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Zelaya descarta ‘fraudes horrorosas’ em Honduras com reforma eleitoral

O ex-presidente hondurenho Manuel Zelaya comemora que seu país não seja mais vítima de "fraudes horrorosas" com a reforma eleitoral afp_tickers

Honduras não será mais vítima de “fraudes (eleitorais) horrorosas”, comemorou nesta sexta-feira (1) o ex-presidente deposto Manuel Zelaya, depois que o Congresso aprovou uma reforma acordada entre a situação e a oposição que torna as eleições transparentes após as acusações de fraude no pleito de 2017.

Em entrevista à AFP, Zelaya, líder da esquerda hondurenha e coordenador do partido Liberdade e Refundação (Livre), afirmou que o governista Partido Nacional (PN, direita) e os grupos econômicos que o apoiam reconheceram que não podem mais continuar governando com “fraudes horrorosas”, razão pela qual aceitaram empreender as reformas propostas pela oposição.

Sentado no sofá de sua casa, sem seu costumeiro chapéu, Zelaya explicou que na semana passada o Congresso aprovou reformas constitucionais que “são um passo importante” para se conseguir transparência nas próximas eleições.

Ele acrescentou que na próxima semana o Legislativo vai aprovar outras leis para regulamentar estas reformas.

As reformas “são uma necessidade histórica pelas experiências ruins que tivemos nas últimas três eleições, quando se derrubou o sistema eleitoral (…) e o presidente nomeou pelo computador”, sentenciou.

Zelaya sustentou que nas últimas eleições, o sistema de cômputo do TSE foi “manipulado” para alterar o resultado e favorecer a reeleição do presidente Hernández.

As reformas “não são suficientes para vencer um sistema autoritário militar que se instalou em Honduras, mas são um primeiro passo”, insistiu o ex-presidente.

As mudanças aprovadas na Constituição foram o tiro de misericórdia no desprestigiado Tribunal Supremo Eleitoral (TSE), controlado pela situação, que em 2017 declarou reeleito o presidente Juan Orlando Hernández em uma contagem de voto questionados pela oposição e observadores internacionais.

Hernández conseguiu se candidatar a um segundo mandato consecutivo apesar de a Constituição veda a reeleição, depois de uma interpretação da Sala Constitucional, que considerou que esta proibição violava seus direitos humanos.

A vitória eleitoral de Hernández desatou violentos protestos em todo o país, que deixaram 22 mortos.

A reforma aprovada prevê a substituição do TSE por um Conselho Nacional Eleitoral (CNE) e um Tribunal de Justiça Eleitoral (TJE), com representantes do Livre, do PN e do Partido Liberal (PL, também de direita).

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