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Presidente filipino continua popular depois de um ano no poder

Rodrigo Duterte em 29 de abril de 2017 afp_tickers

Rodrigo Duterte completa nesta sexta-feira seu primeiro ano de mandato presidencial com uma popularidade alta, depois de ter iniciado uma controversa guerra contra as drogas e protagonizar momentos muito criticados pelos ativistas de direitos humanos.

Sua campanha de repressão ao tráfico de drogas, uma medida sem precedentes, deixou milhares de mortos.

“Será uma viagem difícil, mas unam-se a mim”, afirmou Duterte em seu discurso de posse.

O presidente celebra seus 12 meses no poder sem ter solucionado a pior crise de seu mandato: a ocupação parcial de uma grande cidade muçulmana do sul do país por parte dos extremistas.

O ex-advogado de 72 anos também tem uma forma peculiar de conduzir a diplomacia, lançando dardos verbais contra os Estados Unidos, aliado tradicional, enquanto se aproxima de Pequim ou Moscou.

Mesmo assim, os filipinos não deixam de apoiá-lo. Segundo a mais recente pesquisa, 75% dos cidadãos estariam satisfeitos com seu governo.

“As pessoas amam o homem”, explica à AFP Ricardo Abad, chefe do departamento de Sociologia e Antropologia da Universidade Ateneo de Manila, referindo-se ao estilo de governo de um chefe de Estado seguro de si mesmo.

“Talvez não estejam de acordo com sua política, ou pode ser que se mostrem ambivalentes, mas o fato é que gostam muito dele, concedem a ele o benefício da dúvida e confiam nele”, acrescenta.

No exterior, Duterte ganhou as manchetes por sua guerra contra a droga ao anunciar que “ficaria feliz em massacrar milhões de viciados”. Também é conhecido por sua linguagem vulgar, e costuma chamar seus detratores de “filhos da puta”.

– ‘Estilo novo’ –

Um bom número de filipinos passa por cima dessas grosserias e preferem se fixa na figura antissistema, no homem franco e carismático disposto a fazer de tudo para mudar as coisas.

“Ele inaugurou um estilo de governo completamente novo, e as pessoas acreditam que precisam disso”, enfatiza Edmund Tayao, professor de Ciências Políticas na Universidade de São Tomás.

No último ano, a guerra antidrogas foi particularmente cruel. Segundo um balanço oficial, a polícia matou 3.116 supostos traficantes e usuários.

Assassinos desconhecidos acabaram com a vida de 2.098 pessoas relacionadas com a droga. Em paralelo, 8.200 pessoas foram assassinadas por motivos desconhecidos.

Ativistas dos Direitos Humanos e outros opositores consideram que o presidente filipino talvez esteja orquestrando um crime contra a humanidade. Ele é acusado de incitar policiais corruptos e esquadrões da morte a cometer assassinatos em massa.

Até 23 de maio, a guerra contra a droga era sua prioridade, mas agora os extremistas do Estado Islâmico (EI) saquearam vários bairros da cidade de Marawi.

– ‘Supermaioria’ –

Duterte declarou imediatamente lei marcial em toda a região de Mindanao, no sul do país, onde vivem 20 milhões de pessoas. Acusou os extremistas de querer decretar ali um califado.

Mas, apesar de uma intensa campanha de bombardeios apoiada pelos Estados Unidos, o exército não conseguiu expulsar os radicais. Os combates causaram mais de 400 mortes, segundo o governo, e não devem parar por aí.

Outro sintoma da popularidade de Duterte é a “supermaioria” da qual dispõe na Câmara Baixa do Congresso, onde, dos 296 cadeiras, somente sete estão ocupadas pela oposição.

E um desses deputados da oposição, Edcel Lagman, inclusive chegou elogiar o trabalho do chefe do Estado, apesar de maneira bem discreta.

“Apesar de seu comportamento não-presidencial, sua linguagem vulgar, sua retórica abusiva e suas declarações políticas desequilibradas, o presidente Rodrigo Duterte, a seu modo impenetrável, mantém o país unido”.

Mas, segundo Lagman, as promessas de mudança não se traduziram em fatos. Se isso continuar, sua “supermaioria” pode ir pelos ares.

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