Obras olímpicas no Rio mataram 11 operários desde 2013
“É um time de futebol de mortos”. A Superintendência Regional do Trabalho e Emprego do Rio de Janeiro ligou o sinal de alerta nesta segunda-feira, ao informar que 11 operários perderam a vida desde 2013 em obras ligadas aos Jogos Olímpicos.
“É um número que assusta”, comentou em entrevista à AFP o superintendente Robson Leite, lembrando que o total já supera os oito mortos das obras da Copa do Mundo de 2014, em todo o Brasil.
A conta macabra foi divulgada “para chamar a atenção e sensibilizar as autoridades sobre questões de segurança no trabalho e evitar novos acidentes”, explicou.
De acordo com Robson Leite, o maior número de acidentes fatais ocorreu nas obras de extensão da linha 4 do metrô, que custou a vida de três operários.
Um deles teve a cabeça esmagada por um caminhão, outro caiu de uma escada e outro foi vítima de um acidente causado pelo rompimento de um duto de ar comprimido.
Outros dois trabalhadores morreram na construção do Parque Olímpico, que receberá a maior parte das competições.
Duas pessoas morreram em obras de museus que fazem parte do legado olímpico, o Museu da Imagem e do som, em Copacabana, e o Museu do Amanhã, no centro do Rio.
Outras mortes ocorreram durante obras de transporte, como na Transolímpica, a ampliação do Elevado do Joá e no sistema ferroviário da Supervia.
‘Correria’
“Isso tudo foi causado por falta de planejamento, sem dúvida. É a correria na hora de concluir”, lamentou Elaine Castilho, auditora fiscal que coordena a fiscalização, ao apresentar o relatório, que foi realizado em meio a ações do Dia Mundial da Segurança e da Saúde no trabalho, na quinta-feira.
Algumas obras atrasaram, como a construção do velódromo, e existe um temor de que a aceleração do ritmo de trabalho tenha consequências trágicas.
“Os operários não podem ter jornadas de trabalho exaustivas. Se isso acontecer, suspenderemos as obras”, avisou Robson Leite.
A Superintendência chegou a suspender a atividade em alguns canteiros, como a construção do velódromo, no qual foi constatado “uma série de problemas”, como a ausência de cintos de segurança ou falhas no sistema elétrico.
“Houve oito mortos nas obras da Copa do Mundo em todo o Brasil (foram 12 cidades-sede). Só no Rio, já temos 11”, lamentou o superintendente, ressaltando que não ocorreram acidentes fatais nas obras dos Jogos de Londres-2012.
A prefeitura do Rio de Janeiro e o Comitê organizador Rio-2016 não responderam às solicitações da AFP.