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Pandemia agravou ‘conflitos’ e seus efeitos humanitários na Colômbia, segundo CICV

Dois profissionais de saúde caminham com a vacina CoronaVac, desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac, em um bairro de Cali, na Colômbia, em busca de idosos para serem vacinados afp_tickers

A pandemia piorou a situação humanitária em várias partes da Colômbia, onde grupos armados mantêm o conflito ativo mesmo após o pacto de paz com a extinta guerrilha das FARC em 2016, denunciou o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) nesta quarta-feira (24).

A principal preocupação da organização internacional “é o crescimento das consequências humanitárias vinculadas aos conflitos armados que afetam o país”, afirmou Lorenzo Caraffi, chefe da delegação local do CICV.

Em declarações à AFP no âmbito da apresentação do relatório 2020, Caraffi observou que depois do acordo de paz, a Colômbia enfrenta um “aumento das consequências humanitárias” nas frentes que o governo abriu com os guerrilheiros e grupos armados do narcotráfico.

Para o CICV, o país tem conflitos abertos com cinco organizações irregulares que afetaram significativamente a população civil no ano da pandemia.

Além das disputas pelos territórios, somam-se confrontos com as forças estatais.

O último ano “acrescentou um elemento adicional (…) no sentido de que alguns atores armados aproveitaram a pandemia para fortalecer seu controle sobre a sociedade em alguns territórios”, enfatizou o responsável.

Caraffi detalhou um aumento nos ataques contra missões médicas, nas vítimas de artefatos explosivos, assim como confinamentos, deslocamentos em massa e desaparecimentos.

Os departamentos mais afetados foram os do sudoeste, do Pacífico e da fronteira com a Venezuela, além de Antioquia, o maior do noroeste do país.

Em vários territórios, os grupos que são financiados principalmente pelo narcotráfico, mineração ilegal e extorsão têm se fortalecido com a demora do Estado na ocupação de regiões antes ocupadas pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), afirmam os especialistas.

Em 2020, o CICV registrou 389 vítimas de artefatos explosivos, o maior número dos últimos quatro anos. Entre elas estão 226 civis.

A agência também soube de 114 desaparecimentos em um fenômeno crescente. Enquanto em 2019 um desaparecimento era registrado “a cada quatro dias”, as denúncias no ano passado eram mais frequentes com um caso “a cada três dias”, afirmou Caraffi.

O CICV concordou com os números oficiais que indicam que em 2020 mais de “21.000 pessoas foram deslocadas em massa e outras 28.000 permaneceram confinadas pelo aumento das ações armadas e pela presença de artefatos explosivos nos territórios”, observa o relatório apresentado nesta quarta-feira.

“A população civil está pagando o preço por esse aumento”, acrescentou Caraffi.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

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