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Uma política pouco conhecida assume presidência da Bolívia

A senadora Jeanine Añez acena para a multidão como presidente interina da Bolívia, em 12 de novembro de 2019, em La Paz. afp_tickers

A senadora Jeanine Añez, uma política pouco conhecida nacionalmente, assumiu nesta terça-feira a presidência interina da Bolívia, prometendo organizar eleições no menor tempo possível.

Esta advogada de 52 anos do departamento de Beni, na região de fronteira com o Brasil, era a segunda vice-presidente do Senado até se tornar o 66º presidente da Bolívia, dois dias após a renúncia de Evo Morales, pressionado por protestos diante de uma questionada reeleição, em 20 de outubro.

“Queremos convocar eleições o mais cedo possível”, disse Añez, que recebeu o apoio dos principais líderes opositores.

Añez é a segunda mulher a governar a Bolívia, depois de Lidia Gueiler (1978-1980), derrubada por um golpe militar.

Nascida em Trinidad, na cabeceira do departamento de Beni, no dia 13 de junho de 1967, Añez tem boa experiência como política e legisladora. É divorciada e mãe de dois filhos: Carolina, uma dentista de 29 anos, e José, admistrador de empresas de 24.

Formada em direito, entre 2006 e 2008 integrou a Assembleia Constituinte que redigiu a atual Constituição. Apesar de pertencer a um partido minoritário, foi eleita segunda vice-presidente do Senado, e acabou na presidência diante da ausência dos demais políticos na linha de sucessão.

Com a faixa presidencial no peito e uma pequena Bíblia na mão, discursou do balcão do Palácio Quemado, diante da Praça Murillo, a poucos metros do Congresso.

Integrante do partido Unidade Democrática e senadora desde 2010, ficou nacionalmente conhecida no domingo, quando após a renúncia de Morales e diante da ausência do presidente do Senado e de seu primeiro vice-presidente, declarou que lhe correspondia assumir as rédeas do país.

“Ocupo a segunda vice-presidência e pela ordem constitucional me corresponde assumir este desafio, com o único objetivo de convocar novas eleições”, declarou na ocasião.

Sua proclamação como chefe de Estado, avalizada pelo Tribunal Constitucional, provocou um carnaval em Trinidad, e também foi celebrada em La Paz e em outras cidades que se mobilizaram contra a reeleição de Morales.

A presidente interina defendeu nesta terça-feira a manutenção do uso da bandeira multicolorida whipala, adotada pelos seguidores indígenas de Morales, como símbolo nacional junto ao pavilhão tricolor boliviano.

Em seguida exibiu triunfante um enorme exemplar de “Os quatro evangélios”.

Añez prometeu que “nunca mais” se roubará o voto dos bolivianos, e pediu um minuto de silêncio pelos sete mortos durante os protestos pela renúncia de Morales.

Os adversários de Morales afirmam que ele ignorou duas vezes o voto popular: no referendo que negou sua reeleição indefinida, em 2016, e nas eleições de outubro passado.

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