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BEA: a Suíça rural em exposição

Cavalos de raça são exibidos em Berna durante a BEA 2011. beapferd.ch

A BEA Pferd em Berna é uma das mais tradicionais feiras agropecuárias da Suíça. Porém longe de ser apenas uma exposição de animais, ela é também uma festa popular e palco para tradições que resistem à globalização.

Ao visitar sua 60° edição, swissinfo.ch descobriu porque os camponeses helvéticos são mais modernos do que parecem.

O primeiro sinal da BEA Pferd é a tradicional roda-gigante. Algumas semanas antes da abertura oficial, operários terminam sua montagem no grande terreno do centro de exposições de Berna, não muito distante do estádio de futebol de Wankdorf, onde a Alemanha ganhou a Copa do Mundo em 1954. Não apenas os expositores já estão há meses ansiosos, mas também a população do cantão de Berna, tradicionalmente marcado pela agricultura. Para muitos, a festa é o ponto alto do ano.

Quando finalmente foi dado o sinal de largada da 60° edição na última sexta-feira (29/4), centenas de pessoas aguardavam ansiosamente frente ao portal principal. Um grande número de vacas, bois e cavalos de raça já haviam sido escovados pelos proprietários, que não escondiam o orgulho de poder exibi-los à população. Alguns dos animais também irão participar dos vários concursos de beleza previstos para ocorrer durante os dez dias do evento.

Cercado por populares, o ministro da Economia, Johann N. Schneider-Ammann fez o tradicional discurso de abertura do representante de governo e conclamou os agricultores a investir em qualidade. “Desejo que os produtos suíços sejam simplesmente os melhores”, ressalta Ammann, explicando que esse é o caminho para enfrentar a concorrência mundial e justificar os preços mais elevados do que nos países vizinhos. Até 8 de maio, o último dia da BEA Pferd, os organizadores aguardam mais de 300 mil visitantes.

Orgulho de ser agricultor 

Ao contrário dos anos passados, a BEA Pferd não tem em 2011 um país convidado. Para simbolizar o retorno às “raízes”, os organizadores escolheram do Emmental para ocupar o principal pavilhão. Nele os visitantes degustam provas do famoso queijo dessa região agrícola do cantão de Berna, além de admirar outros produtos típicos como os biscoitos “Kambly”, trabalhos em marcenaria, as “Scherenschnitte”, imagens extremamente detalhistas cortadas em papel ou lutas em um verdadeiro ringue de “Schwingen”, um esporte que mais lembra o sumô japonês.

Porém muitos dos expositores não se limitam às tradições. Um pequeno estande no pavilhão dos bovinos exibe um produto pouco incomum para o local: diversos calendários com fotos de homens e mulheres em poses eróticas. Trata-se do “Calendário do agricultor”, publicado todos os anos e um sucesso comercial. Algumas mulheres se apressam em puxar as mãos dos maridos quando a curiosidade faz com que eles parem no local.

Poucos metros distantes, um grupo de jovens se reúne no estande do “jovem produtor” para discutir o futuro da profissão. Além das questões ligadas ao pacote de subvenções à agricultura, votado recentemente no Parlamento federal, outro desafio é a procura de esposas. “Quem quer casar hoje em dia um camponês?”, pergunta-se um bernês de 23 anos. Mas existe uma dica: ele e seus colegas revelam que a internet também já chegou ao campo para resolver esses problemas sentimentais como mostra um popular site de encontro mantido pelo portal dos “Agricultores Suíços” (ver link à direita).

No pavilhão das organizações, a Associação dos Agricultores Suíços mostra aos visitantes seu leque de medidas para sensibilizar a população ao trabalho do setor. Neles nenhuma forma de mídia é poupada. Em uma das campanhas mais conhecidas na Suíça, personalidades como a Miss Suíça 2008, Whitney Toyloy, ou o renomado arquiteto Mario Botta aparecem em cartazes declarando sua solidariedade: “Os agricultores suíços mantém a bola no pé”, afirma o goleiro da seleção Diego Benaglio. Outra campanha criativa é uma novela radiofônica sobre uma família de agricultores. Durante quase um ano ela será transmitida por sete rádios locais privadas.

Delícias do campo 

Porém uma das grandes atrações da BEA Pferd é a degustação de produtos do campo. Seja o leite com baunilha ou chocolate no estande da associação dos produtores – onde crianças também podem fazer seu próprio sorvete de iogurte – ou na Federação Suíça dos Produtores de Carne, que trouxe cozinheiros para explicar como preparar melhor o guisado à moda de Zurique.

Para os apaixonados pelos equídeos, a pedida é ver os desfiles diários de cavalos de raça. E o ambiente rural é completado para os que continuam no centro de exposições após o fechamento, às seis horas da tarde: diariamente grupos de música country organizam festas “faroeste”, onde alguns dos presentes estão vestidos à caráter.

E como em todas as feiras populares, o que não falta é badulaques para comprar, sejam pequenos objetos como facas que cortam legumes em diversos formatos ou casas pré-fabricadas. Porém a maioria dos presentes considera que, apesar dos ingressos caros, esta é uma verdadeira festa popular. Sobretudo quando, ao final, do dia, os membros de vários coros típicos se juntam para cantar no estilo iodelei sob o pôr do sol, acompanhados pelos sons das grandes trompetas de madeira, mais conhecidas como cornes dos Alpes.

BEA/Pferd é uma das mais tradicionais exposições agrícolas da Suíça. Ela é organizada anualmente em Berna, a capital do país.

Em 2011 ela ocorre na sua 60° edição. Paralelamente ocorre a 22° exposição de cavalos (Pferd).

Aberta oficialmente em 29 de abril, ela dura até 8 de maio. Principais temas: agricultura, culinária tradicional e artesanato do cantão de Berna.

Número de visitantes em 2010: 250 mil. Este ano os organizadores esperam um acréscimo de 50 mil.

Convidado especial: tradicionalmente a BEA convidada um país para a exposição. No ano passado o convidado especial era a Holanda e um ano antes o “universo”.

Em 2011 os organizadores dediciram voltar às “origens” e convidaram a região de Emmental (cantão de Berna)

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