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A Suíça vista pelo pintor brasileiro Adão Pinheiro

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A arte sempre foi um tema tratado pela redação em português da Rádio Suíça Internacional (RSI). Em outubro de 1973, o jornalista Luiz Amaral transmitiu uma reportagem sobre o pintor brasileiro Adão Pinheiro, que na época vivia na Suíça, e falou das suas impressões.

Filho de mulato com branca de origem italiana, o gaúcho Adão Pinheiro diz ter oscilado entre duas culturas sofrendo “um processo de desarraigamento”, mas sempre jurando pelo barroco: da Idade Média ao barroco pernambucano. Reorientou, porém, seus trabalhos segundo preocupações próprias “que iam do Oriente às culturas africanas”.

Em sua temática, depois de chegar à Suíça, abandonou o preto e branco pelo colorido, por algo mais preciso, influenciado pela paisagem suíça. Uma influência que qualifica de oriental, de japonesa. Surgiu também o interesse por outros materiais, como o papel, “que não é permanente”. Aponta um apelo na natureza que “tem signos” para ele.

Indagado sobre a impressão que tem das artes e artistas suíços, Pinheiro diz que ninguém pode fugir de certas influências como Paul Klee. Gosta de l’Hermite, de Erni, Giacometti. No que diz respeito ao povo suíço, relativiza a comentada frieza helvética, achando que a comunicação não é problema na Suíça. Quando expôs, em Rothrist (AG), onde vive, “quase ficou rouco de tanto conversar.”

O artista diz estar muito atraído por Zurique que “tem uma atmosfera que talvez já não exista mais em Paris”. Teve ocasião de visitar uma Zurique “belle époque” e comer em restaurante cercado por quadros de Klee, Picasso, Portinari. A cidade “tem dimensão humana” e nela “pode-se descobrir coisas”, como roupas e livros antigos. Em Berna teve prazer em descobrir a cidade; de, por exemplo, ver a catedral, “como se lesse um livro de histórias”, o que lhe fez bem, porque andava meio farto de grandes cidades.

Em Olten, notou possibilidade de ter relações “quase que mais familiares com outras pessoas”. Pinheiro estima que basta romper a reserva dos suíços para que eles se mostrem afetivos. Fala de seu encontro com a escritora Erika Burkart.

Quanto às artes populares, sentiu-se atraído por insígnias de restaurantes, de ferro trabalhado, e refere-se a objetos feitos por pessoas meio isoladas que, a seu ver, incorporam certa magia.

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