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Programas espiões veem ‘tudo o que aparece na tela’ do celular

Ilustração de um smartphone com o site do grupo NSO, que apresenta o spyware 'Pegasus', em exibição em Paris em 21 de julho de 2021 afp_tickers

Após as revelações sobre a possível espionagem de chefes de Estado pelo programa Pegasus, especialistas em segurança cibernética explicaram à AFP que os telefones seguros disponibilizados a líderes civis e militares são conhecidos por sua ergonomia precária e dificuldade de uso.

Daí a propensão de alguns a usarem seus telefones pessoais, mesmo para comunicações que teoricamente não deveriam passar por esse canal.

Os spywares “são capazes de ver tudo o que é mostrado na tela”, apesar de a segurança dos telefones ter sido “fortalecida com o tempo”, destaca Gérôme Billois, especialista em segurança cibernética da consultoria Wavestone, em entrevista na quarta-feira.

PERGUNTA: O spyware parece ser cada vez mais comum e os ataques cibernéticos mais frequentes. É esse o caso e por quê?

RESPOSTA: “Esses meios muito sofisticados de espionagem estavam reservados a Estados com recursos financeiros muito significativos, o que lhes permitiu desenvolver ferramentas de ataque a serem usadas dentro de uma estrutura bem definida.

Mas agora, as empresas privadas estão fornecendo essas ferramentas de espionagem para vários países, o que reduz os custos. A assinatura desse tipo de serviço custa vários milhões de dólares por ano e é limitada ao número de pessoas a serem espionadas. Os ataques cibernéticos estão se tornando mais acessíveis e fáceis de realizar”.

P: A segurança dos telefones aumentou?

R: “Sim, reforçamos a segurança dos telefones ao longo do tempo, mas também desenvolvemos muito seu uso. Os telefones que apenas ligavam e enviavam mensagens de texto eram muito mais difíceis de hackear do que hoje, porque hoje são minicomputadores.

Telefones muito seguros têm usos muito limitados. Finalmente, qualquer novo uso em um telefone aumenta sua superfície de ataque. A segurança melhorou, mas com cada novo recurso, há uma nova superfície a ser protegida.

A segurança e o uso se equilibram, mas é um equilíbrio difícil e constantemente questionado, pois especialistas são pagos para procurar brechas na segurança.

As falhas mais custosas encontradas nos iPhones custam entre US $ 2 milhões e US $ 3 milhões, e as falhas mais baratas estão na ordem de US $ 50.000″.

P: As mensagens criptografadas são mais seguras?

R: “Hoje, as mensagens instantâneas são quase todas criptografadas: iMessage no iPhone, WhatsApp ou Signal. O que está criptografado é o canal de comunicação.

Quando a mensagem sai do telefone, ela está criptografada. Também está nas antenas do telefone, na internet e no telefone de quem a recebe.

Nenhuma conversa pode ser ouvida conectando-se à rede telefônica. É por isso que todos esses spywares foram desenvolvidos, pois são capazes de ver tudo o que é exibido na tela. Quando a mensagem aparece, se o spyware estiver instalado, vê a tela”.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

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