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Três eleições no Peru com longas contagens que antecederam o suspense de 2021

Keiko Fujimori (E) e Pedro Castillo (D) se enfrentam no domingo na eleição presidencial em que os peruanos elegerão seu presidente afp_tickers

As três últimas eleições presidenciais do Peru ilustram o suspense que caracteriza a contagem de votos neste país sul-americano, onde o anúncio do vencedor pode levar até 25 dias.

A disputa entre o esquerdista Pedro Castillo e a direitista Keiko Fujimori continuou a engrossar o grupo de eleições em que demorou mais de 24 horas para saber quem governaria o país nos próximos cinco anos. Fujimori já protagonizou três desses desfechos, considerando o atual.

A lentidão com que o órgão eleitoral refina os resultados de 90% dos votos vai de mãos dadas, entre outras coisas, com a logística e a geografia do Peru.

Após 36 horas, o professor da escola rural lidera a contagem oficial com 50,2% dos votos sobre 49,8% da adversária, com 97,81% dos votos apurados.

Após 90% do escrutínio, o órgão estadual, o Escritório Nacional de Processos Eleitorais (ONPE), desacelera porque passa a depender da ordem de chegada das planilhas de apuração das áreas rurais, da selva e do exterior.

No caso da Amazônia, várias atas são transferidos por via fluvial por falta de estradas.

Em relação aos votos dos eleitores que vivem no exterior, que rondam um milhão, as atas só devem chegar por via aérea com um oficial diplomático por uma questão de “neutralidade do processo”.

– ‘Remake’ de 2016? –

Em 2016, o resultado da disputa presidencial entre Keiko Fujimori e Pedro Pablo Kuczynski demorou sete dias para ser oficialmente declarado, em um cenário de incertezas como o desta terça-feira.

O resultado mostrou uma margem estreita a favor de Kuzcynski, que obteve 50,12% contra 49,88% de Fujimori.

A ONPE, então, encerrou a contagem de todas as cédulas uma semana após a eleição, após somar quase 200 votos que haviam sido questionados.

A diferença final entre os dois candidatos foi de 0,248 pontos percentuais. Fujimori perdeu por 42.597 votos de diferença.

– Cédulas de 2011 e 2006 –

Nas eleições presidenciais de 2011 entre Ollanta Humala e Keiko Fujimori, a diferença foi maior (51,4% vs 48,4%), mas os resultados demoraram 10 dias para serem formalizados.

Em 2006, foram necessários 25 dias para definir o candidato que iria às urnas contra Ollanta Humala, vencedor do primeiro turno.

O ex-presidente Alan García e a conservadora Lourdes Flores lutaram por essa vaga, definida por uma diferença a favor do ex-presidente de 0,3%.

García mais tarde conquistaria a presidência com 52,62%, contra 47,38% de Humala. Em seguida, a ONPE demorou nove dias para dar o resultado pela impugnação de mais de 200 votos.

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