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Aperta-se o cerco a produtores de carne

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Na Suíça, açougueiros e produtores de carne em geral cobram das autoridades fiscalização severa para que seja respeitada legislação sobre alimentos. Na berlinda o uso de antibióticos pela China. Pode sobrar para o Brasil.

A síndrome de Chernobyl que se abateu sobre os produtores de carne de vaca e de porco e agora sobre o frango, na esteira de vários escândalos alimentares – sendo o último a detecção de antibióticos em frangos importados da China – continua a levantar poeira.

Tolerância zero?

Sindicato suíço de açougueiros e a Associação Suíça de Profissões da Carne acabam de comunicar que dia 25 vão se encontrar com autoridades competentes para lembrar que o Estado tem obrigação de fazer respeitar normas sobre engorda de animais destinados ao corte. Estimam que as autoridades devem definir, por exemplo, se a tolerância zero é necessária à saúde pública.

Decidiram também pedir limitação das importações de aves e outros produtos alimentares chineses. A União Européia (EU) decretou já no mês de janeiro proibição geral de importar produtos chineses de origem animal.

A iniciativa segue-se, então, a esse novo escândalo alimentar, em conseqüência do qual as duas maiores redes de supermercados do País – Migros e Coop – decidiram, em fins de fevereiro, retirar o produto chinês de suas prateleiras, depois de constatar presença de resíduos antibióticos.

Gama de controles pode aumentar

Entre esses resíduos havia traços de “chloramphenicol”, proibido na Suíça. O medicamento é altamente tóxico e pode provocar distúrbios genéticos no ser humano.

A Suíça importa da China 13 mil toneladas por ano de frangos, ou seja 40% do que consome, até porque o produto chinês é três vezes mais barato que o europeu.

Na Suíça, organizações de proteção dos consumidores (como a “Fédération Romande des consommateurs”- FRC) pediam às autoridades, há bastante tempo, um certo alinhamento do País com as decisões européias. Mas não foram ouvidas. Apenas em fevereiro receberam resposta que “controles veterinários iriam ser reforçados nas fronteiras”, como lembra o jornal Le Matin, de Lausanne.

Máquina legislativa

A RFC assinala que o controle deve ser ampliado do frango aos peixes, coelhos crustáceos e mesmo ao mel”.

A própria Suíça teve que se dobrar a normas baixadas pela UE no setor de gêneros alimentícios. Era condição para continuar a exportar leite, queijo e carne.

Desde que a produção de alimentos e carne se tornou uma verdadeira indústria, abusos mais ou menos conscientes no sentido de aumentar o rendimento tem tido conseqüências para o consumidor. Progressivamente, as autoridades colocam barreiras a essa evolução.

Baixa no consumo

Na Suíça, em 1980 saía a proibição de hormônios. Em 2000 ficava interditada a distribuição de antibióticos preventivos. Mas normas destinadas a impedir farelos de origem animal, aparentemente responsável pela doença da vaca louca, foram ignoradas na ração de suínos e ovinos.

Os consumidores europeus preocupam-se cada vez mais com o que comem. Sinal dos tempos, o consumo de carne que era de 56 kg per por cabeça na Suíça em 1960, e chegara ao auge de 74 kg em 1974, estava reduzida a 53 kg no fim da década de noventa.

Quanto à preocupação com o frango, pode sobrar também para o Brasil, grande exportador dessa ave para a Suíça. Os controles serão certamente mais severos daqui pra frente.

J.Gabriel Barbosa

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