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Obras olímpicas no Rio mataram 11 operários desde 2013

(Arquivo) Operários trabalham na Vila Olímpica, no Rio de Janeiro, no dia 21 de julho de 2015 afp_tickers

“É um time de futebol de mortos”. A Superintendência Regional do Trabalho e Emprego do Rio de Janeiro ligou o sinal de alerta nesta segunda-feira, ao informar que 11 operários perderam a vida desde 2013 em obras ligadas aos Jogos Olímpicos.

“É um número que assusta”, comentou em entrevista à AFP o superintendente Robson Leite, lembrando que o total já supera os oito mortos das obras da Copa do Mundo de 2014, em todo o Brasil.

A conta macabra foi divulgada “para chamar a atenção e sensibilizar as autoridades sobre questões de segurança no trabalho e evitar novos acidentes”, explicou.

De acordo com Robson Leite, o maior número de acidentes fatais ocorreu nas obras de extensão da linha 4 do metrô, que custou a vida de três operários.

Um deles teve a cabeça esmagada por um caminhão, outro caiu de uma escada e outro foi vítima de um acidente causado pelo rompimento de um duto de ar comprimido.

Outros dois trabalhadores morreram na construção do Parque Olímpico, que receberá a maior parte das competições.

Duas pessoas morreram em obras de museus que fazem parte do legado olímpico, o Museu da Imagem e do som, em Copacabana, e o Museu do Amanhã, no centro do Rio.

Outras mortes ocorreram durante obras de transporte, como na Transolímpica, a ampliação do Elevado do Joá e no sistema ferroviário da Supervia.

‘Correria’

“Isso tudo foi causado por falta de planejamento, sem dúvida. É a correria na hora de concluir”, lamentou Elaine Castilho, auditora fiscal que coordena a fiscalização, ao apresentar o relatório, que foi realizado em meio a ações do Dia Mundial da Segurança e da Saúde no trabalho, na quinta-feira.

Algumas obras atrasaram, como a construção do velódromo, e existe um temor de que a aceleração do ritmo de trabalho tenha consequências trágicas.

“Os operários não podem ter jornadas de trabalho exaustivas. Se isso acontecer, suspenderemos as obras”, avisou Robson Leite.

A Superintendência chegou a suspender a atividade em alguns canteiros, como a construção do velódromo, no qual foi constatado “uma série de problemas”, como a ausência de cintos de segurança ou falhas no sistema elétrico.

“Houve oito mortos nas obras da Copa do Mundo em todo o Brasil (foram 12 cidades-sede). Só no Rio, já temos 11”, lamentou o superintendente, ressaltando que não ocorreram acidentes fatais nas obras dos Jogos de Londres-2012.

A prefeitura do Rio de Janeiro e o Comitê organizador Rio-2016 não responderam às solicitações da AFP.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

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