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Neto de Jacques Cousteau volta à superfície após passar 31 dias submerso

O oceanógrafo francês Fabien Cousteau, neto do lendário explorador Jacques-Yves Cousteau, é visto em 31 de maio de 2014, em Islamorada, Flórida afp_tickers

O oceanógrafo francês Fabien Cousteau voltou nesta quarta-feira à superfície depois de ter passado 31 dias em um laboratório submarino na Flórida fazendo experiências científicas e com o objetivo de dar vida nova ao legado do avô, o lendário explorador Jacques-Yves Cousteau.

Fabien Cousteau, de 46 anos, e sua equipe retornaram em um bote à costa de Islamorada, cidadezinha nos ‘keys’ do extremo-sul da Flórida (sudeste dos EUA) por volta das 10h00 locais (11h00 de Brasília), constatou a AFP.

“Eu me sinto bem. Um pouco cansado. Senti falta dos amigos e da família”, disse Cousteau, que ainda vestia a parte de cima de sua roupa de mergulho, debaixo de uma camiseta branca, em uma rápida declaração antes de descer em terra firme.

Membros da “Missão 31” de Cousteau o aplaudiram em sua chegada e o receberam com abraços, em um centro da Universidade Internacional da Flórida, à qual pertence o laboratório submarino Aquarius, que tem o tamanho de um ônibus (20 metros).

Os “aquanautas” ficaram 31 dias no Aquarius, a 20 metros de profundidade, na costa de Key Long, em um ambiente muito úmido, mas com tecnologia de ponta, que incluía até os capacetes usados pela Nasa para treinar seus astronautas debaixo d’água.

Cousteau e seu grupo de cientistas, engenheiros e cinegrafistas, fizeram saídas diárias para mergulhar, documentar a vida submarina e fazer experiências, concentrados sobretudo nas mudanças climáticas e na acidificação dos oceanos.

Além dos experimentos, eles conseguiram documentar seu próprio comportamento vivendo debaixo d’água por mais de um mês.

– Homenagem ao avô –

Antes de mergulhar, Cousteau disse que a façanha servia para “honrar” o falecido Jacques-Yves Cousteau, que faz meio século permaneceu 30 dias sob as águas do Mar Vermelho, uma das muitas proezas do explorador, famoso pelas dezenas de documentários sobre a vida marinha.

Seu intrépido avô dizia que “para filmar os peixes, você deve virar um peixe”. Sendo assim – prosseguiu – “que forma melhor de filmar o desconhecido (…) do que virar um peixe por 31 dias”, contou o neto em entrevista à AFP horas antes de submergir nas águas cristalinas dos ‘keys’ da Flórida, em 1º de junho.

Cousteau e sua equipe tinham acesso à internet no laboratório e ficaram todo o tempo em contato com o mundo exterior, por meio de redes sociais e câmeras que transmitiam tudo o que faziam ao vivo. Eles tiveram que se submeter a um longo processo de descompressão que durou quase 16 horas para que se readaptassem à superfície.

Do Aquarius, Cousteau fez sessões educativas com escolas, museus e aquários através do Skype.

Para o oceanógrafo, que passou os primeiros trinta anos da vida ao lado do avô, muitas vezes participando de suas aventuras a bordo do barco Calypso, poder permanecer debaixo d’água por tanto tempo é um sonho que virou realidade.

“A cada vez vou mergulhar, sinto felicidade, paz”, disse à AFP, antes da façanha.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

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