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ONU e 23 países defendem cessar-fogo antes das eleições na Colômbia

Após o desarmamento das Farc, os rebeldes que romperam com o pacto de paz e o Exército de Libertação Nacional (ELN), último guerrilheiro reconhecido no país, preencheram o vazio deixado pela que já foi a guerrilha mais poderosa das Américas. afp_tickers

Representantes de 23 países e das Nações Unidas na Colômbia pediram aos grupos armados que declarem um “cessar-fogo” antes das eleições legislativas e presidenciais, que serão realizadas em março e no final de maio, respectivamente.

“Pedimos a todos os grupos armados da Colômbia que declarem um cessar-fogo e a interrupção das hostilidades”, disse um comunicado divulgado nesta quinta-feira pela missão da ONU no país sul-americano.

Apesar do acordo de paz de 2016 com os guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), a violência vem se intensificando em várias partes do território colombiano devido à ação de várias organizações que são financiadas pelo narcotráfico.

“Expressamos a importância de que a Colômbia possa realizar suas eleições de forma livre e inclusiva, em um ambiente sem violência”, acrescenta a mensagem assinada pelas embaixadas da França, Alemanha, Reino Unido e Espanha – entre outros países europeus -, além do México, Brasil e Argentina.

Quase 39 dos 50 milhões de colombianos estão registrados para votar nas eleições de 13 de março, nas quais o Congresso, dominado por partidos de centro-direita nos últimos quatro anos, será renovado.

Depois, em 29 de maio, elegerão o sucessor do presidente conservador Iván Duque, que é muito impopular e que por lei não pode concorrer à reeleição.

A três meses das eleições presidenciais, o esquerdista Gustavo Petro, principal adversário de Duque, lidera as pesquisas de intenção de voto.

O governo afirma que há “garantias plenas” para o processo eleitoral. No entanto, a escalada da violência em várias regiões gera temores.

Quase um quarto do país (274 municípios) apresenta um “risco eleitoral elevado” ou “extremo” devido à “incidência de grupos armados ilegais”, alertam as autoridades.

Após o desarmamento das Farc, os rebeldes que romperam com o pacto de paz e o Exército de Libertação Nacional (ELN), última guerrilha reconhecida no país, preencheram o vazio deixado pela que já foi a guerrilha mais poderosa do continente.

Os herdeiros de Otoniel, o líder capturado do Clã do Golfo, a maior quadrilha de traficantes da Colômbia, também exercem influência em áreas remotas diante da ausência do Estado.

No ano passado, cerca de 74.000 pessoas tiveram que fugir de suas casas devido às disputas sangrentas entre esses grupos, que lutam pela renda do narcotráfico e outras economias ilegais. O número representa um aumento de 181% em relação a 2020, segundo a ONU.

A Colômbia, principal exportador de cocaína do mundo, vive um intenso conflito que em mais de meio século colocou frente a frente guerrilheiros, paramilitares, narcotraficantes e agentes do Estado, deixando mais de nove milhões de vítimas, a maioria deslocadas.

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