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Temer lança Henrique Meirelles como pré-candidato à presidência

(15 mai) Meirelles e Temer participam de cerimônia pelos dois anos de governo deste último, em Brasília afp_tickers

O presidente Michel Temer lançou nesta terça-feira (22) o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles como pré-candidato do MDB para disputar as eleições de outubro.

“O Meirelles é o melhor entre os melhores”, declarou Temer durante um evento do partido em Brasília para lançar o programa de governo, chamado “Encontro com o futuro”, e a pré-candidatura.

Meirelles, de 72 anos, assumiu o controle da economia brasileira em 2016, após o impeachment da presidente Dilma Rousseff, a reivindica que o Brasil saiu da recessão graças a seus programas de ajuste.

Sua candidatura agrada o mercado, mas ele terá que se esforçar para conquistar um eleitorado que, segundo as pesquisas, lhe destina apenas cerca de 1% das intenções de votos.

“Muitas pessoas nunca tinham ouvido falar do meu nome, mas, após conhecerem o histórico, após conhecerem o que está sendo feito no Brasil, terem acesso a todas as informações, o resultado foi um aumento impressionante da intenção de voto”, disse Meirelles.

A candidatura de Meirelles – que foi presidente mundial do BankBoston e do Banco Central durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) – ainda deve ser ratificada na convenção nacional do MDB, prevista para o fim de julho ou começo de agosto.

Com o anúncio, Temer oficialmente desiste de sua eventual candidatura. Há meses ele mantinha essa possibilidade em aberto, apesar de sua elevada taxa de impopularidade.

Meirelles é casado desde 2000 com uma psiquiatra brasileira que conheceu nos Estados Unidos e não tem filhos.

– Eleições incertas –

O cenário das eleições deste ano é o mais incerto desde a retomada democrática no país, em 1985.

Os favoritos das pesquisas são Lula – que cumpre, desde o mês passado, pena de 12 anos de prisão por corrupção e cuja candidatura deve ser embargada pela Justiça Eleitoral -, com um terço das intenções de votos, e Jair Bolsonaro, com quase 20%.

A principal bandeira de Meirelles será a continuidade das reformas e o ajuste fiscal impulsionado pelo governo. Ele afirma que essas medidas tiraram o Brasil da pior recessão de sua história.

Ele vai disputar o eleitorado do ex-governo de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB).

No documento, “Encontro com o futuro”, o MDB apresentou as principais linhas de seu programa: continuar as reformas, estimular a participação do setor privado, reduzir a intervenção do Estado na economia, melhorar os sistemas de segurança, saúde e educação.

– Banqueiro na política –

Meirelles, engenheiro civil de Anápolis, em Goiás, entrou no BankBoston brasileiro em 1974 e quase duas décadas mais tarde tornou-se seu presidente mundial.

Em 2002, voltou ao Brasil e foi eleito deputado – o mais votado de Goiás -, mas imediatamente deixou o cargo para presidir o Banco Central.

Depois de 2010, foi consultor durante alguns anos do grupo J&F – dos irmãos Joesley e Wesley Batista, envolvidos num escândalo de corrupção e influência política que, no ano passado, alcançou Temer.

Como ministro da Fazenda, estabeleceu um teto para o gasto público pelas próximas duas décadas, flexibilizou a legislação trabalhista, estimulou privatizações e prometeu uma grande reforma da Previdência – que não foi realizada, contudo.

A economia do Brasil voltou a crescer em 2017, a 1%, após ter recuado 3,5% tanto em 2015 quanto em 2016. O desemprego também caiu no ano passado, apesar do aumento dos trabalhos informais. Nos últimos três meses, contudo, essa taxa voltou a subir, e hoje alcança 13,1% da população ativa – ou 13,7 milhões de pessoas.

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