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Na ISS, experiências que preparam missões espaciais ainda mais distantes

Vista da Terra da ISS afp_tickers

Detectar radiação nociva, pilotar um rover à distância ou treinar seus corpos: os astronautas da Estação Espacial Internacional (ISS) realizam experiências para preparar missões futuras ainda mais distantes, como à Lua e, um dia, a Marte.

“Trata-se de tecnologias para a exploração espacial”, explica Rémi Canton, chefe da Cadmos, divisão especializada do Centro Nacional de Estudos Espaciais (CNES) da França, a cargo de doze novos testes.

E é que, seja para passar alguns dias na Lua ou um dia no planeta vermelho, os desafios são imensos.

– Evitar doses letais –

O principal desafio consiste em se proteger do fluxo de partículas das tempestades solares e dos raios cósmicos galácticos, que são especialmente prejudiciais à saúde e aos equipamentos dos astronautas.

Na Terra, e em menor extensão na ISS, os humanos são protegidos pelo “escudo” do campo magnético terrestre. Mas no espaço estão expostos à radiação, isto é, a fluxos de partículas altamente energéticas.

“É um problema muito importante para a exploração espacial”, diz Canton. Neste tipo de missão será necessário “evitar receber uma dose letal antes de pôr os pés em Marte ou depois de ter ficado muito tempo na Lua”.

Mas antes mesmo de saber se proteger, é preciso medir essas radiações com mais precisão e até antecipá-las. Esse é o objetivo do experimento Lumina, com uma “tecnologia de ruptura” que usa as propriedades de uma fibra óptica dopada com fósforo.

“Quando a irradiamos, escurece muito rapidamente”, explica à AFP Sylvain Girard, pesquisador do laboratório Hubert Curien e coordenador do experimento, realizado com a empresa iXblue e o Centro Europeu de Pesquisa Nuclear.

O objetivo é medir esse obscurecimento, comparando a intensidade de um sinal luminoso injetado em uma extremidade com o recebido na outra, e assim calcular a dose de radiação recebida.

– Telerobótica –

O dispositivo deve permitir uma medição em tempo real, com sensibilidade suficiente para detectar qualquer variação inesperada, antes de uma tempestade solar, por exemplo.

Esta última “é como uma onda, leva cerca de uma hora para atingir sua vazão máxima”, explica Nicolas Balcon, engenheiro de ambiente radioativo do CNES.

Assim, “se percebermos um aumento repentino, pelo menos teríamos tempo para salvar a eletrônica, mandar o astronauta voltar para a espaçonave” ou se proteger “com biomateriais que atenuam a radiação”, que ainda não foram inventados, acrescenta este engenheiro.

Os futuros viajantes espaciais também precisarão dominar a telerobótica. Por exemplo, “pilotar remotamente um rover na Lua a partir da ‘Gateway'”, a futura estação orbital lunar, explica Canton.

O experimento piloto estudará como um astronauta “pode usar informações táteis e visuais à sua disposição” para pilotar instrumentos. Para isso, os habitantes da ISS usarão um fone de ouvido de realidade virtual combinado com um dispositivo em suas mãos que irá compensar a perda de sensibilidade típica de um ambiente sem gravidade.

“A falta de gravidade prejudica as habilidades motoras. Você não sente o peso do braço ou a força que ele exerce”, explica Canton.

– Qualidade do sono –

O mesmo capacete também será usado para o experimento Immersive Exercise, que mergulhará o astronauta em um ambiente virtual enquanto pedala na CEVIS, uma bicicleta de treinamento diário para limitar a perda muscular.

A venda para dormir Dreams também será testada, permitindo “entender como o confinamento e a microgravidade afetam a qualidade” do sono, segundo Canton. Uma questão crucial na ISS, já que as fases diurna e noturna se alternam a cada 45 minutos, o que também aconteceria em missões lunares ou a Marte.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

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