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Agricultores dizem que estão cada vez mais pobres

Receber turistas é uma possibilidade de diversificar a renda. Keystone

Metade das explorações agrícolas está ameaçada de desaparecer e 25% dos agricultores suíços vivem abaixo do limite de probreza, segundo a União de Agricultores Suíços (USP)

Em Berna, a Secretaria Federal da Agricultura (OFAG) relativiza esses números.

A União Suíça de Agricultores (USP) lançou um grito de alarme ao apresentar seu relatório anual 2006, quinta-feira (04/01), perto de Berna.

“O povo suíço e seus representantes estão diante de um momento crucial”, disse o presidente da USP e deputado federal Hansjörg Walter.

Mesmo sem contar com a pressão adicional do plano de política agrícola 2011 e sem o acordo de livre comércio da Organização Mundial do Comércio (OMC), metade das explorações agrícolas do país desaparecerão daqui a 10 ou 15 anos.

Evolução angustiante

Para o mundo agrícola, essa evolução é angustiante. A questão é a seguinte: o país deve decidir se quer manter uma agricultura multifuncional e explorações familiares em todo o país ou, ao contrário, fazer da Suíça um país como os escandinavos, coberta de florestas, sublinhou Hansjörg Walter.

A sustentabilidade e a qualidade dos produtos exigem uma agricultura suíça, enquanto a importação de alimentos está na origem dos problemas ecológicos e sociais. A economia alimentar globalizada representa um peso significativo sobre o meio ambiente em todo o mundo, precisou Walter, pedindo o apoio dos consumidores suíços.

Nova queda

“A renda anual por unidade de mão-de-obra familiar na agricultura caiu de 36.700 francos para 33.800 em um ano”, destacou Jacques Bourgeois, diretor da USP. Esse montante representa metade da renda média dos outros setores na Suíça, ou seja, 67.200 francos suíços.

“O fato é que cerca de um quarto das famílias camponesas não podem satisfazer suas necessidades elementares”, afirmou Bourgeois. Essas explorações não conseguem investir ou fazer reservas para a previdência social.

O resultado, segundo a OSP, é que a agricultura suíça tem uma proporção de
working poor (trabalhadores pobres) particularmente alta. As pessoas que estão abaixo do limite de pobreza, depois de pagar os impostos e a seguridade social, representavam 6,7% da população, em média, em 2004. Na agricultura, essa taxa varia entre 20 e 30%, segundo Jacques Bourgeois.

«Dados a relativizar»

Em Berna, a Secretaria Federal de Agricultura (OFAG), integrada ao Ministério da Economia, relativiza os números da USP. Não se pode comparar a renda do agricultor com a de outras categorias da população, explicou Eduard Hofel, vice-diretor da OFAG.

Segundo ele, apesar das rendas modestas, as explorações agrícoloas dispõem de meios suficientes para viver. A contabilidade acusa baixas rendas por causa das amortizações.

Hofer afirma ainda que essa forte proporção de working poor também é a expressão de mudanças às quais não se pode resistir. Ele não acha que aumentar a ajuda do governo seria uma solução: “seria apenas um alívio a curto prazo”.

Parlamento ainda vai discutir

Na última sessão parlamentar do Congresso, o Senado aprovou uma verba suplementar de 150 milhões de francos para o plano de política agrícola 2011, contra a posição do governo.

A Câmara dos Deputados ainda vai discutir a questão.

swissinfo com agências

Em 2005, o setor agrícoloa empregava 188 mil pessoas, contra 254.600 em 1990.
No mesmo período, 30 mil explorações agrícolas cessaram suas atividades.
Em 15 anos, as despesas da Confederação Helvética com a agricultura passaram de 2,6 a 3,7 bilhões de francos por ano.
Em 2005, a participação da agricultura no PIB – produto interno bruto – era de 1%.

Entre 2004 e 2007, a Confederação teria destinado 14.092 bilhões de francos para a agricultura, ou seja, 8,5% das despesas totais em 1990, contra 7,1% em 2006.

O elemento central da reforma da política agrícola PA 2011 é o pagamento de subvenções diretas não ligadas à produção nem ao apoio a mercados.

O governo pretende também limitar o orçamento da agricultora a 13,5 bilhões de francos para 2008-2011.

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