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Protestos contra Temer marcam celebração da Independência do Brasil

O presidente Michel Temer e sua esposa, Marcela Temer, durante desfile do Dia da Independência, em Brasília, no dia 7 de setembro de 2016 afp_tickers

O Brasil celebrou nesta quarta-feira o dia de sua Independência e abriu os Jogos Paralímpicos em meio a protestos contra o presidente conservador Michel Temer e seus rígidos planos de ajuste econômico, após o impeachment de Dilma Rousseff.

Em meio a vaias e gritos de “Fora Temer!”, assim como de aplausos e palavras de ordem favoráveis, Temer inaugurou a celebração nacional ao lado da esposa, Marcela Temer, e vários ministros em Brasília.

Em seu primeiro grande ato público desde que assumiu a presidência na semana passada, Temer não desfilou no Rolls Royce conversível dos anos 50 -como manda a tradição desta data- nem vestiu a faixa presidencial acima do terno.

A poucos metros do desfile cívico-militar, na principal avenida da capital brasileira, cerca de 2.700 manifestantes, segundo a polícia, marcharam para o Congresso gritando frases contra o governo, acusado de promover retrocessos sociais.

O ministro-chefe da Casa Civil, Eliseo Padilha, subestimou os protestos e afirmou que “não surpreenderam o governo”. Dezoito pessoas em 18 mil. A dimensão está boa”, ironizou.

Dilma Rousseff também foi alvo de protestos durante o desfile do ano passado.

– Abertura e protestos –

Temer se dirigiu depois ao Rio de Janeiro, onde teve que enfrentar outro protesto durante a abertura dos Jogos Paralímpicos.

Em um Maracanã cheio, milhares de pessoas gritaram “Fora Temer”, em um réplica do que já aconteceu em 5 de agosto na abertura dos Jogos Olímpicos.

As manifestações contra Temer aconteceram também em outras cidades.

Em São Paulo vários grupos marcharam ao som de gritos contra o governo. De acordo com os organizadores, a convocatória reuniu 10.000 pessoas perto do meio-dia. A polícia não informou o número de manifestantes.

Em Belo Horizonte, os movimentos que convocaram o protesto informaram da adesão de aproximadamente 30.000 pessoas.

Os protestos se juntaram neste ano à tradicional manifestação popular denominada “Grito dos excluídos”, que desde 1995 utiliza o Dia da Independência para reivindicar direitos sociais.

No Rio de Janeiro, milhares de manifestantes se reuniram no centro da cidade.

Pelo menos um manifestante -fantasiado de Homem-Aranha- foi detido, constatou um jornalista da AFP.

“Não sairemos das ruas”, advertiu a socióloga Tassia Carvalho, de 29 anos.

“Quando houver a perda de direitos anunciada por Temer, com o corte dos direitos sociais, outras categorias se unirão aos protestos”, afirmou no Rio a manifestante Marília Palmeira, de 31 anos.

Desde o impeachment de Dilma Rousseff, no dia 31 de agosto, os protestos se multiplicaram em várias capitais de estados do país, e em algumas ocasiões acabaram em distúrbios.

A atuação violenta da polícia no Rio e em São Paulo foi objeto de críticas, e o Ministério anunciou que “investigará as denúncias” de abusos cometidos pelos agentes.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

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