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Presidente do Paraguai quer Forças Armadas contra narcotráfico

Polícia inspeciona veículos após ataque de narcotraficantes que libertou o paraguaio Jorge Teofilo Samudio 'Samura', em Assunção, no dia 11 de setembro de 2019. afp_tickers

O presidente do Paraguai, Mario Abdo, anunciou nesta sexta-feira que proporá uma emenda constitucional para autorizar a participação das Forças Armadas na luta contra o crime organizado, um projeto que despertou polêmica em um país que viveu 35 anos sob ditadura.

“A guerra contra as quadrilhas mafiosas é desigual. Eles têm muito armamento, dinheiro, logística; e nós temos uma capacidade ociosa (com as Forças Armadas) que não utilizamos”.

A Constituição paraguaia promulgada em 1992, três anos após a queda do ditador Alfredo Stroessner (1954-1989), não prevê a atuação dos militares contra o crime.

Em entrevista coletiva, Abdo disse que na próxima semana fará o pedido oficial ao Senado.

Na véspera, Abdo destituiu o ministro da Justiça, Julio Rios, e o comandante da polícia nacional, Walter Vázquez, após a fuga do perigoso narcotraficante Teófilo Samudio (“Samura”), ligado ao “Comando Vermelho” (CV).

“Samura” é considerado pela Secretaria Antidrogas paraguaia (Senad) como um chefe ligado ao Comando Vermelho responsável pelo envio ao Brasil de cocaína procedente de Peru e Bolívia.

“Samura” havia sido capturado no dia 10 de outubro de 2018, junto com 10 cúmplices, em uma operação da Senad na fronteira com o Brasil.

O traficante foi libertado quando era levado para a prisão após prestar depoimento no Palácio da Justiça, em Assunção.

No ataque ao comboio morreu um delegado e dois agentes e um civil ficaram feridos.

A procuradoria determinou a detenção do diretor da prisão da cidade de Emboscada, Juan Carlos Irala, e de sete guardas penitenciários encarregados da custódia de “Samura”.

Abdo declarou na quinta-feira que “há corrupção e dinheiro” por trás da fuga de “Samura”. “Houve cumplicidade dos organismos do Estado”.

O Comando Vermelho, que tem como principal base o Rio de Janeiro, e o PCC (Primeiro Comando da Capital), oriundo de São Paulo, disputam a hegemonia do tráfico de drogas no Brasil. Ao menos 600 detentos no Paraguai – paraguaios e brasileiros – integram as duas facções.

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