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Brasil tempera Festival de Montreux

Jair Oliveira, filho de Jair Rodrigues, tocou no sábado na noite brasileira do Festival de Montreux. Montreux Jazz Festival

Durante três dias a música brasileira deu o tom no 37o Festival de Jazz de Montreux.

Não só as estrelas da MPB dominaram a cena na pequena cidade às margens do lago de Genebra.

O clima tropical vivido no Festival de Jazz de Montreux não é apenas graças ao verão europeu. Apesar do nome, o evento é um espaço tradicional para a música popular brasileira.

No 37° ano do Festival, a MPB ganhou mais espaço ainda com três noites no programa oficial, ao invés de duas, como de costume. Na abertura da primeira noite (Chico Cesar, Gilberto Gil e Maria Bethânia), o fundador e diretor do Festival, Claude Nobs, brincou que poderia fazer um festival inteiro só com música brasileira.

Seus artistas não tinham apenas o espaço nobre das principais salas de exibição, mas também nas ruas, nos bares e até em lugares insólitos como o lago Léman.

Trio-elétrico no lago Léman

No sábado e domingo, os navios a vapor que normalmente levam turistas orientais para admirar o famoso cenário suíço de águas cristalinas e montanhas, haviam se transformado em trio-elétricos flutuantes.

Lotados, o “Samba Boat” e o “Brazil Boat” levaram animados foliões, que dançavam os fortes ritmos brasileiros e refrescavam-se do calor em generosas doses de caipirinha.

Na programação oficial da 37a Edição do Festival de Jazz de Montreux, o Brasil foi o tema principal durante três noites.

A primeira noite (11 de julho), intitulada “Gala Night”, teve Chico César, Maria Bethânia e Gilberto Gil, que havia sido anunciado solenemente no site oficial do festival como ministro da Cultura do Brasil e não apenas como um veterano freqüentador dos palcos de Montreux.

Talvez por isso mesmo, e para evitar perguntas políticas, Gil não concedeu entrevista à imprensa, em Montreux.

Jair Rodrigues: vozeirão em Montreux

A programação brasileira de sábado (12 de julho) foi curiosamente batizada de “Brazil Fiesta”. Nesse dia, uma família inteira veio tocar em Montreux: Jair Rodrigues e seus filhos Luciana Mello e Jair Oliveira. O show foi completado pela banda de forró “Falamansa” e pelo grupo de reggae carioca “Cidade Negra”.

Jair Rodrigues participou pela segunda vez do Festival de Montreux e merece entrar nos anais do evento. Ao subir no palco, o cantor brasileiro ainda trajava um clássico terno e gravata.

Porém o público suíço deve ter se espantado ao ver esse músico de 64 anos jogar suas roupas para o alto, entreabrir a camisa e soltar o famoso “vozeirão” nos clássicos como “Não Deixe o Samba Morrer”, “Deixa Isso Pra Lá” e “Boi da Cara Preta”. Durante vinte minutos, Jair Rodrigues pulou, sambou, cantou e ainda teve tempo para beijar e abraçar o público, para desespero da segurança de palco.

O domingo (13 de julho) foi o dia especial do músico João Gilberto e do trio-projeto M2S. O trio foi criado para homenagear o compositor Antonio Carlos Jobim. Seus músicos também são figuras tarimbadas como o pianista Ryuichi Sakamoto e o celista Jacques Morelenbaum e sua esposa e cantora Paula Morelenbaum.

Brasil: da capoeira à bíblia

A presença brasileira em Montreux não se reduzia aos palcos. Na orla do lago Léman, grupos de capoeira como o “Capoeira das Gerais” se apresentaram para os passantes. Até mesmo um dos palcos de shows gratuitos havia sido ocupado por um grupo de evangélicos do Brasil. Todos seus integrantes carregavam camisetas com inscrições como “Jesus loves you”. Sua banda tocava pagode e samba-reggae. Os intervalos eram preenchidos por histórias bíblicas.

Até 20 de julho quando termina a 37a edição do Festival de Jazz de Montreux, os organizadores esperam ter um público de 220 mil pessoas e de 90 mil pagantes.

Swissinfo, Alexander Thoele e Claudinê Gonçalves, em Montreux.

– Festival de Montreux está na 37a edição.

– Música brasileira teve três noites este ano, pela primeira vez.

– Cerca de 220 mil pessoas estarão em Montreux até o encerramento do Festival, dia 20 de julho.

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