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Assim os suíços se protegem contra a gripe suína

Regra número um contra a gripe suína: lavar as mãos várias vezes ao dia, como ensina uma professora em Basileia. Keystone

Uma política de informação clara à população, dicas práticas de higiene e proteção contra a doença, um amplo estoque de Tamiflu e a encomenda de 13 milhões de doses de vacina.

Estas são as principais medidas que as autoridades responsáveis pela saúde pública na Suíça adotam para enfrentar a pandemia da gripe influenza A(H1N1), a chamada gripe suína, esperada para os próximos meses.

Segundo a Secretaria Federal de Saúde (SFS), no outono europeu – período em que normalmente ocorrem ondas de gripe sazonal – poderão ocorrer entre 1 e 2 milhões de casos de influenza A(H1N1) e até 5 mil mortes em consequência dessa doença no país.

Até esta segunda-feira, 655 casos foram confirmados em laboratório (nenhuma morte) e 184 casos ainda estão sendo analisados.

Ainda que as previsões das SFS sejam assustadoras num país com apenas 7,5 milhões de habitantes e um sistema de saúde altamente desenvolvido, a autoridade ressalta que não quer criar pânico.

Segundo a SFS, a estratégia das autoridades suíças é conter a propagação do vírus A(H1N1) e tentar frear uma eventual pandemia. Essa estratégia é implementada através de cinco medidas práticas apresentadas a seguir.

1 ) Informação adequada a toda a população (possibilidade de prevenção, autoproteção e comportamento correto em caso de sintomas de gripe).



No final de fevereiro de 2009, a SFS publicou um novo “Plano de Pandemia Influenza para a Suíça”, que serve de orientação aos diversos atores (governos federal, estaduais, pessoas físicas e empresas) para se prepararem contra a pandemia.

Desde o final de fevereiro também está disponível o site oficial www.pandemia.ch (em alemão, francês, italiano e inglês). O site mostra como poderá ser o cotidiano em caso de pandemia e quais as regras a serem seguidas pela população para se proteger em casa, na rua ou no local de trabalho.

Além disso, a Secretaria Federal de Saúde publica quase diariamente comunicados sobre a situação da atual doença no país e no mundo em seu site www.bag.admin.ch/influenza, que traz ainda informações gerais sobre gripe pandêmica, gripe aviária (influenza H5N1) e gripe sazonal.

2) Dicas de higiene pessoal e precaução



As principais dicas publicadas pela secretaria já foram afixadas em forma de cartazes em muitas repartições públicas, instituições – escolas, hospitais etc. – e empresas (veja PDF na coluna à direita). São elas:

– lavar as mãos várias vezes ao dia com água e sabão, evitar beijos, abraços e aperto de mão
– tossir ou espirrar em lenço de papel
– jogar o lenço de papel usado no lixo e levar as mãos
– na falta de lenço de papel, tossir ou espirrar na parte interna do cotovelo
– usar máscaras de higiene (providenciar 50 máscaras por pessoa)
– se possível, manter distância de pelos menos um metro de pessoas infectadas.

3) Apelo à responsabilidade das pessoas infectadas



Segundo a SFS, quem tiver sintomas de gripe deve permanecer em casa ou no quarto de hotel (em caso de pessoas em viagem) até um dia após o desaparecimento desses sintomas.

Pacientes da gripe devem informar pessoas com as quais tiveram estreito contato (de menos de um metro de distância) até um dia anterior sobre o adoecimento e recomendar-lhes que observem atentamente seu estado de saúde.

Quem, apesar da gripe, tiver de sair de casa (por exemplo, para ir ao médico), deve usar máscara de higiene para evitar contágio de outras pessoas.

4) Garantir tratamento adequado



Os sintomas da gripe suína são muito parecidos com os da gripe comum: febre, tosse, garganta inflamada, dor no corpo, dor de cabeça, calafrios e fadiga – algumas vezes, diarréia e vômitos.

Segundo as orientações da SFS, pessoas com estes sintomas devem contatar por telefone um médico, que então decidirá se é necessário fazer uma consulta ou exame laboratorial. Os dois medicamentos recomendados pela SFS são o Tamiflu e o Relenza, ambos sujeitos a receita médica. “Não vá direto à emergência de um hospital nem tome antiviral por iniciativa própria”, recomenda a SFS.

A própria Secretaria dispõe de uma reserva emergencial para 10 mil tratamentos. Em junho passado, o governo suíço – que já dispõe de estoques de Tamiflu para tratar 25% da população – encomendou mais 40 mil pacotes de antiviral que ficarão guardados na farmácia do Exército para o caso de ocorrer escassez abrupta do medicamento. Além disso, Berna encomendou 13 milhões de doses de vacina contra o A(H1N1), prevista para chegar ao mercado no final d setembro/início de outubro, quando deverá haver uma vacinação em massa.

5) Medidas de saúde pública para reduzir a propagação do vírus em ambientes de pessoas com alto risco de complicação e/ou em situações de elevado risco de transmissão.



Pessoas com contato estreito com casos confirmados devem tomar durante sete dias após a exposição medidas adequadas para evitar uma possível transmissão do vírus a pessoas com elevado risco de complicações, como doentes crônicos, mulheres grávidas e bebês. Também os funcionários de hospitais tomam precauções: os 4800 do estado de São Gallo (nordeste) receberam pacotes de Tamiflu.

Além das recomendações básicas à população em geral, há orientações especiais, por exemplo, para empresas e escolas – que nesta segunda-feira reiniciaram o ano letivo em 11 dos 26 estados suíços. No retorno às aulas após as férias de verão europeu, todos os alunos recebem um folheto com o título “Gripe pandêmica – assim você pode se proteger”.

A aplicação das dicas nacionais difere um pouco de cantão para cantão. Na Turgóvia, por exemplo, a partir de hoje devem ser usadas somente toalhas de papel nos banheiros; alunos e professores têm de desinfetar as mãos antes da aula; e os trincos das portas são desinfetados várias vezes ao dia.

Em Zurique, os pais receberam uma carta do serviço médico escolar estadual com a recomendação de não mandar para a escola crianças com sintomas de gripe. Em Berna e em outros cantões, é proibido o aperto de mão.

Já as escolas de Solothurn, no centroeste da Suíça, por enquanto, se restringem a distribuir folhetos e dar conselhos. “Deve-se levar a gripe suína a sério, mas não superestimar seu risco”, disse o secretário municipal de Educação, Rolf Steiner, à rádio suíça DRS. A SFS pretende publicar nos próximos dias recomendações sobre um eventual fechamento de escolas em caso de pandemia.

Geraldo Hoffmann, swissinfo.ch

A Secretaria Federal de Saúde da Suíça também presta informações à população sobre a gripe influenza A(H1N1) pelo telefone especial +41 (0)31 322 21 00.

O atendimento é feito pelo Centro Suíço de Telemedicina (Medgate) em alemão e francês, de forma pessoal, e segue as regras do sigilo médico.

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