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Promotor acusado de perseguir opositores assume luta contra corrupção na Guatemala

(Jul/2021) Manifestação na Cidade da Guatemala pela renúncia do presidente e da procuradora-geral do país afp_tickers

A procuradora-geral da Guatemala, Consuelo Porras, que perdeu a “confiança” de Washington após demitir o chefe anticorrupção Juan Francisco Sandoval, nomeou nesta terça-feira para o cargo Rafael Curruchiche, funcionário da instituição acusado de perseguir opositores políticos e promover a impunidade.

A nomeação de Curruchiche, que chefiava a unidade de crimes eleitorais, tem o objetivo de “garantir uma resposta eficaz aos cidadãos e assegurar a continuidade da eficácia do trabalho realizado”, afirmou o Ministério Público (MP) em nota. “A procuradora-geral (…) reitera seu compromisso de garantir a continuidade do combate à impunidade e à corrupção”, acrescenta o texto.

Consuelo alegou ter demitido Sandoval porque ele exercia uma “justiça seletiva e ideologizada”. Depois de deixar a Promotoria Especial contra a Impunidade (Feci, sigla em espanhol), Sandoval, que se encontra hoje nos Estados Unidos para “proteger sua vida”, disse que enfrentou obstáculos em seu trabalho e que foi solicitado a não investigar o presidente, Alejandro Giammattei, sem o consentimento da procuradora-geral.

Curruchiche é acusado de criar casos contra vozes da oposição. Um deles foi a prisão em maio do ex-superintendente tributário Juan Francisco Solórzano Foppa, crítico de Giammattei, por supostas irregularidades na criação de um partido político.

A imprensa local noticiou dois casos em que juízes denunciaram o agora chefe anticorrupção por tentar favorecer acusados de crimes eleitorais, incluindo importantes empresários processados por financiamento ilegal do partido do ex-presidente Jimmy Morales (2016-2020). “O povo guatemalteco corre risco hoje de ser perseguido e acusado pelo MP. Os corruptos não apenas dormem em paz, mas também satisfeitos”, advertiu o deputado Samuel Pérez, de centro-esquerda.

Do exílio, Juan Francisco Sandoval alertou em vídeo publicado no Twitter que “a intenção dos perversos é prolongar o reino da impunidade”. “Também são atos de corrupção nomear promotores dóceis para fomentar a impunidade”, declarou o ombudsman Jordán Rodas, criticando Consuelo Porras.

A destituição de Sandoval, considerado por Washington um “campeão anticorrupção”, fez com que os Estados Unidos perdessem a “confiança” em Consuelo e congelassem a ajuda ao Ministério Público. Além disso, desde a saída de Sandoval, a Guatemala vive dias de protestos que exigem a renúncia de Giammattei e Consuelo.

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