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Balança comercial suíça bate quarto recorde consecutivo

Leite suíço pronto para ser exportado para a Alemanha. Keystone

Balança comercial da Suíça teve superávit recorde de 14 bilhões de euros suíços em 2007, sem contar o setor de serviços.

Brasil está entre os países emergentes com os quais a Suíça mais intensificou suas relações comerciais no ano passado.

O comércio exterior da Suíça fechou o ano de 2007 com um superávit recorde de 14 bilhões de francos suíços, 15% a mais do que no ano anterior. As exportações atingiram 197,3 bilhões e as importações totalizaram 183,4 bilhões de francos suíços.

Pela segunda vez consecutiva, tanto as exportações quanto as importações aumentaram na casa dos dois dígitos, o que não acontecia há mais de 20 anos, segundo informou a Administração das Alfândegas (ADA), em Berna.

Sete de dez setores exportadores suíços aumentaram suas vendas ao exterior; metade deles registrou um crescimento das exportações entre 11 e 24%. O maior crescimento ocorreu na indústria alimentícia e de artigos de luxo, seguida pelas indústrias relojoeira e metalúrgica, tendo esta última registrado um aumento dos preços de 23%.

A indústria de plástico vendeu 12,5% mais produtos no exterior do que no ano passado, índice semelhante ao alcançado pelos setores de mecânica e eletrônica. Apenas as exportações de máquinas para a indústria gráfica e de papel, bem como as de telecomunicações recuaram (- 19%).

Recorde de exportação de relógios

Nunca antes a indústria relojoeira suíça vendeu tanto no exterior como em 2007. As exportações aumentaram 16,2% para 16 bilhões de francos – o maior crescimento dos últimos 18 anos. Cerca de 26 milhões de relógios de pulso saíram das fábricas do país.

Os maiores mercados para esse produto são os EUA, seguidos por Hong Kong e Japão. Os países em que mais aumentaram as vendas de relógios suíços foram a Rússia (+ 57,4%) a China (43%) e os Emirados Árabes Unidos (36,6%).

A indústria química, setor líder em exportações, registrou um crescimento de 10% das vendas no exterior. As exportações de instrumentos de precisão aumentaram 8%, ficando abaixo do índice do ano anterior.

Agronegócio brasileiro

As exportações para o Brasil cresceram 27,9%, atingindo a marca de 1,8 bilhão de francos. As importações de produtos brasileiros pela Suíça somaram 994 milhões de francos, um aumento de 28,6% em relação a 2006.

Dados históricos fornecidos por Zurwerra à swissinfo confirmam a tendência de um forte superávit suíço na balança comercial com o Brasil (veja o gráfico) – situação que se repete também em relação a Portugal.

Segundo a Administração das Alfândegas, quase a metade (49,46%) das exportações brasileiras para a Suíça foi de produtos agrícolas, florestais e de pescaria, seguidos pelos metais (28,8%) e produtos químicos (12,26%).

As importações suíças de carne e derivados do Brasil recuaram de 22,4 mil para 22,3 mil toneladas no ano passado, em função das restrições impostas pela União Européia à carne brasileira. Berna é obrigada a respeitar essas restrições devido aos acordos bilaterais com Bruxelas.

Já a pauta das exportações suíças para o Brasil é liderada pelo setor químico (64,51%), seguido pela indústria de máquinas, aparelhos e eletrônicos (18,61%), bem como pelos instrumentos de precisão, relógios e artigos de bijuteria (8,57%).

Foco nos países do Bric

No ano passado, a Suíça exportou 10% a mais para os países industrializados do que em 2006. O aumento de 11,7% das vendas para a União Européia compensou o fraco desempenho no Além-Mar (1,4%).

As vendas para os EUA estagnaram e as para o Japão recuaram. A demanda de produtos suíços nos países do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) aumentou em média 20%.

Segundo o diretor do Departamento de Estatísticas do Ministério das Finanças, Alois Zurwerra, esse crescimento se deve à dinâmica das economias emergentes e aos esforços políticos para estreitar as relações comerciais com esses mercados. “Os países do Bric estão no foco da política suíça”, disse à swissinfo.

Suíço pão-duro

Globalmente falando, a Suíça é um peixe pequeno. O país é responsável por apenas 1% a 2% das exportações mundiais. A Alemanha, que disputa com a China a liderança mundial nesse ranking, exporta oito vezes mais do que a Suíça.

No entanto, considerando a população de apenas 7,4 milhões de habitantes, os suíços exportaram 20% a 30% a mais per capita do que os “campeões mundiais” alemães.

É com a Alemanha – principal parceiro comercial da Suíça – que o país teve o maior déficit na balança comercial de 2007: cerca de 20 bilhões de francos. Um superávit folgado foi atingido nos negócios com os países emergentes, cuja concorrência é temida por alguns políticos suíços.

Os dados do comércio bilateral de mercadorias, embora politicamente significativos, não incluem o setor de serviços (bancos, seguradoras, turismo), que pode ter atingido um superávit de 40 bilhões de francos suíços em 2007, segundo as primeiras projeções. Também isso seria um recorde.

Esses recordes sugerem que as empresas suíças são internacionalmente competitivas. Mas, na avaliação do jornal Der Bund, por trás do saldo tradicionalmente positivo da balança comercial suíça há um outro fato: “o país economiza mais do que investe e consome”.

O lado positivo disso, segundo o jornal, é que a Suíça aumenta seu capital no exterior e cria uma reserva financeira para o futuro. O lado negativo é que a economia suíça cresce menos do que a do resto do mundo e faltam projetos de investimento no país.

swissinfo, Geraldo Hoffmann

A Suíça importou em 2007 mercadorias no valor de 183,4 bilhões de francos, nominalmente 10,9% a mais do que no ano anterior (crescimento real de 6,7%).
As exportações do país somaram 197,3 bilhões de francos, 11,2% a mais do que em 2006 (aumento real de 6,5%).
As importações de produtos brasileiros totalizaram 994,4 milhões de francos suíços, o que representou um aumento de 28,32% em relação a 2006.
Já as exportações da Suíça para o Brasil aumentaram 27,92% no ano passado, atingindo um volume de 1,865 bilhão de francos suíços.
No comércio com Portugal, a Suíça teve um superávit em torno dos 50%: exportou bens no valor de 1 bilhão de francos, um aumento de 9,2 % em relação ao ano anterior. As importações suíças de Portugal caíram 1,4%, restringindo-se a um volume de 507 milhões de francos.

Também a indústria armamentista lucrou com o boom das exportações suíças em 2007, atingindo o melhor saldo dos últimos 19 anos, de acordo com os dados da Administração das Alfândegas.

As exportações suíças de material bélico totalizaram 464,5 milhões de francos suíços no ano passado, 16,8% a mais do que em 2006, ficando atrás apenas do recorde de 1988.

O principal comprador foi a Alemanha, que adquiriu material de guerra suíço no valor de 62 milhões de francos, seguida pela Irlanda, a Dinamarca, os EUA e o Reino Unido.

Em sexto lugar aparece o Paquistão, com compras no valor de 37,5 milhões de francos. Trata-se do fornecimento do polêmico sistema de defesa antiaérea, que o Conselho Federal suíço aprovou em dezembro de 2006, mas suspendeu após a declaração do estado de emergência no Paquistão em novembro passado.

As exportações de material bélico para os Emirados Árabes Unidos mais do que decuplicaram, atingindo um volume de 6,6 milhões de francos. Por causa do planejado fornecimento de tanques suíços ao Iraque, as exportações para os Emirados chegaram a ser temporariamente embargadas em 2006.

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