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OMS adverte para estagnação dos avanços na luta contra a malária

Mosquito Anopheles gambiae, transmissor da malária, é conhecido pelos cientistas como o animal mais perigoso da Terra afp_tickers

Os avanços no combate à malária estagnaram nos últimos anos, adverte a Organização Mundial da Saúde em um relatório que publicado nesta segunda-feira (30), lembrando que em 2019 mais de 400.000 pessoas morreram vítimas desta doença.

A OMS destaca que esta estagnação ocorre sobretudo na África, o continente que soma mais casos desta doença transmitida por fêmeas do mosquito Anopheles, e o pior registro de óbitos, diz o informe que a agência da ONU dedica anualmente a este flagelo.

Em 2019, cerca de 229 milhões de pessoas contraíram malária, uma cifra que se manteve relativamente estável nos últimos quatro anos.

Após um avanço importante, que reduziu o número de mortos de 736.000 em 2000 a 411.000 em 2018 e 409.000 em 2019, a OMS destaca que “é necessário concentrar melhor as intervenções, desenvolver novas ferramentas e contar com mais fundos para frear a difusão global desta doença e alcançar objetivos comuns acordados internacionalmente”.

A agência da ONU informou que no ano passado foram arrecadados 3 bilhões dos 5,6 bilhões de dólares necessários para combater a malária.

“A escassez de fundos dificulta o acesso a ferramentas de luta contra a malária que já foram testadas”, insiste a OMS, ressaltando que isto gera “um importante perigo”.

Ao invés de adotar uma estratégia uniforme, os países afetados baseiam sua luta em dados locais em sua tentativa de acabar com esta doença.

Com cerca de 94% do total de óbitos (384.000 no continente africano no ano passado), “é hora de os dirigentes da África e do resto do mundo se mobilizarem mais uma vez para enfrentar o desafio que a malária representa”, afirmou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.

“Só agindo juntos e nos comprometendo a não deixar ninguém no caminho, poderemos alcançar nosso objetivo comum de erradicar a malária em todo o mundo”, acrescentou.

Em 2019, quase metade de todos os casos em nível global se concentraram em quatro países africanos: Nigéria (27%), República Democrática do Congo (12%), Uganda (5%) e Moçambique (4%).

– Novo coronavírus –

Diferentemente de outras campanhas, a OMS assegura que a prevenção da malária não foi até o momento afetada pela pandemia do novo coronavírus, embora considere que “a covid-19 ameaça fazer patinar ainda mais nossos esforços para vencer a malária e, sobretudo, tratar os doentes”, destacou Matshidiso Moeti, diretor para a África da OMS.

“Apesar do impacto devastador da covid-19 nas economias africanas, os parceiros internacionais e os países (em geral) devem se esforçar mais para garantir que os recursos necessários estejam disponíveis e poder desenvolver programas contra a malária que demonstraram poder ajudar as pessoas” afetadas, acrescentou.

A OMS lembra que simples perturbações no acesso aos medicamentos podem resultar em 19.000 mortes adicionais.

Este informe também destaca que desde 2000, 21 países conseguiram erradicar a malária.

A Índia conseguiu nos últimos anos resultados espetaculares, com uma queda de 18% das infecções e de 20% das mortes.

Mais impressionantes foram os feitos dos seis países da bacia do rio Mekong, no sudeste asiático, que estão prestes a alcançar o objetivo de erradicar a doença até 2030. Entre 2000 e 2019, reduziram em 90% os casos de malária.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

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