemente da liderança jihadista para cultivar pequenos ataques de "lobos solitários", dizem pesquisadores afp_tickers

Cada vez mais incapaz de lançar ataques de grande impacto planejados centralmente, o grupo Estado Islâmico (EI) agora depende de “empreendedores virtuais” que trabalham independentemente da liderança jihadista para cultivar pequenos ataques de “lobos solitários”, dizem pesquisadores.

De acordo com pesquisadores do Programa sobre Extremismo da Universidade George Washington, as evidências mostram que muitos dos chamados lobos solitários são, na realidade, encorajados e orientados por operadores do EI a realizar ataques pelos quais o grupo depois reivindica a autoria.

“Estes são indivíduos que se apropriam e encontram maneiras inovadoras de espalhar a ideologia jihadista e de incentivar ataques”, disse Alexander Meleagrou-Hitchens, coautor do estudo.

O que é novo, disse à AFP, é que esses indivíduos, às vezes também descritos como “treinadores virtuais”, parecem estar desenvolvendo planos de ataque sem direção ou supervisão de líderes do EI, usando mídias sociais e mensagens criptografadas.

“Temos a impressão de que eles são deixados, em grande parte, por conta própria. Eles estão usando sua própria inovação para encontrar novas formas de atrair as pessoas e incentivá-las a atacar, e também para encontrar novas maneiras para as pessoas atacarem o Ocidente”, disse.

O estudo, publicado na revista contraterrorista CTC Sentinel da Academia Militar americana, observa que nos Estados Unidos pelo menos oito planos de ataques a partir de 2014 envolveram pessoas que foram orientadas por esses empreendedores do EI.

Os pesquisadores analisaram evidências usadas pelo governo dos Estados Unidos para preparar casos legais contra possíveis terroristas, assim como informações de ataques reais, para mostrar um padrão no qual o EI dá a alguns de seus membros a liberdade de desenvolver seus próprios planos.

As conclusões iniciais sobre um plano, em maio de 2015, de três homens de atacar uma exposição de fotos do profeta Maomé em Garland, no Texas, foi que ele foi totalmente incubado dentro do país e meramente inspirado pelo EI.

Mas informações posteriores mostraram que uma seguidora do EI baseada na Síria, Junaid Hussain, havia dado instruções aos homens, incluindo a escolha do alvo, observou o estudo.

Aconteceu a mesma coisa com outro suposto lobo solitário, Emanuel Lutchman, preso por planejar um ataque no Ano Novo em Nova York no final de 2015.

Lutchman tinha, na verdade, sido orientado pelo operador do EI Abu Saad al-Sudani, que escolheu o alvo e o persuadiu a fazer um vídeo prometendo fidelidade ao grupo extremista antes do ataque.

O estudo disse que cerca de uma dúzia de empreendedores virtuais trabalharam em Raqa, na Síria, nos últimos anos, de maneira sistemática para chegar às pessoas nos Estados Unidos que eles achavam que podiam ser simpáticas à causa jihadista.

Eles treinam alvos, e muitas vezes trabalham para convencer as pessoas que querem aderir ao EI no Oriente Médio a, em vez disso, ficar nos Estados Unidos e projetar um ataque lá.

Seu papel se tornou mais importante em um momento em que é cada vez mais difícil para o EI dirigir grandes conspirações contra o Ocidente e em que o grupo se viu sob ataques militares em sua base na Síria e no Iraque.

“À medida que as coisas começaram a ficar mais difíceis para eles, eles se concentraram em manter pelo menos algum tipo de presença no Ocidente por meio desses ataques de nível inferior”, disse Meleagrou-Hitchens.

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