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Biden pode reaproximar os EUA do mundo?

Imogen Foulkes

O que os próximos quatro anos reservam para os EUA e, na verdade, para o mundo inteiro? Da minha perspectiva em Genebra, a eleição de Joe Biden levanta questões sobre o que a nova presidência significará para os direitos humanos, o multilateralismo e todo o sistema das Nações Unidas.

Você conseguiu dormir na primeira semana de novembro? Certamente não muito. A eleição dos EUA dominou todo o planeta ao que parecia, por dias a fio. Fiquei pensando que, se ficasse acordada até tarde ouviria sobre algum estado crucial ser pintado de uma cor ou outra ou, se acordasse cedo, os resultados finalmente apareceriam. Terminei a semana sem dormir e me perguntando por que prestamos tanta atenção em uma eleição a milhares de quilômetros de distância.

Claro que há uma resposta fácil para isso: são os Estados Unidos, estúpida. O que os EUA fazem e quem tem assento na Casa Branca tem um efeito profundo em todas as nossas vidas. E a ausência dos EUA, como vimos na Síria, abre espaço para outros atores, a Rússia por exemplo, flexionar seus músculos geopolíticos.

E assim, quando uma personalidade que divide tanto as opiniões e é tão imprevisível, como Donald Trump se torna presidente, nossa atenção se concentra ainda mais no que está acontecendo na Casa Branca. Desde as tempestuosas coletivas de imprensa noturnas até a torrente de tweets, temos seguido cada reviravolta nesta administração, não apenas porque é fascinante, mas porque realmente é importante para o mundo.

Então, agora que Trump está de saída (gritando e se esperneando talvez, mas sua saída da Casa Branca é agora claramente inevitável) estamos de volta à planície iluminada pelo sol? 

Será que Biden apertará o botão de reset e nos levará de volta à era pré 2016?

O professor Jussi Hanhimaki do Instituto de Pós-Graduação de Genebra, Peggy Hicks, diretora do Escritório de Direitos Humanos da ONU, e nosso analista Daniel Warner se juntaram a mim para uma discussão sobre o que os próximos quatro anos poderão significar para Genebra, os EUA e o mundo.

Peggy Hicks tem grandes esperanças de que os EUA voltem a se engajar nos direitos humanos com, como ela sugere, certa humildade. “O apoio aos direitos humanos tem que começar em casa”.

Jussi Hanhimaki, no entanto, adverte contra esperar demais, apontando que “a América em primeiro lugar nunca esteve fora da agenda.”

E Daniel Warner avisa que, apesar das promessas de combate às mudanças climáticas e à pandemia de Covid 19, o novo governo tem sido bastante silencioso sobre outras questões importantes e relevantes de Genebra. “Nem Biden nem Harris se manifestaram a favor das Nações Unidas como sistema.”

O multilateralismo está de volta nos trilhos?

Concordamos que a questão para os próximos quatro não é se os países se comprometerão novamente com o multilateralismo, mas se esse compromisso visa genuinamente servir o mundo inteiro, ao invés de apenas as nações individuais que escolherem se engajar.

É uma discussão fascinante e espero que você dedique algum tempo para pensar conosco sobre o futuro do multilateralismo (em inglês).

O que me leva a outro tópico. Se você é um ouvinte de podcasts em inglês aqui trago uma notícia que pode interessar. Com a aproximação de 2021, nossa equipe do podcast Inside Geneva está à procura de tópicos importantes. Já sugerimos algumas: estaremos iniciando uma nova série ocasional sobre tratados que mudaram nosso mundo, conversando com as pessoas que os negociaram e com aquelas cujas vidas melhoraram por causa deles. 

Existem centenas de tratados por aí, alguns assinados há milênios, outros apenas desde o início deste século. Quais estão perto do seu coração? A Convenção de Basileia sobre Resíduos Perigosos, talvez? Ou a Convenção Internacional sobre a Pesca da Baleia? Ou que tal a primeira Convenção de Genebra, em 1864? 

E, à medida que a aparentemente eterna pandemia de Covid 19 continua, estamos interessados ​​em ver como esse evento sísmico está afetando o trabalho humanitário e, principalmente, o financiamento. Se você é uma organização não governamental que enfrenta grandes desafios financeiros nos próximos meses, entre em contato, estamos ansiosos para ouvir sua opinião e até mesmo tê-lo conosco no podcast.

E, em geral, não hesite em nos enviar seus comentários, feedback e sugestões para o Inside Geneva. É um podcast projetado para incluir todas as vozes da Genebra Internacional e da comunidade humanitária global, transmitido em inglês e disponível no site do swissinfo.ch.

Adaptação: Clarissa Levy

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