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Fosso entre as gerações aumenta na Suíça

Duas pessoas trabalhando com costura
Aposentados ajudando escolares: o projeto "Win3" foi criado pela associação de ajuda ao idoso Pro Senectute. © Keystone / Christian Beutler

Cinco gerações vivendo juntas na atualidade da Suíça: Os Maturistas (maduros) ou também chamados tradicionalistas, os babyboomers, e as gerações X, Y e Z. Dez diferenças geracionais interessantes foram compiladas na Suíça: como pensam os jovens em contraste com os mais velhos?

gráfico
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1. Carro próprio? Não, obrigado!

Um carro chique é um dos sonhos de todos os jovens, não é? Talvez também fosse assim na Suíça. Mas hoje um carro não é mais um dos objetivos de vida mais importantes dos jovens suíços. Na verdade, cada vez menos pessoasLink externo fazem a carteira de motorista.

Isto provavelmente não é apenas devido às diferenças de gerações, mas tem razões tangíveis: tornou-se extremamente complexo e oneroso obter uma carteira de motorista na Suíça. Ao mesmo tempo, o transporte público com ônibus noturnosLink externo foi ampliado no fim de semana, enquanto o estacionamento está se tornando cada vez mais caro, especialmente nas cidades. Possuir um carro na Suíça simplesmente não é tão atraente quanto costumava ser – ou como é em outros países.

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Veículo de auto-escola

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A carteira de motorista mais cara do mundo

Este conteúdo foi publicado em PLACEHOLDER O caminho para a carteira de motorista é longa e cheia de obstáculos. Mesmo antes de tocar o volante pela primeira vez, deve-se seguir uma série de formalidades. O(a) futuro(a) motorista deve primeiro realizar uma consulta com o oculista para determinar se sua acuidade visual é suficiente para dirigir. Ele ou ela também deve fazer um…

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2. Jovens querem (ou devem) compartilhar em vez de possuir

Car-Sharing, Uber, Airbnb, viver de forma comunal … Compartilhar ao invés de possuir (economia compartilhadaLink externo) parece estar em alta, especialmente para as gerações Y e Z. Mas o jornal suíço Neue Zürcher Zeitung, um jornal de Zurique, escreveu em um comentárioLink externo que os “Millennials” (ou geração Y, que é o nome dado à geração que nasceu na virada do milênio, entre o início dos anos 80 e final dos anos 90) não dispensam estes símbolos de consumo e status por considerações ambientais e sociais – a eles falta simplesmente dinheiro. Para a Geração Z, isso provavelmente não é diferente.

Imagem de um carro na rua
Veículo que pode ser alugado através do aplicativo “Catch a Car”, da empresa Mobility. Keystone / Georgios Kefalas

A escassez de dinheiro entre os jovens pode ser um problema menor na Suíça do que em outros países ocidentais. A tendência também se reflete em uma forma mais branda: de acordo com o Barômetro da JuventudeLink externo de 2018 do Credit Suisse, enquanto nos Estados Unidos 61% dos jovens inquiridos (16 a 25 anos de idade) utilizam um serviço de compartilhamento, na Suíça são 43%.

Referendos na Suíça fornecem bons exemplos de diferentes valores mantidos por gerações. Os jovens e os idosos estão frequentemente em desacordoLink externo quando se trata de temas como exército e política exterior, bem como questões de política social.

Por exemplo, de acordo com a análise da Vox, pessoas de 18 a 29 anos rejeitaram a iniciativa contra a imigração em massa (Masseneinwanderungsinitiative) em quase 60%; desta forma, eles não queriam nenhuma restrição à imigração. Os jovens talvez veem na livre circulação de pessoas com a EU (União Europeia) mais oportunidades profissionais e possibilidades, enquanto esta parece representar uma ameaça através da concorrência dos trabalhadores europeus para as pessoas que estão perto da aposentadoria.

As pessoas acima de 60 anos concordam, no entanto, com um modelo que queria abolir as desvantagens fiscais para casais, mas que ao mesmo tempo define o casamento como uma aliança entre um homem e uma mulher. Especialmente este último estava fora de questão para os jovens. A aceitação socialLink externo da homossexualidade aumentou nos últimos anos – especialmente entre os jovens urbanos suíçosLink externo de língua alemã.

A partir dos anos 1960, a casa própria se tornou muito popular na Suíça. Foram sobretudo as gerações de “maturistas” e babyboomersLink externo que construíram ou compraram casas unifamiliares. A partir dos anos 80 e 90, também os condomínios se tornaram popularesLink externo. No entanto, a taxa de propriedade suíça permaneceu baixa em relação aos padrões internacionais – a Suíça é uma nação de inquilinos.

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Un quartier de maisons avec une montagne derrière

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Casas, chalés, cooperativas ou espigões: descubra como moram os suíços

Este conteúdo foi publicado em A maioria dos suíços mora de aluguel. Em 2016, 2,2 milhões de lares viviam em um apartamento alugado e 1,4 milhão em um imóvel próprio. Desde 1970, a taxa de aquisição de imóveis vem aumentando constantemente na Suíça. Em 2017, o total de imóveis contava 4,47 milhões de moradias – e isso para 8,4 milhões…

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Por outro lado, de acordo com o estudo “Swiss Real Estate Market 2017Link externo“, do Credit Suisse, os jovens hoje costumam alugar apartamentos individuais.

