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Copa do mundo também será de Vips

A exemplo do Maracanã, todos os novos estádios têm sua zona VIP. AFP

Gilmar Pinto Caldeira, CEO do Núcleo de Hospitality do Grupo Águia,
revela como funcionam as vendas dos chamados pacotes de hospitalidade (suítes, tendas com cardápio gourmet, quick massage e música) destinados a empresas, famílias ricas e celebridades para a Copa do Mundo 2014. Quanto aos suíços que vão ao Brasil, ele afirma: “O que posso dizer é que a Suíça, no início do ano, estava entre os 12 maiores compradores de tickets da Copa.”

Desde que ganhou a concorrência para a comercialização dos ingressos de hospitality da Copa do Mundo 2014, o Grupo Águia, com sede no Rio de Janeiro e escritório em São Paulo, tem uma missão clara.  Vender os tickets mais caros para o evento, ou seja, os pacotes de luxo que incluem os melhores assentos em suítes, em lounges privados, com direito a catering de primeira linha, música, segurança e tudo mais.  

Mas a história não acaba por aí. O Grupo Águia também é responsável por toda a logística necessária para atender esses clientes corporativos e abastados. Em função de tal missão, o Grupo criou uma unidade de negócios específica para o evento, o Núcleo Copa do Mundo 2014. No comando está o paulistano Gilmar Pinto Caldeira, executivo com longa trajetória no universo da publicidade e marketing, que explica a seguir os bastidores da operação, a relação com a Match Services AG, empresa com sede na Suíça, e suas expectativas para o evento.

swissinfo.ch: Qual o papel do Grupo Águia na Copa do Mundo 2014?

Gilmar Pinto Caldeira: Ao longo dos anos, a FIFA tem aprimorado a forma como prepara uma Copa do Mundo. Separa os ingressos dirigidos às empresas, que é o chamado setor de hospitality ou, em português, hospitalidade. Nós somos os representantes oficiais e exclusivos para a venda do Hospitalidade no Brasil (propriedade adquirida junto à Match Hospitality). O pacote Hospitalidade inclui ingressos em posições privilegiadas e serviços como catering e área de convivência. 

A outra propriedade que conquistamos é o fornecimento de logística para os clientes, tantos brasileiros como internacionais. Para isso, nós contamos com a Match Connections, empresa brasileira, que faz parte do Grupo Águia, e atende os clientes internacionais e a Planeta Brasil, que atende os brasileiros. Damos total suporte aos visitantes na hora de se hospedar, onde fazer as refeições, nas atividades de lazer e tudo mais.

AFP

swissinfo.ch: Como funciona essa parceria com a empresa Match?

G.P.C.: A Match, vale lembrar, é uma empresa internacional com sede em Zurique e Manchester na Inglaterra.  Depois de o Brasil ter sido escolhido como sede da Copa do Mundo 2014, a Match começa a preparar o país para o evento. Uma das providências é a abertura de uma concorrência para a comercialização de tickets hospitality. Para nos sentirmos mais fortalecidos nesse processo, especificamente para o serviço de hospitalidade, nos juntamos à Traffic Sports, que é a empresa de marketing esportivo mais conhecida no Brasil. Além disso, fechamos a parceria para diluir o risco financeiro da operação. Trata-se de uma projeto gigantesco. Vale ressaltar que mais do que garantia financeira, é preciso ter expertise para poder lidar com a Copa do Mundo, ainda mais no Brasil, que sediará a Copa de todas as Copas.

swissinfo.ch: Quais os tipos de pacote corporativo vendidos e quais são os preços?

G.P.C.: Existem seis tipos diferentes de produtos de hospitalidade. A oferta vai da suíte privativa, que inclui assentos posicionados logo a frente da suíte com excelente vista para o campo, seleção especial de alimentos e bebidas até as tendas, áreas compartilhadas adjacentes ao estádio e dentro do perímetro de segurança combinado com os melhores assentos de categoria. Ali estão disponíveis catering, área de lazer, música, quick massage.

