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Venezuelanos votam em eleições regionais após meses de confrontos nas ruas

O líder da oposição Henrique Capriles (D) e o candidato ao governo do estado de Miranda, Carlos Ocariz (C), durante comício em Caracas em 11 de outubro afp_tickers

Os venezuelanos votaram neste domingo em eleições regionais, celebradas sem incidente e vistas pela oposição como um plebiscito contra o presidente Nicolás Maduro, depois de terem tentado derrubá-lo durante quatro meses de violentos protestos.

Na hora prevista de fechamento das urnas, às 18H00 do horário local (22H00 GMT, 20 horário de Brasília), o governo e a oposição multiplicavam seus pedidos de voti e muitos locais de votação permaneciam abertos para receber os eleitores ainda na fila, conforme definiu o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), que ainda não tinha dado a votação oficialmente como concluida.

Mais de 18 milhões de eleitores foram convocados para escolher os governadores de 23 estados para mandatos de quatro anos nessas eleições que a oposição aparece como favorita em contexto de agravamento da crise econômica.

Filas de eleitores se formavam nos locais de votação, que fluiu normalmente, embora a oposição tenha denunciado que vários centros onde vota uma maioria de seus apoiadores tenham aberto mais tarde por falta de luz, defeitos nas máquinas ou ausência de membros do poder eleitoral.

Uma fonte do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) informou à AFP que pouco mais de 45% dos 18 milhões de eleitores foram votar até as 20H30 GMT (18H30 horário de Brasília).

As eleições regionais acontecem com um ano de atraso e após dois meses de trégua, depois dos protestos que deixaram 125 mortos entre abril e julho, convocados pela opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) para exigir a saída do presidente Nicolás Maduro.

O presidente, que se declara vencedor da disputa nas ruas, transformou as eleições para governadores em um ato de legitimação da governista Assembleia Nacional Constituinte, não reconhecida pela oposição e por vários países da América Latina e Europa.

“Isto é um triunfo da democracia revolucionária. A Assembleia Nacional Constituinte convocou esta eleição como seu poder plenipotenciário e temos que votar pela paz”, disse Maduro no início da votação no Palácio de Miraflores.

A MUD tenta retomar a luta e demonstrar que ainda é maioria. Este será o primeiro duelo eleitoral desde sua esmagadora vitória nas legislativas de 2015, quando a oposição rompeu uma hegemonia chavista de 18 anos.

“Não se trata de alguns governadores, nem de partidos, e sim de vencer Maduro. É uma jornada histórica, o reinício de uma etapa de pressão que continuará contra a ditadura”, afirmou o deputado Freddy Guevara, um dos líderes dos protestos.

Antecipando um eventual avanço da MUD, Maduro afirmou que os governadores eleitos devem ser subordinados à Constituinte, totalmente governista, já que a oposição não participou da votação para a mesma, por considerá-la fraudulenta.

A coalizão opositora descartou seguir esta ordem, o que significa a possibilidade de um novo conflito.

Apesar da MUD ter maioria no Parlamento, o poder do Legislativo foi anulado pela justiça – acusada de atuar em favor do governo – e algo similar pode acontecer com os governadores em função da Constituinte.

A MUD, no entanto, pediu a seus seguidores que ignorem as mensagens de Maduro, que a coalizão considera uma tentativa de promover a abstenção.

“Vamos deslegitimar a Constituinte com a votação em massa”, pediu o deputado opositor Miguel Pizarro.

Apesar do governo, que tem o controle de 20 estados, contar com uma poderosa máquina de propaganda, os institutos de pesquisa Delphos e Datanális apontam que a oposição deve triunfar em pelo menos 11 estados, mas o número pode chegar a 18.

A MUD acusou o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) de tentar prejudicar seus eleitores ao impedir a substituição de candidatos que inicialmente estavam inscritos e mudar, na última hora, 274 locais de votação em 16 estados.

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