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Sem acordos em vista para superar a crise, milhares protestam na Colômbia

(28 abr) Manifestantes enfrentam a polícia em Bogotá afp_tickers

Milhares voltaram a se manifestar nesta quarta-feira (9) na Colômbia contra o presidente Iván Duque, depois de quase um mês e meio de dias sangrentos com dezenas de mortes e em meio a negociações frustradas entre o governo e sindicatos dos manifestantes.

Os protestos percorrem as ruas das principais cidades com cartazes que exigem basicamente o fim da repressão policial e um Estado mais solidário diante dos problemas causados pela pandemia, que deixou 42% dos 50 milhões de habitantes na pobreza.

Em Bogotá, um grupo de indígenas tentou derrubar as estátuas de Cristóvão Colombo e da rainha Isabel “La Católica”, localizadas em uma avenida que leva ao aeroporto El Dorado, em uma expressão simbólica que tem ocorrido nos protestos.

“Hoje estamos aqui para denunciar esses crimes contra a humanidade cometidos há mais de 500 anos, que continuam a ser cometidos hoje, as formas de governar e reprimir o povo continuam as mesmas”, disse à AFP o indígena Édgar Velasco, de 36 anos, que protestava junto a monumentos já isolados pelas forças de segurança.

Os protestos começaram no dia 28 de abril contra um aumento nos impostos, algo já arquivado, e se transformou em um movimento de manifestações diárias marcadas por dias mais cheios que outros, bloqueios em estradas e confrontos violentos entre civis e a força pública.

O fechamento de estradas afetou principalmente três departamentos no sudoeste do país, onde houve problemas no abastecimento e ataques a missões médicas.

A polícia está na mira da comunidade internacional, que denuncia os excessos e abusos de sua parte contra os manifestantes, o que motivou a visita da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) entre os dias 6 e 10 de junho ao país.

Duque anunciou no domingo um plano para reformar a polícia com foco no respeito aos direitos humanos, embora o projeto tenha sido questionado por organizações internacionais por seu escopo limitado.

Ao menos 61 pessoas morreram desde o início dos protestos, segundo autoridades e o Ministério Público. Dois deles eram agentes da força pública.

Por sua vez, a ONG Human Rights Watch afirma ter “denúncias credíveis” a respeito de 34 mortes no contexto das manifestações, das quais 20 aparentemente ocorreram pelas mãos da polícia. Dessas, 16 foram a tiros disparados com a intenção de “matar”.

Cerca de 2.400 civis e policiais ficaram feridos nas manifestações, segundo balanço do Ministério da Defesa.

A organização mais próxima dos manifestantes suspendeu no domingo as negociações que mantinha desde o início de maio com o governo Duque, que está no poder desde 2018.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

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