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Câmaras de comércio promovem expansão de negócios

Muitas das exportações e importações passam pelo porto de Basiléia, no rio Reno. Keystone

A Suíça tem atraído empresas estrangeiras em expansão já que oferece condições favoráveis para o estabelecimento de negócios no país.

O papel das câmaras de comércio é intermediar as relações no comércio bilateral quando o assunto é exportar, importar, buscar parceiros, conseguir informações sobre o sistema tributário, e, finalmente, estender a rede de contatos que possibilitam novos negócios.

Algumas câmaras de comércio auxiliam empresas estrangeiras que querem investir na Suíça e vice-versa. Porém não todas atuam nos dois sentidos. Quando esse é o caso, indicam ao empresário interessado onde é possível conseguir mais informações.

Movimentação

O trabalho das câmaras de comércio que atuam no comércio bilateral entre Suíça e Brasil tende a crescer nos próximos anos. Uma das razões é a estratégia que a Suíça definiu para os países do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) tornando o Brasil prioritário nas relações comerciais com a Suíça na América Latina.

O Brasil representa 35% dos negócios suíços na região, segundo Denise Ortega, uma das responsáveis pela área de desenvolvimento de negócios da Swisscam, sediada em São Paulo. “O número de consultas que recebemos de empresas brasileiras interessadas em fazer negócios com a Suíça ou vice-versa tem aumentado a cada ano”, explica Ortega. “Em 2007 foram 1112 solicitações”, completa.

Os setores nos quais as importações da Suíça são mais intensas são o farmacêutico e químico, máquinas para diversos ramos da medicina, gráficas e indústria mecânica. Em contrapartida, o Brasil exporta para a Suíça principalmente alumínio, pasta química de madeira, suco de laranja e carne, segundo os dados da Swisscam.

Investimentos na Suíça

Empresas brasileiras de grande porte e de diversos setores, como a mineradora Vale do Rio Doce, Aracruz Celulose, Votorantim (que atua em vários setores, entre eles o de papel e celulose, químico, metais e agroindústria) Suzano (papel e celulose), Coimex (açúcar e etanol) e a Vicunha Têxtil têm ampliado operações internacionais a partir de subsidiárias suíças.

Além de vantagens tributárias em relação a outros países europeus, localização central e a possibilidade de chegar aos clientes em poucas horas, boas condições de infra-estrutura são fatores que atraem empresários brasileiros ao país helvético. Mas não só as grandes estão na mira dos investidores.

Desde 2008, o Business Hub Brazil, sediado em São Paulo e ligado à Osec (Business Network Switzerland) e à Embaixada da Suíça, atua na área de promoção de investimentos na Suíça. “As possibilidades estão ainda nos setores médico e de biotecnologia, assim como a IT (Information Technology)”, afirma Roland Rietmann, diretor do Swiss Business Hub Brazil. Ele conta ainda que principalmente nos últimos dois anos foi identificado um crescente interesse de pequenas e médias empresas suíças no mercado brasileiro. “Muitos deles tinham, no princípio, idéias errôneas sobre a realidade brasileira, que de fato vai muito além do futebol, carnaval e belas praias”, acrescenta Rietmann.

Melhores condições

Apesar das condições favoráveis como leis claras, bom sistema de comunicação e transporte na Suíça, os brasileiros encontram ainda entraves para a exportação de produtos agrícolas para o país, que cobra altas taxas de importação sobre os mesmos. A desvantagem é grande já que 40% das exportações brasileiras são feitas com esse tipo de mercadoria. “Adicionalmente, a Suíça determina cotas de importação de alguns produtos agrícolas para proteger o mercado mesmo quando em outros países, os produtos são produzidos com respeito ao meio ambiente e com menos custos”, afirma Denise Ortega, da Swisscam.

As empresas suíças também enfrentam problemas no Brasil. Altas taxas de importação para produtos manufaturados, alfândega rígidas, burocracia extrema, corrupção e greves de órgãos governamentais. “As normas de importação mudam freqüentemente e sem aviso prévio”, acrescenta Denise Ortega. Além disso, produtos cosméticos, farmacêuticos, alimentícios e aparelhos médicos devem ser registrados na Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Anvisa, o que, freqüentemente pode demorar até dois anos.