O preço menor de uma suíte, de 10 pessoas, por exemplo, varia de 120 a 140 mil dólares. E aí é possível adquirir essa suíte pra três, quatro jogos ou para todos o jogos de uma determinada cidade. O ingresso, em média, para esses pacotes de hospitalidade está em torno de 2.100 dólares.

swissinfo.ch: Como foi a receptividade desses pacotes?

G.P.C.: Já vendemos aproximadamente 150 mil tickets do tipo hospitality. O Brasil deve ter uma participação de 60% a 65% na venda mundial. Ou seja, respondeu  muito bem à venda.  99% desses tickets são para empresas, que convidam clientes, melhores funcionários etc. Algumas famílias extremamente ricas (do Brasil e exterior) e celebridades também compram o ticket hospitality. Querem privacidade e atendimento especial.

swissinfo.ch: Quantas empresas suíças compraram pacotes para levar seus clientes à Copa?

G.P.C.: O que posso dizer é que a Suíça, no início do ano, estava entre os 12 maiores compradores de tickets da Copa. A compra de ticket é muito emocional. Existe sempre um movimento:  se o time vai bem nas eliminatórias, aumenta o número de vendas. Se o time vai mal, o torcedor espera o melhor desempenho.

swissinfo.ch: Não é de hoje que ouvimos reclamações dos preços e da qualidade da hotelaria do Brasil. Como o Grupo Águia administra os preços e a parceria com hotéis?

G.P.C.:  A Copa é evento muito grande, que movimenta pessoas, restaurantes, ônibus, vans, hotéis e aeroportos. O Brasil, no entanto, já faz esse tipo de operação com o Carnaval. São mais de 1 milhão de pessoas. As festas juninas do Nordeste são maiores que o Carnaval em número de pessoas. Independente de qualquer coisa,  teremos que estar prontos para atender esse povo todo. Para São Paulo, Belo Horizonte, Brasília ainda há disponibilidade de hotel. Não estou falando do Rio de Janeiro, que é a cidade mais crítica porque é a cidade escolhida pela FIFA para sediar toda a sua diretoria, a imprensa mundial e autoridades.

swissinfo.ch: Existem pessoas desistindo de ir ao Brasil em função dos preços…

G.P.C.: Os preços inflam mesmo. Em junho e julho já temos mais demanda com as férias escolares. O setor hoteleiro é igual em todo o mundo. Ele reconhece as oportunidades. Aumentou a procura, há mudanças nos preços. O preço hoje do Brasil assusta o estrangeiro. Não tanto o europeu, mas bastante o americano, em função da relação das moedas real e dólar. Mas aos poucos, os preços vão se acomodando. Se continuarem com os preços exageradamente altos, os hotéis acabam sem clientes. Então, aí há margem de negociação. Para os padrões mundiais,  a Copa está um pouco cara. Ao mesmo tempo, é a Copa mais bem sucedida em atratividade, em emoção. Afinal, somos o país do futebol.

swissinfo.ch: Como é a relação do Grupo Águia com os hotéis?

G.P.C.: Primeiro, os hotéis tem algumas restrições. Por exemplo, não adianta solicitar aos hotéis no Rio de Janeiro, nesse período,  uma estada de uma noite só. Não vai funcionar porque eles trabalham com a chamada estada mínima. E o preço é de nível internacional. Nós procuramos negociar. Usamos parâmetros anteriores. Garantimos um número mínimo de pessoas. Para ônibus e vans é a mesma coisa.

