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No Chile, centenas de venezuelanos suplicam por voo humanitário para Caracas

Cidadãos venezuelanos presos no Chile se concentram no consulado de seu país em Santiago, em 11 de maio de 2020 afp_tickers

Sem trabalho ou possibilidade de encontrar algo com que sobreviver, centenas de venezuelanos acampam com colchões e barracas em frente à embaixada da Venezuela no Chile para suplicar por um voo humanitário que os leve de volta a Caracas.

O último voo fretado pelo governo venezuelano partiu na última sexta-feira levando cerca de 200 passageiros, segundo dois migrantes que passaram uma semana esperando em um albergue na capital chilena contaram à AFP.

De acordo com fontes da embaixada, foi a nona viagem desse tipo em pouco mais de um mês. No entanto, os casos de coronavírus dispararam na última semana, forçando as autoridades chilenas a impor uma quarentena mais rígida em toda Santiago a partir de amanhã, sexta-feira, em um cenário em que o Chile registra mais de 37.000 casos e 368 mortos.

A quarentena obrigatória implica no fechamento de pequenas empresas, negócios, e suspende a atividade produtiva em áreas muito populosas da capital, onde vive um grande número de imigrantes.

“Todo mundo foi prejudicado. Eles começaram a fechar negócios por causa da pandemia, fechar empresas e, como não estava funcionando, começaram a demitir os funcionários e ficamos sem emprego”, disse à AFP Belki Ramírez, uma das mais de 300 pessoas que estão na rua.

Os venezuelanos formam a maior colônia de migrantes no Chile, com quase 400.000 pessoas. Eles começaram a chegar ao país desde 2014, atraídos pela economia e estabilidade política chilena.

Em Santiago “é uma situação muito complicada, porque eles não têm um voo programado. Há outros países que ajudaram, como o Peru, a Bolívia, mas não aqui”, disse Guarequena Gutiérrez, representante no Chile do líder da oposição venezuelana Juan Guaidó.

Segundo Gutiérrez, grupos de venezuelanos que também solicitaram voos humanitários partindo da Colômbia, Peru e Bolívia receberam propostas de repatriação.

“Realmente, viver nessas condições é muito difícil”, disse o imigrante desempregado Alejandro Estimaure, de 35 anos.

Embora a Venezuela esteja passando por sua pior crise social e econômica, “acho que seremos melhores lá, porque aqui estamos na rua, não temos nada, não temos emprego. Lá com o pouco que temos podemos trabalhar, temos um teto. Claro, estaremos com a família e ninguém vai nos tirar de casa”, disse María Rojo, outra jovem imigrante de 29 anos.

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