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OMS e ONGs alertam que epidemia de Ebola requer maior mobilização

Funcionários do governo de Serra Leoa são desinfectados após carregarem um caminhão com vítimas do vírus Ebola, nas instalações da organização Médicos sem Fronteiras, em 14 de agosto de 2014, em Kailahun. afp_tickers

Diante da propagação na África Ocidental da epidemia da febre hemorrágica Ebola, cuja magnitude foi subestimada, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Cruz Vermelha e várias ONGs insistiram na necessidade de uma mobilização maior para lutar contra este vírus.

A ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) advertiu, por sua vez, que a crise provocada pelo Ebola ultrapassa a capacidade das organizações de ajuda para frear esta epidemia.

A situação provocada pelo vírus “se deteriora, movendo-se mais rápido que nossa capacidade para enfrentá-lo; como em tempos de guerra temos uma falha total das infraestruturas. Se a situação não se estabilizar na Libéria, jamais poderemos estabilizar a região”, declarou a diretora da MSF, Joanne Liu.

A OMS disse em um comunicado que “os funcionários presentes nas zonas de epidemia recolheram provas que demonstram que o número de casos reportados e o de mortos subestimam amplamente a magnitude da epidemia”.

O último balanço da OMS indica que, em 13 de agosto, a epidemia do vírus Ebola no oeste da África tinha deixado 1.145 mortos, dos quais 380 na Guiné, 413 na Libéria, 348 em Serra Leoa e quatro na Nigéria.

Diante desta situação, “a OMS coordena um aumento maciço da resposta internacional (diante da epidemia) com o apoio individual de diversos países, agências de controle de doenças e agências das Nações Unidas”.

A OMS afirmou que os centros americanos de controle e prevenção de doenças irão equipar os países afetados com computadores para poder ter uma visão em tempo real da evolução da epidemia.

“A epidemia pode durar um certo tempo. O plano operacional de reação da OMS será realizado ao longo dos próximos meses”, ressaltou a organização.

O Programa Mundial de Alimentos (PMA) da ONU anunciou que fornecerá ajuda alimentar para um milhão de pessoas em Serra Leoa, Libéria e Guiné, três países afetados pela epidemia de Ebola.

Até o momento, o PMA dava ajuda a alguns milhares de pessoas nestes países.

O presidente de Serra Leoa, Ernest Koroma, anunciou a construção de vários centros de tratamento do vírus no país, onde há existem dois. Cruz Vermelha e MSF construirão os novos centros, acrescentou.

Combater rumores e preconceitos culturais

O novo secretário geral da Federação Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (FICV), o senegalês Elhajd As Sy, que acaba de retornar a Genebra depois de um giro por Guiné e Serra Leoa, opinou que a comunidade internacional deve superar o medo e reforçar sua resposta e seu apoio.

“A força coletiva da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho reside em sua presença única em nível local e em nossa experiência de trabalho com estas comunidades. Os voluntários da Cruz Vermelha (…) são membros destas comunidades, o que significa uma enorme diferença quando se trata de divulgar mensagens de prevenção ou combater rumores ou preconceitos de origem cultural”, declarou.

Atletas africanos não poderão competir na China

Alguns atletas procedentes de países afetados pelo vírus do Ebola não poderão participar da 2ª edição dos Jogos Olímpicos da Juventude, que começam neste sábado em Nankin (China), anunciaram o Comitê Olímpico Internacional e o comitê organizador dos Jogos.

Foi decidido que “os atletas procedentes de regiões infectadas não poderão participar das modalidades de combate (2 atletas) nem de natação (1 pessoa)”, indica o comunicado assinado também pelo comitê organizador dos Jogos.

Além disso, os atletas provenientes de países afetados terão “sua temperatura medida regularmente e farão exames físicos” diariamente durante as duas semanas de competição.

“Lamentamos que por este problema alguns jovens atletas sofram de forma dupla, pela angústia provocada pela epidemia em seus países de origem e também por não poder participar destes Jogos”, indica um texto comum publicado nesta sexta-feira.

Segundo o site dos Jogos, há 25 atletas provenientes dos quatro países mais afetados pelo Ebola: Serra Leoa, Libéria, Guiné e Nigéria.

A equipe de Serra Leoa compete com 6 atletas. Um em halterofilismo, 4 jogadores de vôlei de praia e um nadador de 17 anos, Saidu Kamara.

A equipe da Guiné irá à China com 4 atletas, entre eles o nadador Alhoussene Sylla e a judoca Mamadama Bangoura.

O nadador de 15 anos Momodou Sombai era um dos dois competidores que a Libéria levaria, enquanto a Nigéria era a delegação mais importante das quatro, com 13 membros, entre os quais estava a lutadora de 16 anos Bose Samuel.

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