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Artistas suíços ganham retrospectiva em São Paulo

Cena de "Pink Ribbons", de Léa Pool Pink Ribbon, Inc.

A Suíça marca presença este mês no circuito de eventos cuturais de várias cidades do Brasil. São Paulo recebe pela primeira vez as obras do pintor e escultor suíço Alberto Giacometti.

No cinema, foi a vez da premiada cineasta suíça Léa Pool, que acaba de lançar o documentário “Pink Ribbons”, (em português fitas cor de rosa) no qual discute o destino dos fundos arrecadados em várias partes do mundo para o combate ao câncer de mama.

Léa Pool participou de algumas sessões de seus filmes e conversou com o público sobre questões da identidade feminina, que permeiam sua obra de maneira central. Os eventos fazem parte da última edição da Festa Internacional da Francofonia, organizadas por representantes de países que têm o francês como língua oficial.

Durante a passagem por São Paulo, Léa Pool conversou com swissinfo.ch e falou sobre a mostra de filmes que faz a retrospectiva de sua carreira. Nos próximos dias, a obra da cineasta será exibida em Brasília e no Rio de Janeiro, no Centro Cultural Banco do Brasil.

swissinfo.ch: A Sra. acaba de finalizar o filme “Pink Ribbons”, sem título em português, um documentário que trata do tema do combate ao câncer de mama. Porque o tema se tornou polêmico?

Léa Pool – A fita rosa é o símbolo do combate ao câncer de mama e aborda uma arrecadação milionária, em vários países, em prol do câncer de mama. O documentário  questiona o destino e o uso do dinheiro que fazem vender milhões de produtos pelo mundo. Muito pouco é utilizado na prevenção do câncer de mama e nas pesquisas sobre as causas da doença.

Como o filme está sendo recebido pelo público?

Está indo bem. Querem exibí-lo em Nova York e acho que seria muito bom trazê-lo para o Brasil. As mulheres que participam desse filme são muito articuladas e inteligentes. É um assunto que toca muito as pessoas.

Você era professora antes de se tornar diretora de cinema. Como acabou passando de uma atividade para a outra?

Decidi ser professora porque queria a independência financeira. Apesar de gostar da profissão achei que o ambiente era conservador demais. Então resolvi  estudar cinema no Québec, Canadá, para ensinar os alunos a produzir vídeos. Achei que isso abriria a mente deles, que tinham idade entre 13 e 14 anos. Quando terminei o curso  percebi que eu podia fazer filmes e o primeiro deles foi feito com restos de um filme de um professor meu. Me dei conta de que a maneira de fazer filmes depende de como se juntam os pedaços.

Você é suíça e vive no Canadá. Qual é sua ligação coma Suíça hoje?

Eu tenho uma filha adotiva de 16 anos e moro no Canadá, mas minha mãe vive na Suíça e eu sou de Genebra. Eu faço muitas co-produções com a Suíça e gostaria de filmar no meu país de origem. O filme “Mamãe foi ao cabeleireiro” foi premiado pelo público no festival de cinema de Solothurn. Até hoje sempre tentei estar conectada com a Suíça.

Chegou a tratar de temas para o público infantil?

Gosto muito de crianças e de trabalhar com elas. Meus filmes sempre têm crianças. A Borboleta Azul é um filme baseado em uma história real de um garoto de dez anos que tem um tumor no cérebro e lhe deram poucos meses de vida. Seu sonho é encontrar uma borboleta azul na floresta tropical. O filme foi feito na Costa Rica, com o William Hurt. Esse filme me abriu portas porque é falado em inglês. Além disso pude levar minha filha comigo durante as filmagens, o que fez com que ela entendesse melhor o meu trabalho.

Como a Sra. vê a evolução da própria obra ao longo dos anos?

É uma pergunta difícil. Meus primeiros filmes, entre 1979 e 1990, eram muito pessoais. Eu decidi tudo, escrevi, escolhi o produtor. Eles refletiam o espírito da minha vida, os medos que eu tinha. As pessoas que me interessavam estavam sempre à beira de desmoronar, de perder o controle. Eu queria achar o meu lugar. Depois que adotei Julia fiz dois filmes um pouco diferentes, mais orientados para Hollywood, o “Borboleta Azul” e “Assunto de Meninas”. Eu não podia dizer não, mas esses filmes fizeram com que minha obra mudasse um pouco de direção. Acabei produzindo três documentários, mas me interesso mesmo por filmes de ficção.

Quais são os próximos projetos?

Um deles é um misto de documentário e ficção sobre mulheres encarceradas com filhos. Quero mostrar como são afetadas as famílias e os efeitos colaterais da situação em que vivem. São quatro histórias com personagens reais mas cada grupo vai representar uma história alheia, em vez da própria.

O outro projeto é um filme sobre as freiras do Québec, em 1967. A partir desse ano todas as escolas da região se tornaram laicas e as freiras ficaram sem saber o que fazer. Elas enlouqueceram. Esse filme será muito musical.

Uma retrospectiva sobre a produção do pintor e escultor suíço (1901-1966) Alberto Giacometti será aberta ao público no sábado, com mais de 300 obras na Pinacoteca do Estado em São Paulo. Junto com a exposição será lançado o livro Giacometti, pela editora Cosac Naify, organizado por Vèronique Wiesinger, também curadora da exposição e diretora da Fondation Alberto et Annette Giacometti, Paris.

É a primeira vez que todas as vertentes da obra do artista, considerado um dos mais imporatantes do século XX, será mostrada no Brasil. Mesmo sem nunca ter visitado a América do Sul, Giacometti, nascido em Borgonovo, cantão de Grisões, Suíça, expôs obras na Bienal de Arte de São Paulo em 1951 e 1965.

O pai de Giacommeti

, também pintor incentivou o filho a pintar desde cedo e sua primeiras obras retrataram a montanhas de Stampa, vilarejo próximo do lugar onde nasceu. Mais tarde fez os estudos em Paris, na

Acadèmie de la Grande Chaumière

e conviveu com personalidades como Simone de Beauvoir e Jean Paul Sartre, entre outros intelectuais.

São Paulo

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