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Raúl Castro governará Cuba até 2018 com velha guarda comunista

O ex-presidente cubano Fidel Castro e o presidente cubano, Raúl Castro, em Havana, no dia 19 de abril de 2016 afp_tickers

Empenhado em impedir o regresso do capitalismo a Cuba, o presidente Raúl Castro governará até 2018 com a velha guarda do Partido Comunista do país, que se absteve de renovar seu comando ao término de seu Sétimo Congresso, nesta terça-feira, em Havana.

O maior órgão de decisão de Cuba ratificou o comando da ilha e apenas introduziu pequenas mudanças no seleto e poderoso Burô Político, o que pôs fim a qualquer expectativa de mudança profunda após a reconciliação política com os Estados Unidos.

Perto de completar 90 anos, Fidel Castro, líder da Revolução Cubana, assistiu ao encerramento e pronunciou um discurso com ar de despedida em que confiou na continuidade do legado revolucionário depois de sua morte.

Muitos companheiros de Fidel e Raúl Castro na luta guerrilheira da Sierra Maestra, que triunfou em 1959, seguem presentes no novo Comitê Central do PCC, entre eles o Comandante da Revolução, Ramiro Valdés.

Raúl Castro, de 84 anos, no poder desde 2008, foi ratificado como primeiro-secretário pelo Congresso, que também aprovou uma norma que limita a 70 anos a idade máxima para exercer cargos de direção do PCC, anunciaram os meios de comunicação estatais.

No entanto, a nova disposição entrará em vigor depois de 2021.

“Agradeço por haver sido eleito, pela segunda vez, primeiro-secretário do Comitê Central do PCC, com a certeza de que minha principal missão é defender, preservar e continuar aperfeiçoando o socialismo cubano e não permitir o retorno ao capitalismo”, disse o presidente durante o encerramento de quatro dias de deliberações.

Tal como se esperava, o líder ratificou sua decisão de deixar o governo em 2018, mas manterá as rédeas do PCC junto a companheiros da revolução de 1959 e sem abrir espaço a outros atores políticos dentro do sistema de partido único.

“O congresso concordou em manter na direção do Partido um reduzido grupo de veteranos da geração histórica com idade elevada e que, por sua longa trajetória revolucionária, gozam de autoridade ante o povo”, justificou o mandatário em uma intervenção transmitida pela televisão estatal.

O Sétimo Congresso do PCC, que iniciou suas deliberações no sábado, foi realizado sem acesso para a imprensa internacional.

A Constituição em vigor na ilha desde 1976 reconhece o partido como “a força dirigente superior da sociedade e do Estado”, à qual o governo e o Parlamento se subordinam.

Além de Raúl Castro, também permanecerá em seu posto de segundo secretário o médico José Ramón Machado Ventura (85 anos), outro líder histórico.

O Burô Político, até agora de 14 membros, teve apenas duas baixas em relação à sua formação em 2011: o ex-ministro do Interior, Abelardo Colomé (76 anos), outro membro histórico que, por razões de saúde, pediu a aposentadoria de todos os seus cargos até o fim de 2015, e o atual ministro de Transportes, Adel Yzquierdo.

Além disso, o congresso do PCC ampliou a 17 o número de membros, também aumentando, de uma a quatro integrantes, a participação das mulheres.

Os novos cinco integrantes do Burô Político são: Roberto Morales, ministro da Saúde; Ulises Guilarte, secretário-geral da Central de Trabalhadores de Cuba; Teresa Amarelle, secretária da Federação de Mulheres Cubanas; Miriam Nicado, reitora da Universidade de Ciências Informáticas, e Marta Ayala, vice-diretora do Centro de Engenharia Genética e Biotecnologia.

“O partido está adiando o inevitável: tomar uma nova direção política. Neste ponto, parece que há pouco acordo interno, somente facções reformulam suas posições e a velha guarda segue em pé”, afirmou à AFP Michael Shifter, presidente do centro de pensamento Diálogo Inter-americano.

Permanecem no Burô Político os três primeiros comandantes das Forças Armadas, os generais Leopoldo Cintra, Ramón Espinosa e Alvaro López, assim como três homens-chave do governo: o vice-presidente Miguel Díaz-Canel, o ministro da Ecnomia, Marino Murillo, e o chanceler Bruno Rodríguez.

O Congresso também ampliou de 116 a 142 o número de membros do novo Comitê Central, com uma média de idade de 54,5 anos, 44% deles mulheres e 36% negros e mestiços.

Segundo a norma comunista, o máximo órgão de decisão é o Congresso do PCC – com mil delegados – que se reúne teoricamente a cada cinco anos; o Comitê Central – que delibera duas vezes ao ano – é o responsável por dar prosseguimento às resoluções.

Por sua vez, o Burô Político é o que exerce o poder na prática diária.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

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