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O Parlamento suíço está cada vez mais polarizado

Palazzo federale
Ao longo dos últimos vinte anos, o Parlamento suíço inaugurou uma nova era de confrontação política e alianças instáveis entre as forças de direita, centro e esquerdas. Keystone/Anthony Anex

As posições das correntes de direita e de esquerda no Parlamento estão se afastando umas das outras. Os parlamentares seguem cada vez mais os requisitos de votação de seus partidos. Essa é a conclusão de uma avaliação dos congressistas nas duas câmaras do Parlamento feita pelo jornal zuriquenho Neue Zürcher Zeitung (NZZ).


A tendência de polarização na paisagem política da Suíça tem aumentado nos últimos 20 anos, ou seja, desde o avanço espetacular do Partido Popular Suíço (SVP). Na década de 1990, o então menor dos quatro partidos no poder guinou sua posição à direita do conservadorismo tradicional com uma linha anti-União Europeia e anti-estrangeiros, e assim conquistou grandes setores do eleitorado. Principalmente à custa dos dois principais partidos do centro histórico, o Partido Liberal Radical (FDP/PLR) e do Partido Democrata Cristão (CVP/PDC).

Desde 2003, o SVP tem sido a força mais forte no Parlamento, à frente do Partido Socialista (SP/PS). Depois disso, começou uma longa série de batalhas sobre a distribuição de assentos no governo federal (Bundesrat), que até então tinha sido distribuído de acordo com a chamada “fórmula mágica”: 2 FDP, 2 CVP, 2 SP e 1 SVP.

Os conflitos políticos também tornaram-se cada vez mais ferozes no Parlamento. Durante muito tempo, as relações entre os principais partidos foram marcadas por um espírito de concordância, uma vontade de trabalhar em conjunto para encontrar soluções de compromisso na medida do possível. No entanto, os últimos períodos legislativos foram marcados por alianças extremamente voláteis no Parlamento entre a esquerda, o centro e a direita.

A classificação parlamentar publicada há alguns dias no Neue Zürcher Zeitung mostra claramente o crescente fosso entre os pólos direito e esquerdo no período entre 1995 e 2017. Mas as posições dos partidos do centro também se afastaram umas das outras, com o nascimento de duas novas agremiações, o Partido Verde Liberal (GLP/PVL) e o Partido Democrata Burguês (BDP/PB).

Os autores do estudo apontam que, nessa nova era de confronto intensificado no Parlamento, os deputados e senadores estão cada vez mais alinhando suas posições com as do partido ou bancada.

Grafico da evoklução dos partidos políticos
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Na esfera eleitoral, só o SVP se beneficiou da polarização da arena política da Suíça. O partido ganhou 29,4% dos votos nas últimas eleições parlamentares de 2015 – um resultado que nenhum outro partido jamais alcançou.

À esquerda, observa-se uma combinação mais sustentada entre o SP e o Partido Verde (GPS), que, juntos, seguraram entre 25 e 30% do voto popular. No centro político, destaca-se em especial o declínio crescente dos eleitores do FDP e do CVP. Somente em 2015, os liberais conseguiram estancar a sangria.

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Adaptação: Eduardo Simantob

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