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Procuradoria acusa presidente da Guatemala de corrupção

O presidente da Guatemala, Otto Pérez, durante cerimônia na Cidade da Guatemala, no dia 14 de agosto de 2015 afp_tickers

A procuradoria guatemalteca e uma comissão da ONU contra a impunidade acusaram nesta sexta-feira o presidente Otto Pérez de ser um dos líderes de uma quadrilha de fraude alfandegária, poucas horas depois da detenção de sua ex-vice-presidente, Roxana Baldetti.

“Até o presente momento, encontramos em toda a organização e organograma (da fraude) a lamentável participação do senhor presidente da República e da senhora Roxana Baldetti”, afirmou em coletiva de imprensa o comissário da Comissão Internacional contra a Impunidade na Guatemala (CICIG), o ex-magistrado colombiano Iván Velásquez junto à procuradoria.

Em reação às acusações desta sexta-feira, o presidente guatemalteco assegurou que dará “a cara” diante das acusações da Procuradoria e da CICIG.

“Temos que enfrentar a situação, estamos dando a cara e vamos seguir dando a cara, temos que conhecer quais são as situações e no momento oportuno, temos que nos pronunciar”, declarou Pérez a jornalistas em uma reunião de trabalho para entregar alimentos a pessoas afetadas pela seca na região de Zacapa, cerca de 170 km a leste da capital.

O governante evitou se aprofundar sobre o tema, ao afirmar que desconhece a acusação e sustentou que terá maiores detalhes ao retornar à capital.

Além disso, o presidente evitou responder sobre se renunciará ao cargo pela denúncia da Procuradoria e da Comissão Internacional contra a Impunidade na Guatemala (CICIG), uma instituição da ONU que ajuda a desmantelar o crime organizado impregnado no Estado.

O comissário da CICIG afirmou que escutas telefônicas realizadas como parte das investigações incluíam referências a “o um” e “a dois”, que corresponderiam à participação de Pérez no esquema que cobrava subornos para sonegar o pagamento de impostos alfandegários.

“Se agora dizemos que ‘o um’ corresponde ao presidente e ‘a dois’ à vice-presidente, é porque temos provas que vão além das conversas telefônicas”, assegurou Velásquez.

A investigação desta estrutura criminosa começou em maio de 2014 e incluiu 86.000 sessões de escutas telefônicas, as principais provas contra os envolvidos.

Os entes acusadores inicialmente informaram que no topo da organização se encontrava Juan Carlos Monzón, então secretário privado da ex-vice-presidente Baldetti, que estava foragida.

Baldetti foi detida na manhã desta sexta-feira quando estava internada em uma clínica privada por um suposto problema de saúde.

Devido a estas provas, nesta sexta-feira as duas entidades apresentaram uma acusação preliminar contra o governante diante da justiça para que possa enfrentar julgamento pelos delitos de associação ilícita e corrupção passiva.

“Apresentamos diante do Organismo Judicial a documentação apreendida nas operações em conjunto e com as interceptações telefônicas disponíveis chegamos a considerar como provável que o senhor presidente da República tenha participado na comissão das mesmas condutas puníveis pelas quais foram acusadas as pessoas que integravam o esquema”, afirmou a procuradora-geral, Thelma Aldana.

Além disso, declarou que é “altamente provável que as menções ao ‘uno’, ao ‘chefão’, e ao dono da propriedade façam referência ao presidente Pérez”, completou.

Pérez está imerso em uma crise política sem precedentes após o desmantelamento da rede de fraude aduaneira no último 16 de abril.

O escândalo provocou manifestações massivas nas ruas da Guatemala contra a corrupção e pedindo a saída de Pérez.

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