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Berna

Durante a Eurocopa será instalado um telão na Praça Federal. Keystone

A "capital federal" ... Sob o peso das palavras, Berna lembra um funcionário meio adormecido. Mas, à sombra do Palácio Federal (sede do governo), a cidade medieval soube lidar com criatividade e dinamismo.

Berna é a capital da Suíça, embora a metade do planeta ache que seja Zurique e a outra metade, Genebra.

De longe vê-se o centro de Berna, a capital, com seu Palácio Federal, coberto por uma cúpula esverdeada, lembrando um grande chapéu de proteção. No edifício, de estilo conservador, estão sediados o Executivo e o Parlamento, reunindo o que os vizinhos do cantão de Vaud chamavam de “esses Senhores de Berna”.

É ali, na sua Praça Federal, que desfilam manifestantes das mais variadas espécies, em diferentes épocas do ano, e onde ocorre a famosa Ziebelmärit, feira anual da cebola, na quarta segunda-feira de novembro.

A cidade do governo

“Para mim, Berna é antes de mais nada a cidade do governo (uma cidade ‘chapa branca’, diriam os brasileiros) . Elegante, bem ajambrada, Berna é sede de muitas embaixadas… e de relativa calma. Acho que é a cidade que vai poder receber mais tranqüilamente os visitantes estrangeiros para assistir aos jogos da Eurocopa”, comenta Jacques Hainard, curador do Museu de Etnologia de Genebra.

É esta a idéia que tenho de Berna, com seus ursos que agora podem sair do fosso e recobrar a liberdade em novo parque!”, acrescenta o etnólogo. De fato, os ursos, muito queridos na capital suíça, (a palavra Berna viria de Bär, que significa urso, em alemão) devem brevemente poder sair do local onde se encontram e andar livremente no “Parque dos Ursos”, que se estende por uma área de dez mil metros quadrados. Símbolos precisam de espaço.

Mas os símbolos já não têm o mesmo peso. “Na estação ferroviária de Berna havia um letreiro com a palavra ‘Estação’ em quatro idiomas ( Bahnhof, Gare, Stazione, Staziun ). Mas acabou-se com isso, o que é significativo: a modernização do país já não reflete o quadrilingüismo suíço”, destaca o romanche Chasper Pult.

Steve Lee, cantor do grupo Gotthard prefere viajar por estrada… “Como Berna é a capital, torna-se centro do país, mesmo geograficamente. Todos os caminhos levam a Berna, como levam a Roma!”

E os berneses? Embora tenham fama de ser lentos, meio intelectuais, são mais sinceros, mais diretos que os helvécios de outras cidades da Suíça alemã. Isto é bom, porque se sabe quem se encontra na nossa frente”, diz Steve Lee, ele que, com o Gotthard, tem viajado pela Suíça inteira. “Meus amigos do cantão do Ticino não vão gostar, mas… o público mais caloroso é o de Berna. No rock é o público que nos dá maior satisfação.”

Museu ao ar livre

Da mesma forma que há a Berna federal, há também a Berna bernesa. Essa cidade antiga, integrada ao patrimônio mundial pela UNESCO, se estende até o bairro de ‘Matte’ à beira do rio Aar. É um recanto especial, dentro da capital, com vários quilômetros de arcadas.

“Quando posso andar sob essas arcadas, especialmente quando chove, descubro butiques dos mais diferentes lugares.” diz o humorista Emil Steinberger. “São butiques especializadas, criativas. E todas as vezes fico surpreso com as lojas e tendas que se podem descobrir em Berna. Espero que esse gênero de pequenas empresas consiga sobreviver, principalmente na parte baixa da cidade antiga.”

Mas Emil não passa o tempo todo esquadrinhando as lojas: “Para mim, Berna em seu conjunto é uma obra de arte. Agora que eles liberaram ruas do trânsito, a gente pode andar livremente no meio delas e admirar suas casas magníficas.

Tudo é relativo

Por trás das fachadas “bonitas” e “tranqüilas”, os cérebros trabalham. Há muito tempo, a cidade se tornou conhecida pelos progressos em tecnologia médica. E, em particular, o Instituto de Física da Universidade de Berna se destaca fornecendo regularmente instrumentos de pesquisa e resultados experimentais às missões da NASA e à Agência Espacial Européia (ESA).

Pois foi exatamente nesse contexto de cérebros em ebulição que Albert Einstein, morador da Kramgasse 49 (artéria importante da cidade antiga), descobriu que E=mc2.

Chasper Pult evoca essa inventividade em outro plano ao lembrar que, “como ocorre com freqüência, a aparência não corresponde necessariamente à realidade… Berna é uma cidade tranqüila, administrativa. Mas, sob a superfície, há sempre uma grande energia criativa. Isto já se constatou através da poesia e da música em dialeto bernês, que se tornou uma verdadeira tradição musical.”

Opinião compartilhada por Steve Lee que, no entanto, canta em inglês, contra noventa por cento dos grupos berneses que cantam em dialeto. E, com freqüência, são textos profundos, poéticos, às vezes humorísticos, que visam mudar o mundo. Berna tem uma verdadeira dimensão intelectual”, constata.

«S’git lüt die würde alletwäge nie
Es Lied vorsinge so win j itz hiä
Eis singe um käi prys nei bhuetis nei
Wil si Hemmige he»

… já cantava Mani Matter antes que um outro bernês, Stephan Eicher, seguisse o exemplo…

swissinfo, Bernard Léchot
(Colaboraram Luigi Jorio et Marc-André Miserez. Tradução de J.Gabriel Barbosa)

Destruído em 2001, o célebre Estádio do Wankdorf cedeu o lugar ao Estádio da Suíça, que continua sendo a sede do BSC Young Boys. Ele tem capacidade para 32.000 espectadores.

No Estádio da Suíça realizam-se 3 partidas da primeira rodada da fase final da Eurocopa de 2008:
– Holanda x Itália (segunda, 9 de junho, às 20:45 h)
– Holanda x França (sexta, 13 de junho, às 20:45 h)
– Holanda x Romênia (terça, 17 de junho, às 20:45 h)

Projeções em enormes telões estão previstas na Praça Federal (Bundesplatz, em alemão) e na Weisenhausplatz. A Fan Zone (zona dos torcedores) ficará no alto da cidade antiga.

Berna, a capital federal, está situada no centro-oeste do país, nos meandros do rio Aar. Cidade de língua alemã, ela é, no entanto, a capital de um cantão bilingüe (alemão-francês).

A cidade tem 122 mil habitantes. E o conglomerado bernês que reúne 35% da população cantonal, totaliza 957 mil habitantes.

Como capital política do país, Berna sedia o governo e o Parlamento.

A cidade antiga de Berna – arcadas, ruelas pavimentadas, fachadas decoradas – figura, desde 1983, na lista do patrimônio mundial da UNESCO.

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