Dificuldades como estas podem ser superadas no futuro com acordos para evitar a dupla tributação, redução de taxas, combate à corrupção e melhora nos procedimentos de importação e logística

Portugal

Nas relações comerciais entre Suíça e Portugal, o balanço positivo fica para o país helvético. Os produtos que a Suíça importa mais são têxteis, de vestuário e calçados, em primeiro lugar. Em seguida ficam os produtos agrícolas e de pesca. Segundo o secretário Geral da Câmara de Comércio e Indústria Suíça em Portugal, Camsuíça, Charles Kaufmann, as possibilidades de investimento dos portugueses na Suíça estão no setor de serviços. “Em Portugal, há muitos anos, é possível usar um cartão de banco para realizar diversas operações como chamadas telefônicas e compra de ingressos para eventos entre outras coisas”, explica Kaufmann. “Sistemas como esse poderiam ser implantados na Suíça”, completa. Além da prestação de serviços, outras oportunidades estão também no setor de turismo e comércio segundo o consultor Johannes Rückert, da Ecovis Comark, Ltda.

Suíça oferece segurança a investidores latino-americanos

As relações comerciais entre países latino-americanos e suíços têm crescido nos últimos cinco anos. Cerca de 60% das exportações suíças para América Latina são feitas para Brasil e México, sendo cerca de um terço deste total para o Brasil. Estes são os parceiros comerciais, mais significativos na região, segundo o relatório de relações e econômicas entre Suíça e América Latina, divulgado em junho deste ano pela Secretaria Federal de Economia da Suíça, SECO.

O aumento na intensidade do comércio entre Suíça e América Latina pressupõe o conhecimento de uma série de fatores que os empresários dos países em questão devem levar em consideração antes de começar uma empreitada de investimentos em um país estrangeiro. Nesta etapa entra o trabalho da Latcam, a Câmara de Comércio Latino-americana na Suíça. “Ninguém quer investir em um país que não conhece”, diz Richard Friedl, presidente da Latcam.

Intercâmbio

A primeira coisa que se faz quando um empresário latino-americano deseja investir na Suíça ou vice-versa é colocá-lo em contato com advogados que conhecem o país onde será feito o investimento. Segundo Friedl, nessa fase são elaboradas as premissas, avaliadas as chances e os requisitos do negócio. “É preciso conhecer a mentalidade nos negócios de onde se vai investir”, explica. Para isso a câmara oferece a seus membros palestras e apresentações sobre temas ligados ao comércio dos países latino-americanos, nas quais são veiculadas informações sobre economia e política latino-americana voltadas aos assuntos relevantes para empresários suíços e publicação de boletins. Além disso, a câmara apóia empresas suíças na América Latina, e latino-americanas na Suíça, na preparação, lançamento e expansão de atividades.

Suíça como país atrativo

Os investimentos estrangeiros na Suíça são, em maior parte, europeus, porém Richard Friedl afirma que a Suíça é um país atrativo também para investimentos latino-americanos. “A Suíça tem infra-estrutura, comunicação, paz e trilhos”, diz.
“Além disso, não há intervenção do governo, as leis e os impostos são muito claros e a mão-de-obra é qualificada”, completa o presidente da Latcam. Ele aposta no Brasil, México, Chile, Peru e Colômbia como principais países investidores no país helvético.
“A Suíça oferece muita segurança”, completa.

O crescimento dos investimentos de países latino-americanos no estrangeiro se deve também ao contexto de integração econômica por meio do livre comércio. Segundo o relatório do SECO, os negócios latino-americanos se beneficiaram da eliminação de barreiras, e economia de escala, porém ainda é necessário haver mais progresso nas relações entre grupos sub-regionais para abrir mais mercados.

swissinfo, Heloísa Broggiato

– Apesar do crescimento nas relações comerciais entre Suíça e América Latina, as exportações para países latino-americanos representam apenas 2,7% do total exportado pela Suíça e 1,3% do total importado pela Suíça na mesma região, segundo o relatório de relações e econômicas entre Suíça e América Latina, divulgado em junho deste ano pela Secretaria Federal de Economia da Suíça, SECO.

– Segundo a Swisscam o comércio bilateral entre Brasil e Suíça cresceu 170% nos últimos dez anos.

– De acordo com a Secretaria de Comércio Exterior do Brasil, SECEX, o Brasil exportou para a Suíça 846 milhões de dólares e importou de lá 1,33 bilhão.

– Segundo o Banco Central do Brasil, a Suíça está entre os 15 países que mais investem no Brasil, com investimentos diretos que totalizam de 2000 a 2006 o valor de 5,1 bilhões de dólares.

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