Além disso, estão sendo feitos treinamentos funcionais, voltados para a aplicação direta do conhecimento, do tipo como atender na porta de um hotel, como dirigir um taxi. Esse tipo de treinamento pouco existia no Brasil. Tem gente comprando van, gente alugando a casa para hospedar torcedores. Tem gente fazendo curso de inglês. Digo que tudo isso é um upgrade no turismo e, de uma maneira geral, do marketing brasileiro.

swissinfo.ch: A Match Services AG é a fornecedora oficial da Fifa de acomodação, ingressos e soluções de TI para a Copa do Mundo de 2014. Foi também a fornecedora da Copa de 2010 na África do Sul. Um estudo feito pelo jornalista sul-africano Rob Rose revelou a ocorrência de nepotismo, corrupção e falta de transparência na relação entre a Match e a FIFA, além de sobre-preço em hospedagem e outras denúncias. Como o senhor avalia tal afirmação?

G.P.C.: A Match não consegue coordenar o preço de um hotel. Pense em hotéis no Rio de Janeiro, como um Fasano ou Windsor Atlântica. Não há como controlar. O que a Match faz é intermediar a venda. O preço é do hoteleiro. A Match bloqueia hotéis porque se não tiver essa coordenação fica impossível a realização de uma Copa do Mundo. Quando o Brasil concorreu para sediar o evento, foi preciso apresentar o número de quartos disponíveis, número de restaurantes, frota de ônibus. No entanto, a Copa de Mundo sempre suscita todo tipo de notícia. E os suíços são muito severos com legislação e tudo mais. Então, eu não acredito. O que eu sei, vivendo hoje, é que os preços de hotelaria são, na verdade, praticados pelos hotéis. Aí, não há o que fazer.

swissinfo.ch.: Que recomendações o senhor dá para o torcedor suíço que irá ao Brasil em junho assistir aos jogos?

G.P.C.: O torcedor suíço, europeu ou americano encontrará um país amigável, receptivo. Fico imaginando o Brasil com bandeiras e cores. A Copa não tem aquela coisa dos times regionais, que ficam brigando entre si. Tem um clima maior de confraternização. Vamos fazer um esforço total para entender o gringo. O Brasil vai jogar muito bem. Quando o torneio acontece no país de origem do jogador, sabemos que ele vai dar o máximo de si. Além disso, a Copa vai reunir todos os outros oito campeões. E com certeza será o maior espetáculo do século.

Criado em 2004, o Grupo Águia é formado pelas marcas Top Service, G.I. (Grupo de Incentivo), Havas Creative Tours, Stella Barros, 4BTS, Lynx, Gray Line, MLG Brasil, Walpax e Núcleo da Copa do Mundo 2014 (MATCH Connections, ‘Hospitality’ e Planeta Brasil). 

Suas atividades abrangem vários segmentos da indústria do turismo como turismo de lazer, de esporte, receptivo, incentivo, corporativo, aviação executiva e live marketing. A empresa tem sede no Rio de Janeiro e possui escritórios em São Paulo.

 Para atender toda a demanda do Mundial, o Grupo Águia criou o Núcleo Copa do Mundo 2014, uma unidade de negócios única.  Em parceria com a Traffic Sports, o Grupo Águia possui os direitos exclusivos de comercialização de Hospitality (camarotes com serviços) para a Copa do Mundo de 2014. 

A MATCH Services AG é a empresa escolhida pela FIFA para fornecer tickets, acomodação e serviços de tecnologia de informação para  a Copa das Confederações na África do Sul em 2009, A Copa do Mundo na África do Sul em 2010, A Copa das Confederações no Brasil em 2013 e a Copa do Mundo 2014 no Brasil. A organização tem sede em Zurique, na Suíça.

A MATCH é uma subsidiária de propriedade integral da Byrom plc, que tem sede em Manchester, no Reino Unido.

A MATCH criou uma subsidiária integral, a MATCH Serviços de Eventos Ltda, para atuar especificamente no Brasil para a Copa do Mundo 2014. Coletivamente as 3 entidades são referidas como ´MATCH`.

Fonte

: Texto traduzido do website  www.match-ag.com

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