Ao longo prazo, no entanto, os jovens também sonham com sua própria casa: em uma pesquisa da geração Y suíça, a posse da casa tem uma alta prioridade para 70% dos participantes do estudoLink externo.

Surpreendentemente, os muito jovens têm um desejo ainda maior para se estabelecer: de acordo com Barômetro da Juventude 2018Link externo do Credit Suisse, 84% da geração Z deseja uma casa própria (em comparação: EUA 90%, Brasil 94%, Cingapura 92%). Se eles podem pagar o aumento dos preços dos imóveisLink externo com salários estagnadosLink externo é outra questão.

5. Jovens são os maiores desperdiçadores de alimentos

Jovens são os maiores desperdiçadores de alimentoLink externos. As pessoas mais velhas sabem melhor como utilizá-los de outra forma.

Conteúdo externo

O desperdício de comida dos jovens surpreendeu. Pois as gerações Z e Y são realmente consideradas ecológicas (veja o próximo ponto).

6. Jovens preocupados com clima e meio ambiente

Também na Suíça os estudantes estão protestando nas ruas pela proteção do climaLink externo. A geração Z sacode a política com sua greve estudantil em toda a Europa. Fala-se na “Geração Greta”, de acordo com a ativista climática sueca Greta Thunberg. Também para a geração Y as mudanças climáticas e o aquecimento global estão entre as principais preocupaçõesLink externo nos países ocidentais.

Isso também fica evidente nas votações e plebiscitos: os jovens decidiram abandonar imediatamente a energia nuclear e adotaram a iniciativa para uma economia verde. Eles foram vencidos pelos mais velhos. Mas, para defender as gerações mais velhas, vale a pena mencionar que um grupo de idosos processou o Estado suíço por fazer muito pouco para combater o aquecimento global.

7. Jovens são mais motivados pelo desempenho do que os mais velhos

De acordo com um estudo de geraçõesLink externo na Suíça, da Universidade de Constança, a geração babyboomer está significativamente mais satisfeita com o seu trabalho do que as gerações X e Y. A geração Y é menos fielLink externo à empresa (onde trabalha) do que as gerações mais velhas, e eles pensam mais frequentemente sobre uma demissão. Para a geração Y um equilíbrio entre trabalho e vida pessoal é muito mais importante do que para as outras duas gerações.

Ainda assim a geração Y tem, de acordo com o estudo, a maior motivação, seguido de perto pela geração X. Os babyboomers mostram muito menos vontade de trabalhar, embora isso possa estar diretamente relacionado com a aposentadoria que se aproxima. Outra pesquisaLink externo descreve os babyboomers como uma geração muito inovadora e com vontade de aprender, que molda ativamente sua aposentadoria.

8. Jovens se preocupam com aposentadoria

Os jovens, ao contrário dos mais velhos, têm pouca confiança na provisão de pensão do Estado. Muitos também são da opinião de que os aposentados atuais são preferidos. Um entre cada cincoLink externo das pessoas da geração Y pensa que a aposentadoria deve ser privatizada.

Os jovens suíços estão ainda mais preocupados com a pensão/aposentadoria do que os jovens em outros paísesLink externo. E com razão. Embora o sistema de pensões suíço seja muito generoso, não é muito sustentável.Link externo

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O desafio da aposentadoria de uma população envelhecida

Este conteúdo foi publicado em Este ano é importante para o futuro do sistema de aposentadoria na Suíça.O parlamento discute a reforma da previdência para 2020 apresentada pelo governo federal. Em setembro, os eleitores votarão a iniciativa AVSplus, que propõe um aumento de 10% na aposentadoria mínima, chamada aqui de seguro velhice de sobreviventes (AVS). Um dos itens da reforma…

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9. Os suíços querem mais filhos

Cerca de 93%Link externo das mulheres e homens, entre 20 e 29 anos, que ainda não tem filhos, desejam ter filhos. Isso é mais do que as gerações mais velhas têm, na verdade, em número de filhos: cerca de sete em cada dez mulheres (70%) e quase dois terços dos homens (64%) com idades entre 25 a 80 anos são pais de um ou mais filhos.

Mas o desejo de ter filhos mudou pouco ao longo das gerações: na década de 1990, apenas 6,1% das mulheres e 8,9% dos homensLink externo com idade entre 20 e 29 anos de idade não queria filhos. Quando se trata do desejo de ter crianças não são as gerações que divergem, mas sim o desejo e a realidade.

10. A geração que permanece no “ninho”

Os jovens de hoje permanecem mais tempo com os paisLink externo do que os das gerações anteriores. Isto não só tem a ver com períodos de escolaridade mais longos e necessidade financeira mas, de acordo com uma pesquisaLink externo realizada pelo serviço de comparação Comparis, com a conveniência: a prole adulta estima a roupa lavada, a limpeza e o serviço de cozinha dos pais. Além disso, a geração jovem quase não tem conflitosLink externo com seus pais. Desta forma não há motivos para sair de casa.

Cegonhas no ninho
Abandonar o “ninho” ao chegar à idade adulta? Muitos jovens suíços não parecem ter pressa. Keystone / Winfried Rothermel

Entre em contato com a autora @SibillaBondolfi no FacebookLink externo ou TwitterLink externo.

Adaptação: Flávia C. Nepomuceno dos Santos

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