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Polícia faz desalojamento maciço de migrantes em praça do norte do Chile

Migrantes recolhem seus pertences ao serem retirados da praça Brasil, na cidade de Iquique, no Chile, em 24 de setembro de 2021 afp_tickers

A polícia chilena desalojou nesta sexta-feira (24) centenas de migrantes sem documentos que acampam há um ano em uma praça de Iquique, no norte do país, onde houve alguns confrontos, reflexo de uma crise visível nos espaços públicos da cidade.

A operação na praça Brasil, localizada a poucos quarteirões de balneários com vista para o Pacífico, deixou ao menos um ferido e cinco detidos.

Há um ano, milhares de migrantes sem documentos, a maioria famílias venezuelanas com crianças, vivem nas ruas fazendo pequenos trabalhos, pedindo ajuda, cozinhando com queimadores a gás ou comendo alimentos doados por várias organizações.

A tensão aumentou nesta sexta-feira, quando os carabineiros começaram a retirar as barracas e alguns migrantes reagiram com agressões e garrafadas, enquanto moradores chegaram ao local para apoiar e outros para criticar a ação policial.

“Não aguentamos mais isso. Eu tive que mudar de casa e é impossível alugá-la, nossa praça foi tomada e ali comem, vão ao banheiro, não se pode viver assim”, dizia Mariela C, uma chilena moradora deste bairro histórico.

“As autoridades não dão nenhuma solução nem para eles, nem para nós”, lamentou.

Esta área de Iquique foi transformada pela chegada dos migrantes que, desde meados de 2020, cruzam a pé por passagens clandestinas a fronteira com a Bolívia, no altiplano, a 300 km da cidade portuária chilena.

Quase uma centena de homens, forças especiais dos carabineiros e agentes da Polícia de Investigações (PDI) participaram da operação na praça.

Várias brigas e escaramuças foram registradas entre os agentes e os migrantes, que se negavam a sair do local.

Até o momento, nenhuma autoridade respondeu aos pedidos da AFP para conhecer o local aonde as pessoas desalojadas serão levadas.

“Se os carabineiros nos tirarem daqui, eu espero que nos digam para onde podemos ir”, lamentava Joselyn, uma venezuelana de 30 anos.

“Esta praça não está bem porque é um espaço público, mas temos visto muitas pessoas procurando aluguel e os donos dos imóveis nos dizem não apenas por sermos migrantes”, destacou.

Esta operação acontece na véspera de uma marcha convocada nesta cidade contra a imigração ilegal.

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