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Negociações entre israelenses e palestinos não registram avanços

Mulher e duas crianças observam a destruição no local onde ficava a casa da família em Jabaliah, alvo de bombardeio israelense na Faixa de Gaza afp_tickers

A Faixa de Gaza se mantinha em calma nesta terça-feira, segundo dos três dias de trégua entre Israel e o movimento islamita palestino Hamas, mas as negociações indiretas entre os dois lados no Cairo não registraram nenhum progresso.

Um dos principais pontos de atrito é a questão crucial do bloqueio israelense ao território palestino.

“As divergências continuam sendo grandes. Não aconteceram progressos nas negociações”, afirmou uma fonte ligada às negociações e que pediu anonimato.

As discussões entre israelenses e palestinos, com a mediação do Egito, foram retomadas após a entrada em vigor de uma nova trégua de 72 horas na segunda-feira.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, convocou uma reunião do gabinete de segurança para esta terça-feira em Tel Aviv para falar sobre as negociações.

Ao mesmo tempo, Israel denunciou a criação de uma comissão de investigação da ONU sobre possíveis violações das leis internacionais durante o conflito em Gaza e nas semanas anteriores.

“As conclusões anti-israelenses do relatório da comissão já estão escritas, faltam apenas as assinaturas”, disse à AFP o porta-voz do ministério das Relações Exteriores de Israel, Yigal Palmor, que acusou o presidente da comissão, designado pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU, William Schabas.

Schabas é um professor universitário de Direito Internacional em Londres e considerado hostil a Israel.

“Para esta comissão, o mais importante não são os direitos humanos, e sim o direito das organizações terroristas como o Hamas”, disse o porta-voz.

O Conselho dos Direitos Humanos anunciou na segunda-feira a criação de uma comissão internacional para investigar as violações de leis humanitárias internacionais e dos direitos humanos nos territórios palestinos, especialmente na Faixa de Gaza, desde 13 de junho e o início das operações israelenses posteriores ao assassinato de três jovens israelenses na Cisjordânia.

Os crimes provocaram o início da ofensiva israelense em Gaza.

O movimento radical Hamas elogiou em um comunicado a “decisão de formar uma comissão de investigação internacional”.

Por outro lado, o Egito propôs a organização de uma conferência de doadores para a reconstrução da Faixa de Gaza.

“Os egípcios apresentaram há alguns dias a proposta de receber uma conferência de doadores na estação balneária de Sharm el-Sheikh”, no mar Vermelho, afirmou a fonte, que pediu anonimato.

“A parte palestina ainda não apresentou a resposta por conta das negociações que acontecem atualmente no Cairo”, completou.

O conflito provocou danos avaliados em algo entre quatro e seis bilhões de dólares no território, submetido a um rígido bloqueio israelense desde 2006, segundo uma estimativa do ministério palestino da Economia.

Algumas fontes já haviam citado a possibilidade de uma reunião de doadores em setembro na Noruega.

Também está prevista uma conferência ordinária de doadores da Autoridade Palestina em 22 de setembro em Nova York.

A operação “Barreira Protetora”, iniciada em 8 de julho por Israel para deter os lançamentos de foguetes a partir de Gaza e destruir a rede de túneis dos islamitas, matou 1.940 palestinos, segundo os serviços de emergência.

Do lado israelense, 64 soldados e três civis morreram desde 8 de julho.

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