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OEA apoia oposição na Venezuela, denuncia chanceler

A chanceler venezuelana, Delcy Rodríguez, em Washington, DC, no dia 5 de maio de 2016 afp_tickers

A Venezuela é ameaçada por “fatores” da Organização dos Estados Americanos (OEA), os quais invocam a Carta Democrática Interamericana com o objetivo de intervir nos assuntos internos do país – denunciou a chanceler venezuelana, Delcy Rodríguez, nesta quinta-feira, acusando o secretário-geral de “apoiar” a oposição.

“Somos ameaçados (…) por alguns fatores da Organização com a Carta Democrática Interamericana”, disse Rodríguez, durante um Conselho Permanente da OEA, evocando uma situação “grave”.

Segundo ela, o secretário-geral da OEA, o uruguaio Luis Almagro, “apoia” ações de opositores para invocar medidas de intervenção no país.

A ministra afirmou que Almagro não é imparcial “quando se trata da Venezuela”, aliando-se com opositores do governo do presidente Nicolás Maduro e recebendo “instruções” dos Estados Unidos.

Rodríguez acrescentou que Almagro prevê uma “campanha” para “aplicar a Carta (Democrática) Interamericana” a Caracas, “pretendendo passar por cima dos Estados”.

“Temos as provas para mostrar como cada passo que a oposição dá é apoiado pela secretaria-geral da OEA”, disse Rodríguez na sessão extraordinária do Conselho.

Nesta quinta-feira, a secretaria jurídica da OEA publicou uma análise da Carta Democrática Interamericana, interpretando os mecanismos existentes para invocá-la.

Segundo o gabinete jurídico da OEA, o artigo 20 do documento autoriza o secretário-geral a convocar o Conselho Permanente em caso de “alteração da ordem constitucional” em um país-membro da OEA, cuja “ordem democrática” se veja “gravemente” afetada.

“Isso não é possível”, criticou a chanceler venezuelana, denunciando que a doutrina da OEA “está sendo ignorada”.

Hoje, deputados governistas da Venezuela recorreram ao Ministério Público contra quatro legisladores da oposição pelo crime de “traição à Pátria”, por terem pedido ajuda à OEA para que intervenha na crise política do país.

Os opositores incorreram em “atos que atentam contra a independência, a soberania e a segurança do país”, declarou Carmen Meléndez, que integra o grupo de cinco deputados do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), governista, que foi ao Ministério Público.

Os congressistas do PSUV entregaram à procuradora-geral, Luisa Ortega, um pedido de investigação contra os parlamentares Delsa Solórzano, Juan Guaido, Luis Florido, Ángel Medina e Williams Dávila. Na semana passada, eles foram a Washington e se reuniram com o secretário Almagro.

“Dissemos a Almagro a necessidade que os venezuelanos têm de encontrar uma saída política para o desastre que vive o nosso país”, declarou Florido à imprensa.

O deputado relatou ainda ter pedido à OEA que envie observadores para o processo de verificação de assinaturas apresentado ao órgão eleitoral para pedir um referendo revogatório contra o mandato do presidente Nicolás Maduro.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

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