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Casa da Moeda do Brasil compra máquinas suíças

A KBA está crescendo em mercados como China, Índia e Brasil.

Reconhecida internacionalmente, a excelência suíça na produção de cédulas e outros impressos de segurança começa a conquistar o mercado brasileiro.

Vencedora do processo de licitação pública aberto pela Casa da Moeda do Brasil para a compra de novas máquinas destinadas à impressão de papel-moeda, a empresa KBA-Giori, sediada em Lausanne, fechou um negócio de R$ 240 milhões e firmou sua presença em uma região onde a demanda por impressos de segurança tende a crescer.

A Casa da Moeda do Brasil utiliza para a impressão de suas cédulas as mesmas máquinas há três décadas. Mesmo não podendo ser considerado obsoleto, esse maquinário não atende a diversos novos itens de segurança que foram desenvolvidos e adotados pelos produtores de papel-moeda nos últimos anos. Nesse contexto, a parceria com a KBA-Giori significará um salto de qualidade para a produção brasileira.

As vantagens técnicas da parceria são analisadas pelo presidente da CMB, Luiz Felipe Denucci: “As novas máquinas introduzem o processo de impressão em offset úmido, que possibilita fundos de segurança anticópias com linhas mais finas e microtexto mais bem definido. A nova tecnologia também possibilita o uso de tintas especiais com variações óticas, além de reduzir em 30% o consumo de tinta calcográfica e conferir maior relevo no impresso”.

A segurança é o mais importante, mas Denucci ressalta também o aspecto estético: “O novo maquinário proporcionará o uso de um maior número de cores e ainda a justaposição das mesmas em artes mais detalhadas e com maior definição. Essa tecnologia agrega à cédula alguns elementos especiais, como hologramas, vernizes e tintas oticamente variáveis”.

O presidente da CMB avalia que “a tecnologia avançada e o melhor preço” foram os elementos determinantes para que a KBA-Giori vencesse o processo de licitação pública internacional. Agora, a expectativa é pela chegada das máquinas ao Brasil: “A primeira linha de máquinas impressoras chegará à CMB em outubro. Elas entrarão em operação em março de 2010”, afirma Denucci.

Intercâmbio

A nova parceria permitirá também uma maior aproximação dos profissionais da CMB com a empresa suíça. Um grupo de brasileiros partirá em breve para Lausanne para acompanhar os últimos testes dos equipamentos e os detalhes para a liberação do embarque do maquinário para o Brasil: “Além disso, profissionais da CMB serão oportunamente treinados na operação dos novos equipamentos”, diz o presidente.

A CMB não tem uma estimativa exata de qual será o aumento da produção de cédulas com a chegada das novas máquinas vindas da Suíça, pois o ritmo de emissão de papel-moeda atende à demanda determinada pelo Banco Central do Brasil.

No entanto, é certo que esse aumento acontecerá, não apenas pela maior eficiência dos novos equipamentos como também pela estratégia de expansão da CMB: “Estamos nos preparando para voltar ao mercado externo, com foco nos demais países da América Latina e nos países da África Subsaariana”, afirma Luiz Felipe Denucci.

Alta tecnologia

Por respeito ao contrato com a CMB, a KBA-Giori informa que prefere não revelar detalhes sobre o funcionamento das máquinas vendidas ao Brasil.

De toda forma, a presença de equipamentos desenvolvidos pela empresa suíça em feiras e exposições realizadas nos últimos anos dá uma medida de sua capacidade tecnológica e explicam porque a KBA-Giori é líder mundial no setor de impressos de segurança como cédulas e cartões de crédito, entre outros.

Exemplo dessa liderança é a “Cédula Júlio Verne”. Em uma demonstração da tecnologia disponibilizada por suas máquinas, a KBA-Giori encomendou ao renomado designer de cédulas Renato Manfredi a confecção de uma “cédula especial” que, inspirada pelos trabalhos do escritor francês, incorpora 90 características de segurança, como marcas d’água, mistura de cores, selos e gravação latente no verso da cédula.

A “Cédula Júlio Verne” foi produzida pela KBA-Giori em Le Mont, com a máquina Super Simultan IV, primeira impressora offset plana do mundo a produzir cédulas em dez cores.

Outras máquinas produzidas com a tecnologia da empresa suíça, como a NotaScreen II ou a OptiNota H, introduziram inovações em termos de impressão de segurança como gravações de múltiplas profundidades, características de tons duplos e múltiplos, hologramas e kinegramas e impressões screen com aplicação de tintas oticamente separadas.

Relação antiga

A KBA-Giori nasceu em 2001, resultado da fusão da empresa suíça Giori Organization com a empresa alemã Koenig & Bauer AG. A relação entre as duas empresas, entretanto, é bem mais antiga e remonta a 1952, quando suíços e alemães assinaram um acordo para a produção em conjunto de impressoras de segurança. Dessa parceria nasceu a primeira impressora intaglio multicolorida para a impressão de cédulas bancárias.

Atualmente, a holding KBA emprega cerca de 8,5 mil pessoas em diversos países. Além da suíça Giori, outras empresas que passaram a integrar o grupo foram a Mödling AG (Áustria), a Grafitec (República Tcheca), a Metronic AG (Alemanha) e a MetalPrint (Alemanha).

O grupo de vendas da empresa, responsável pelo primeiro contato com a Casa da Moeda do Brasil, também está presente em países como Estados Unidos, Canadá, França, Inglaterra, Dinamarca, Rússia, Austrália, China, Malásia e Cingapura, entre outros.

Maurício Thuswohl, swissinfo, Rio de Janeiro

A Casa da Moeda do Brasil foi fundada em 1694, ainda na época do Brasil colônia, para atender aos interesses financeiros de Portugal. Devido a sua função essencial, a casa sobreviveu à Independência, à Proclamação da República e a outras transformações históricas na realidade brasileira.

Em 1695, a CMB foi responsável pela produção das primeiras moedas cunhadas em solo brasileiro. Eram moedas de ouro e prata, conhecidas como patacas, com valores que variavam de vinte a quatro mil réis. As moedas eram então cunhadas em Salvador, e a matéria-prima para sua confecção vinha de Minas Gerais.

O conhecimento acumulado pela CMB permitiu que em 1843 o Brasil, mesmo na condição de subdesenvolvido, fosse o terceiro país do mundo a possuir um selo postal, logo depois de Inglaterra e Suíça. O selo, batizado como “Olho de Boi”, foi produzido com a técnica conhecida como intaglio, que naquela época poucos dominavam.

Atualmente subordinada ao Ministério da Fazenda e ao Banco Central do Brasil, a CMB oferece uma lista de produtos que, além das cédulas e moedas, inclui passaportes, selos fiscais e postais, bilhetes magnetizados e cartões de telefonia, entre outros.

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