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Novo presidente da Bolívia não menciona Evo em seu discurso conciliador

Foto divulgada pela Agência Boliviana de Informação (ABI) mostra novo presidente da Bolívia Luis Arce discursando no Congresso em La Paz, na sua posse em 8 de novembro 2020. afp_tickers

O esquerdista Luis Arce assumiu a presidência da Bolívia neste domingo com um discurso conciliatório e sem fazer referências a seu padrinho político, o ex-presidente Evo Morales.

“Estamos iniciando uma nova etapa em nossa história e queremos fazer isso com um governo que seja para todos, sem discriminação de qualquer espécie. Nosso governo buscará reconstruir nossa pátria em unidade para viver em paz”, disse o novo presidente boliviano.

“Vamos governar com responsabilidade e inclusão, enfrentando mudanças para que a Bolívia volte ao caminho da estabilidade no mais curto espaço de tempo. Venceremos a pandemia, venceremos a crise porque somos um povo lutador”, afirmou no discurso de 30 minutos.

Arce evitou referir-se ao seu padrinho político e chefe de seu partido, o Movimento pelo Socialismo (MAS), Evo Morales, que planeja retornar ao país nesta segunda-feira do exílio na Argentina, um ano após sua saída abrupta do poder.

O novo presidente ficou muito emocionado em alguns momentos de seu discurso. A televisão mostrou as lágrimas que correram pelo rosto de Arce enquanto ele cantava o hino nacional após receber o comando da nação.

Apesar do discurso conciliador, ele se permitiu criticar brevemente a ex-presidente de transição, a direitista Jeanine Añez, a quem culpou por ter promovido perseguições políticas e causado a crise econômica após a má gestão da pandemia.

“Vamos recuperar os níveis de crescimento que o governo de facto abalou e faremos isso reduzindo a pobreza e as desigualdades econômicas e sociais”, ressaltou Arce, depois de sustentar que vai restaurar o modelo econômico implantado durante os 14 anos de governo de Evo Morales (2006-2019).

O novo vice-presidente, David Choquehuanca, também não mencionou Morales em seu discurso.

Alguns analistas apontam que o novo presidente deve se distanciar do ex-presidente indígena, como sinal de que promoverá um novo estilo de governo.

Um enorme desafio para Arce “é consolidar sua própria legitimidade diante de uma figura tão forte e também agressiva na mídia como Evo Morales”, disse a cientista política Ximena Costa à AFP.

Morales parabenizou Arce da Argentina: “Junto com o povo, cuidaremos do governo, de nosso processo de mudança, trabalharemos pela unidade e sairemos da crise econômica para o bem das gerações futuras”, escreveu em seu Twitter.

O ex-presidente retornará na segunda-feira da fronteira com a Argentina, país onde se refugiou após um breve asilo no México, para viajar cerca de 1.110 quilômetros por terra até a região plantadora de coca de Chapare, onde suas bases camponesas o aguardam.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

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