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Países que acompanham processo de paz na Colômbia pedem ‘desescalada’ do conflito

A diplomata norueguesa Idun Tvedt lê o comunicado em inglês, no Palácio das Convenções, em Havana afp_tickers

Os quatro países que acompanham o processo de paz da Colômbia, Noruega, Cuba, Chile e Venezuela, convocaram nesta terça-feira o governo e a guerrilha das Farc a uma desescalada urgente do conflito armado neste país, após um aumento das hostilidades.

Os governos de Cuba e Noruega (avalistas do processo de paz) e de Chile e Venezuela (acompanhantes) “fazem um chamado às partes pela desescalada urgente do conflito armado”, disse em um comunicado lido à imprensa o diplomata Rodolfo Benítez.

“Convocamos as partes a restringir ao máximo as ações de todo tipo que provocam vítimas e sofrimentos na Colômbia, e a intensificar a implementação de medidas de construção de confiança”, acrescentou Benítez, acompanhado pela diplomata norueguesa Idun Aarak Tvedt, que leu o mesmo comunicado em inglês.

Os quatro países afirmaram que é preciso desescalar o conflito para criar um clima propício que permita que as partes consigam encerrar os pontos pendentes da agenda, “incluindo a adoção de um acordo bilateral e definitivo de cessar-fogo e das hostilidades, e o que se refere aos direitos das vítimas”.

Além disso, os quatro países reiteraram seu compromisso de continuar apoiando “as negociações de paz e a adoção, no menor tempo possível, de um acordo final para o fim do conflito e a construção de uma paz estável e duradoura na Colômbia”.

A delegação negociadora das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) agradeceu imediatamente o apelo dos quatro países que acompanham o processo de paz desde seu início, em 2012, mas a equipe do governo – seguindo seu costume – não fez declarações à imprensa.

“Agradecemos o apelo às partes que no dia de hoje os países fizeram (…) em prol da desescalada urgente do conflito armado”, disse o chefe negociador da guerrilha, Iván Márquez.

O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, disse que acolhe o apelo dos quatro países, e propôs “acelerar” as negociações visando um cessar-fogo definitivo.

O negociador rebelde acusou o governo Santos de ter aumentado as incursões militares contra os acampamentos das Farc enquanto elas cumpriam uma trégua unilateral, que levantaram finalmente em maio após cinco meses de relativa calma.

“Aqueles que não souberam valorizar o cessar-fogo unilateral e que não aproveitaram a situação propícia para convertê-lo em bilateral e definitivo porque só queriam obter vantagens militares vãs devem uma explicação à Colômbia, que hoje deseja ouvir o timbre de sua palavra autocrítica”, expressou Márquez.

Neste contexto, dois militares morreram, outros dois ficaram feridos e outro foi declarado desaparecido, após dois ataques o sul da Colômbia atribuídos à guerrilha das Farc.

O fato ocorreu quando tropas motorizadas, que escoltavam uma caravana de 12 caminhões de transporte de petróleo, foram atacadas com artefatos explosivos artesanais pela “Frente 32 do Bloco Sul” das Farc.

O governo e as Farc se culpam mutuamente sobre a responsabilidade de ter provocado a escalada do último conflito armado na América, que já dura meio século e que deixou 220.000 mortos e seis milhões de deslocados.

As duas partes realizam a 38º rodada de diálogos de paz, celebrados desde novembro de 2012, e que se estendeu mais do que o normal.

O governo e a Farc entraram em acordo sobre três dos seis pontos da agenda de paz e também acordaram um programa de retirada de minas e a criação de uma Comissão da Verdade.

No entanto, ainda devem abordar o tema da justiça para os crimes cometidos ao longo do conflito armado de meio século, sobre o qual têm profundas diferenças.

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